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Guerra nas "Estrelas": Bolsonaro é o nosso Kylo Ren

Resultado de imagem para kylo renEsse clichê acima é uma verdade universal. Porém, nos filmes de aventura quando chegam ao fim sem um final feliz, já esperamos uma continuação. Quase sempre, né? Tem suas exceções, mas a regra é basicamente essa. Será que a vida é assim também? Faz bem ao coração pensar que sim. Sempre que nos encontramos em uma situação cruel queremos que tudo passe logo, queremos muitas vezes não precisar passar por aquilo... Mas precisamos. Queremos que nossa vida fosse um filme gentil de aventura, mas, atualmente, em tempos difíceis como estamos, está algo mais próximo de Game Of Thrones e a ascensão de Jofrey. Será? 

Guerra nas "Estrelas": Bolsonaro é o nosso Kylo Ren

A vida imita a arte e a arte imita a vida. 


Um bom exemplo bastante próximo de nossa realidade é Star Wars. O final do Episódio VIII tudo parecia perdido. Alguns heróis se foram, o inimigo estava consolidado e as novas esperanças estavam fragmentadas e desnorteadas, com a liderança abalada. O novo inimigo nasce do ódio, do rancor e do medo. Ele se prende a exemplos obscuros do passado e se impõe contra os mocinhos encurralando-os. Em Star Wars esse é Kylo Ren. Ele se prende nas memórias do que achava que era Darth Vader (não Anakin, mas ao que representava Darth Vader, a mascara, o lado obscuro, a escuridão) e através dele cria sua própria escuridão. Nas sombras e, através das sombras da idealização daquela mascara surrada, ele cria sua nova persona. Sua máscara, sua escuridão, seu caminho. Ele precisa da máscara. Ele precisa vestir aquele elmo para sentir-se como Darth Vader, para sentir-se de fato quem ele quer ser. Sem ela, ele é só um garoto perdido, confuso e com muito ódio e rancor no coração.

Então, vamos sair um pouco da arte e vir a vida real em uma galáxia não tão distante assim.

Bolsonaro era um meme até 5 anos atrás. Um militar que enche a boca para dizer que é um militar. Que sabe atirar com várias armas, saltar isso e aquilo, combater isso e aquilo outro. Ele se esconde atrás da farda, da insígnia, da instituição, do símbolo do militarismo e do que isso representa. Engraçado. Um militar que nunca atirou em alguém e nunca foi a uma guerra. Nunca feriu ou foi ferido em combate. Nunca fala de suas missões, seja de guerra, seja de paz. Porém, ele fala do regime militar com um brilhos nos olhos. Como algo magnífico e que, o erro dos militares, foi de não ter matado 30 mil... Foi de não ser cruel, poderoso e autoritário como ele se enxerga ser se tivesse oportunidade. Engraçado. Logo ele, nunca entrou em um combate na vida, nunca conta uma história sobre alguma missão. Então, ele precisa de um norte, e se norteia, e homenageia em rede nacional, o Coronel Ustra, um dos maiores e mais temidos torturadores do regime militar brasileiro. Aqui está nosso Darth Vader.

Ustra nunca foi o comandante maior, nem presidente do Brasil, ou algo assim. Mas ele era alguém de alta patente e tinha sua divisão. Um militar com uma aura tão pesada de crueldade que espalhava medo a todos. Um assassino e torturador inquestionável. Ustra fez história, infelizmente, para ao mal. Agora, sobra apenas resquícios da história, a ditadura ainda é um tabu mesmo após a comissão da verdade. E tudo o que Ustra deixou para trás foi o resquício de sua escuridão. Sua máscara quebrada, a lembrança das trevas, assim como Kyle, Bolsonaro também encontrou. 

Darth Vader, assim como Ustra, nunca foi o imperador. Era alguém que servia as trevas de forma muito eficaz e tinha uma alta patente. Encotramos aqui dois gigantes cruéis que caminhavam nas trevas. Um real, outro não. É difícil respeitar vilões quando eles existem de verdade. 

Então, o garoto mimado que falava idiotices ao vento tenta ser esmagado de forma errada por políticos da esquerda e, por não ser levado a sério, vai ganhando força. Foi ganhando... Ganhando... Quando nos demos conta era tarde demais. (Luke também tentou impedir Kyle de uma forma tão errada que fez despertar o monstro dentro dele). A força estava com Bolsonaro, a força era forte nele, infelizmente, ele chegou onde chegou. Fez sua máscara, nas sombras do militarismo, que nunca exerceu de forma eficaz, conquistou seu espaço, subiu de uma forma inesperada nas patentes de um governo, assim como Kylo Ren subiu no império no Episódio VIII, e colocou a resistência, e demais inimigos, contra a parede. 

Os antigos líderes e grandes mocinhos erraram demais, estavam distantes, sem forças. Não tinham mais a capacidade de decidir nada, assim como no filme. A atual geração de heróis estava encurralada. O antagonista, extremamente confiante. Ele realmente estava vencendo.

Então, antes de se dar ao fim daquela batalha perdida, Luke declara que aquela luta era apena o início da guerra e que era apenas o começo de uma revolução. Apesar dos tanques, naves e todo um exército massivo... a resistência voltaria. A esperança ainda existia e ela estava nas pequenas coisas. O filme se encerra em uma situação difícil, mas sabemos que haverá outro, que haverá uma forma de consertar as coisas, que almejamos que seja no próximo episódio.

Antes da tela apagar por completo, o filme mostra uma criança que usa a força ao pegar uma vassoura para varrer o chão. Uma criança, em algum local qualquer do espaço, usa a força para varrer o que acha que precisa ser varrido. Ela é o símbolo da renovação, da esperança, do futuro... Pode ser qualquer criança, em qualquer lugar... Nada de aristocracia. Não precisa ter nenhum sangue mágico... Ser herdeiro de ninguém... Filho de nenhum Skywalker... 

A força está dentro de todos nós, somos aquela criança. Talvez a revolução esteja apenas começando mesmo e temos muita coisa ruim para varrer. Precisamos nos manter juntos e fortes. Como aquela criança, na história não temos nome, nem importa de onde viemos ou pra onde vamos... Mas a força está conosco e o desejo de limpar essa sujeira também. Que nossa história acima de tudo seja como Star Wars: sobre política, lutas e esperanças.

A arte imita a vida. A vida imita a arte.

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