Protagonizado por The Rock, ou Dwayne Johnson (como preferirem), que vem fazendo uma sequência de filmes nos últimos tempos, temos essa semana em cartaz o Arranha-Céu, dirigido por Rawson Marshall Thurber. Venhamos e convenhamos que Rawson não tem uma filmografia nada extensa, tampouco fez um daqueles filmes memoráveis… Mas o bom feijão com arroz, algo bem básico, muitas vezes nos parece suficiente.
Crítica: Arranha-Céu - Coragem sem Limite (2018)
Roteiro funcional, ação às alturas
A história é retratada através de um ex-militar americano, Will Ford (Dwayne Johnson), que perde sua perna em uma operação de resgate fracassada. Todavia, graças a esse evento, ele conheceu Sarah (Neve Campbell), a cirurgiã que, além de salvar sua vida, tornou-se sua esposa e, junto a ele, teve um casal de filhos. Afastado das operações especiais por conta de sua deficiência, Will torna-se um especialista em segurança e consegue, através de um antigo amigo das operações especiais, avaliar o maior arranha-céu construído pela humanidade, do qual ele e sua família são os primeiros moradores da área residencial. Porém, a segurança do prédio, e de todos que nele estão, é ameaçada quando membros de uma máfia invadem este colosso a fim de derrubá-lo.
O roteiro tem estruturas que, para cinéfilos ou amantes do cinema de carteirinha, tem gatilhos extremamente previsíveis ao longo da história. Não é como se fosse algo completamente explícito, mas não há nenhum plot twist realmente interessante. O ponto forte do roteiro convém em sua estrutura: ele é enxuto e usa cada um dos seus elementos apresentados ao longo do filme. Nada se perde. E seu ritmo na forma de contar a história vai ganhando velocidade de forma intensa, no tempo certo para atender a pressa em mostrar o que há de melhor no filme.
Primeiramente, é notável que Dwayne Johnson está evoluindo sua atuação ao longo de seus trabalhos. Aqui, não mais “só mais um filme de ação com um homenzarrão bichãozão”, temos talvez o melhor dele em uma atuação dramática sobre superação, família e adrenalina pura. A cada sequência de desafios percebemos olhares honestos ao contracenar com outros do elenco e a forma física do ator (que é um grande diferencial!) sendo posta à prova de forma estrondosa. Obviamente, há diversos momentos do filme que podem suspender a descrença do espectador (momentos esticados demais, ou “mentirosos” demais), mas isso faz parte do bom feijão com arroz.
Além disso, o elemento família tem grande peso na obra, o que apresenta uma maior importância aos coadjuvantes, não os limitando apenas a reféns da situação. O filme é bastante carregado de cenas que emocionam aqueles que amolecem o coração facilmente com esse tipo de laço afetivo. A apresentação do edifício colossal exalta o avanço da tecnologia, deixando que sonhemos com possibilidades assim para o futuro, e tem uma essência que nos lembra das admirações desafiantes e exclamadas no filme Titanic. As cenas de ação têm um ensaio caprichado, com um continuísmo construído de forma cuidadosa na montagem do filme, o que torna os momentos de confronto ainda mais intensos. A fotografia tem seu espaço de beleza, principalmente nas cenas próximas às chamas, e os efeitos especiais não decepcionam. O 3D, porém, deixa bastante a desejar, não valendo a pena assistir ao filme pagando a mais por este recurso.
Nem todo filme tem como proposta ser o melhor do ano, ganhar prêmios em festivais etc., ou ser impecável em seus pontos estruturais técnicos narrativos. Neste, por exemplo, cabe apenas como um bom entretenimento que mescla ação e aventura em uma gostosa poesia familiar que, em certos momentos, divide o protagonismo de Dwayne Johnson. Nunca será o melhor filme do ano, nem mesmo do mês, mas talvez seja aquele que divirta bastante a sua tarde de férias junto à família.
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