Missão: Impossível - Efeito Fallout (2018) | No sexto filme da franquia, Tom Cruise mostra ainda ter a energia suficiente
A franquia Missão: Impossível nunca foi de deixar o público
entediado. Por mais simplistas que fossem as suas tramas, como aconteceu no
segundo e no quinto filme, as cenas de ação eram inventivas e tensas o
suficiente para disputarem com a franquia 007. O primeiro filme, por exemplo, que
era assumidamente uma obra de espionagem clássica, tem uma grande cena de ação
dentro de um túnel onde um helicóptero explode. Efeito Fallout, por outro lado,
assume esse risco do final do primeiro filme durante todos os atos. E dentro de
2h30min de projeção, felizmente, tudo funciona.
Vendido como o mais longo e caro de toda franquia, Efeito
Fallout também é o mais complexo em sua trama. O longa apresenta Ethan Hunt em busca de evitar uma
guerra nuclear ao mesmo tempo que tenta impedir a fuga do vilão Soloman Lane,
do filme anterior. Walker, personagem de Henry Cavill, entra na missão e transforma toda obra em um jogo de gato e rato com inúmeras reviravoltas. Na
companhia inestimada de minha genitora, durante a sessão ela comentou: “Eu não sei mais em quem confiar”. E, de fato, é preciso pensar um pouco
no que está sendo visto antes de tirar conclusões precipitadas sobre os heróis.
Nesse sentido, o roteiro é extremamente habilidoso ao
brincar com o público. Ele não é confuso propositalmente, como uma obra do Christopher Nolan, conhecido por complicar as coisas. Efeito Fallout só assume a brincadeira
da série de TV dos anos 1960, dado que existia a graça de ser inviável confiar em alguém. Essa narrativa,
sem furos de roteiro, obviamente, faz com que o resultado seja, sem papas na língua,
o melhor de toda a franquia.
Além disso, Tom Cruise, com 56 anos, mostra mais uma vez o
seu talento para as sequências de ação e para a atuação de modo geral. Ele nunca
está no piloto automático e assume aqui a responsabilidade de mostrar ao espectador
que todo trabalho pode ser o último. Por isso ele pilota uma moto na contramão,
salta entre os prédios e luta com Cavill, que possui um corpo de uma
montanha e somente 35 anos.
Já toda a área técnica também condiz com o texto e os
astros. A trilha sonora do compositor Lorne Balf, remetendo diretamente a Hans
Zimmer, cria um clima de tensão e uma energia contagiante pelo filme. Do mesmo
modo que a fotografia de Rob Hardy, que apresenta imagens belíssimas e originais
de lugares já conhecidos, como Paris e Londres. Inclusive, fica o registro do
palpite: indicações para fotografia, edição e som no Oscar 2019.
Com isso e outros detalhes que são descobertos a cada
revisita, Efeito Fallout é brilhante por atingir as expectativas e ser um filme
inspirado no que a série e os filmes originais de 007 foram no passado. A trama é
concisa, os personagens críveis e as cenas de ação são absolutamente
espetaculares. A sequência de perseguição de helicópteros é de deixar qualquer
um na ponta da poltrona do cinema, por exemplo. É adrenalina injetada na veia em uma
franquia que, sim, tem muita energia para continuar.
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