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Bird Box (2018) | Novo filme original Netflix enfatiza mais uma vez como 2018 foi um ano competente para o serviço de streaming

Estava cansado. Com a vista já calejada, com os ombros moídos e com os pés implorando por descanso, eu vi Bird Box. Pensei que iria me decepcionar com o filme, apesar de seu elenco fantástico e premissa apocalíptica. Eis que, quando o longa-metragem começa, é inegável afirmar que me assustei e me empolguei com a aventura, que, apesar de ter um ritmo falho no segundo ato, consegue surpreender com o seu primeiro e surpreender com o último.

Visto no último dia de Comic-Con Experience, Bird Box, filme feito pela Netflix, é um terror que mostra uma mãe tentando proteger os seus filhos, enquanto que, paralelamente, a diretora desenvolve o início do fim do mundo. Parecido com Fim dos Tempos de M. Night Shyamalan, o vilão aqui é o oxigênio que possui os seres humanos e os deixa doentes e prontos para se matarem.

Dirigido por Susanne Bier, mulher por trás do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010 por Hævnen, Bird Box é claustrofóbico, violento, cru e instigante. Os personagens possuem características diversas, apesar de alguns se encontrarem em um clichê ou outro. Com as várias personalidades, por outro lado, fica fácil se identificar com a maioria e entender as suas motivações.

Isso traz vários dilemas durante os primeiros atos, visto que apresenta inúmeras ideias sobre o que deveriam fazer e como precisam sobreviver. É uma aula de desenvolvimento de personagem, apesar do próprio filme entregar o final do conflito através de seus flashbacks.

Estes personagens, por sinal, são interpretados por astros de peso. No elenco temos: John Malkovich, como o antagonista cheio de traumas, Lil Rel Howery, voltando a interpretar o alívio cômico em um filme de horror, como fez com Corra!, Tom Hollander, sendo o simpático que mesmo assim traz ameaça em seu olhar, Trevante Rhodes, mais uma vez provando ser um astro a ser observado com atenção, e Sandra Bullock, como a dona do filme e de uma das melhores atuações do ano.

Sua personagem é daqueles típicos clichês da mulher sem amor que acaba se desenvolvendo por causa do seu sentimento materno, algo que em mãos erradas soaria machista. Através do roteiro, Bullock consegue mostrar ser uma mulher fria, impiedosa e, mesmo assim, cuidadosa quando tem que ser. Ao perder uma pessoa de sua família, sua personagem ganha contornos e camadas muito mais profundas que justificam as suas ações do futuro.

Com uma montagem dinâmica e uma música irritante (no bom sentido), como a de Hans Zimmer em Batman: O Cavaleiro das Trevas, o filme ainda possui um final que sai do assustador e vai ao amoroso de um jeito há muito não visto antes. De uma simplicidade sem igual, a diretora mostra que para amar não precisa ver o outro. Sentir que é a verdadeira lição. E era disto que precisava no último dia de ccxp 2018.

Crítica: Bird Box (2018)

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