Baseada no livro Objetos Cortantes de 2006, da mesma autora de Lugares Escuros e Garota Exemplar, Gillian Flynn. Sharp Objects é uma minissérie do canal HBO, que já chamou atenção antes mesmo de sua estreia, tanto por sua temática e pelo elenco de peso, com Amy Adams como protagonista. Criada por Martin Noxon, a minissérie terá oito episódios e é um thriller psicológico que coloca em cena Camille Preaker, uma repórter policial que volta à sua cidade de natal de Wind Gap, Missouri, para investigar a morte de uma garota e o desaparecimento de outra, que posteriormente é também encontrada morta.
Crítica: Sharp Objects (S01E01)
Os segredos por trás das cicatrizes
Quando notificada por seu chefe de que investigaria o assassinato de duas jovens garotas de sua cidade, Camille reluta. No entanto, o comprometimento com o trabalho, uma de suas únicas motivações aparentes na vida faz com que a personagem aceite voltar a sua terra natal. A tensão proposta pela fusão de duas linhas temporais da protagonista, interpretada por Sophia Lillis em sua fase adolescente e Amy Adams na fase adulta, confunde o espectador de modo intencional.
Não há linearidade na rotina de Camille, no seu vício em álcool que é constante em todo o episódio, na automutilação, exemplificado na chocante cena da banheira; ela ouve repetidamente "What Is and What Should Never Be" e "I Can’t Quit You Baby", de Led Zeppelin. Não podemos esquecer dos seus pesadelos insuperáveis, que enfatizam uma época sombria de sua vida jamais esquecida e superada.
Sombrio e com uma atmosfera superdensa, a série nos entrega uma protagonista complexa e cheia de nuances. Em apenas um episódio conseguiu transmitir uma sensação única, bastante cinematográfica e isso se dá graças ao trabalho de Jean Marc Vallée que também dirigiu a minissérie da HBO, Big Little Lies, captando os medos e preocupações dos personagens.
Em Sharp Objects, assim como em Big Little Lies, talvez o mais o importante nem é de fato descobrir quem é o assassino, e sim acompanhar a jornada desses personagens intrigantes, entrar a fundo na cabeça de cada um deles, em suas vidas e desbravar aqueles pequenos segredos ocultos, desvendar realmente o quebra-cabeça que cerca essa cidadezinha. Além disso, a trama investigativa não é deixada de lado, e o seriado consegue deixar claro que todos na cidade de Wind Gap podem ser culpados pelos assassinatos.
A fotografia da série, assim como sua montagem, lembra bastante a também de Big Little Lies. O clima frio, não somente o meteorológico, mas também o narrativo, é reforçado nas cenas de tons claros e pouco saturados. Amy Adams e Patricia Clarkson são os grandes destaques do elenco nesse piloto. Mãe e filha, completamente incompatíveis e diferentes em todos os sentidos, um nível de hostilidade mal disfarçada, cada uma das atrizes encarnam o universo de suas respectivas mulheres, mostrando que há muita coisa em seus passados.
Para aqueles que leram o livro, assistir ao piloto traz um panorama interessante de como a história é contada, sendo até bastante fiel aos acontecimentos. Já para quem não leu, a narrativa é apresentada de forma bem clara e precisa, com todos os elementos necessários para prender o espectador até o final de toda a minissérie. Sharp Objects tem muito potencial, pela qualidade apresentada logo de cara já faço a minha aposta que a série vai levar muitos prêmios no Emmy de 2019, como aconteceu com Big Little Lies no ano passado.
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