Pular para o conteúdo principal

Exterminador do Futuro - Destino Sombrio (2019): De renovação, apenas a vontade

Dirigido por Tim Miller (diretor do primeiro Deadpool) e sob supervisão de Cameron na produção, a trama desse novo capítulo da franquia Exterminador se passa décadas depois do segundo longa. Um novo Exterminador, modelo Rev 9 (Gabriel Luna) volta no tempo para matar a mexicana Daniela Ramos (Natália Reyes), mas também do futuro surge Grace (Mackenzie Davis) uma humana aprimorada, como a própria intitula, para defender Dani. Mas depois de uma cena de perseguição, Dani e Grace se vêem encurraladas pelo Exterminador, eis que Sarah Connor chega no local e horário exatos ajudando-as a escapar. Juntas, o trio parte em busca de respostas para diversas questões que serão fundamentais para o destino da humanidade.

Infelizmente, o que filme no começo constrói como mérito vai se dissipando ao longo da narrativa. O roteiro escrito por Davis. S. Goyer, Justin Rhodes e Billy Ray é inventivo ao criar um novo futuro, já que no final do segundo filme o Dia do Julgamento nunca aconteceu. Quem é a nova ameaça? Por que um exterminador está à procura de Dani? O que aconteceu com John Connor? Como Sarah Connor sabia o momento exato de salvar Dani e Grace?

Exterminador do Futuro - Destino Sombrio: De renovação, apenas a vontade

  CRÍTICA  


Apesar de ótimas questões, ao passo em que elas são respondidas, o filme mostra que a criatividade em inovar com a franquia é quase nula. Destino Sombrio consegue criar uma narrativa com menos furos ou reviravoltas mirabolantes do que os três longas anteriores, mas a sensação é que estamos vendo mais do mesmo. E não digo sobre a fórmula de um MacGuffing (Dani) que é caçada pelo Exterminador enquanto é protegida por outro (plot de todas as narrativas), mas sim na questão de que todas as soluções apresentadas são tão ruins quantos os filmes que foram deletados, pouco explorando as possibilidades narrativas que são criadas.

É bom ver Sarah Connor de volta. Linda Hamilton está mais badass do que todas as representações da personagem ao longo dos anos. Grace, por ser uma humana aperfeiçoada, passa uma sensação de empatia que fortalece a parceria com Dani. As três juntas em tela são o ponto forte do filme. O mesmo não pode ser dito do antagonista Rev 9 que, apesar de ter o habilidade de se multiplicar, não passa de um vilão genérico que não chega aos pés da psicopatia do T-1000, do segundo longa. 

Porém a escolha mais lamentável fica na mão de sua maior estrela. A solução narrativa de incluir o T-800 (Arnold Schwazenegger), por mais que tenha o efeito de causar um grande impacto na trama, com intuito de repensarmos sobre o real propósito da guerra entre humanos e máquinas, no final apenas acrescenta uma camada de humor onde não deveria ter. E sim, algumas cenas do personagem tem propósito cômico, mas nós rimos do filme e não com o filme.

A direção de Tim Miller é assertiva principalmente no primeiro e segundo ato. A narrativa usa a tecnologia atual para criar mais perigo e tornar a caçada do exterminador mais fácil. Mesmo não tocando no assunto, poderíamos dizer que as máquinas venceram a guerra humana de tanto dependermos delas para viver.  As cenas de ação são bem coreografadas e a montagem consegue criar um senso de urgência e tensão parecidos com os filmes de Cameron. Infelizmente, no terceiro ato, a megalomania de fazer cenas cada vez maiores vai transformando o filme em um longa de ação superficial.

Exterminador do Futuro: Destino Sombrio é um filme mediano. Tem soluções de roteiro que conclui a saga de maneira pouco inventiva, onde suas melhores cenas derivam muito do filmes da franquia dirigidos por Cameron, e pouco tem a acrescentar no universo criado. Depois de tanto esperar que os direitos voltassem às mãos do criador, para sim termos um final satisfatório, aqui temos apenas um filme que em breve será esquecido. O que é uma pena já que os dois primeiros são clássicos eternos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Leonard Nimoy, eterno Spock, morre aos 83 anos

A magia que um personagem nos passa, quando sincera, é algo admirável. Principalmente quando o ator fica anos trabalhando com a mesma figura, cuidando com carinho e respeitando os fãs que tanto o amam também. E, assim foi Leonard Nimoy . O senhor Spock de Jornada nas Estrelas , que faleceu ontem (27/02) por causa de uma doença pulmonar, aos 83 anos. O ator, diretor, escritor, fotógrafo e músico deixou um legado imenso para nós. E isso é algo que ele sempre tratou com muita paixão: a arte. A arte de poder fazer mais arte. E com um primor de ser uma boa pessoa e querida por milhares. E por fim, a vida atrapalhou tal arte. Não o eternizou como o seu personagem. Mas apenas na vida, pois no coração e na memória de todos, o querido Nimoy vai permanecer perpétuo nessa jornada. Um adeus e um obrigado, senhor Leonard Nimoy, de Vulcano. Comece agora, sua nova vida longa e próspera, onde quer que esteja.

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (2014) | Peter Jackson cumpre o que prometeu

    Não vamos negar que a trilogia O Hobbit possui grandes problemas. O que é uma pena, já que a trilogia anterior ( O Senhor dos Anéis ) não tem falha alguma. Contudo, o que tinha de errado em Uma Jornada Inesperada e Desolação de Smaug , o diretor Peter Jackson desfaz nessa última parte. O que é ótimo para os espectadores e crível para os adoradores da saga da terra-média de longa data.     O filme apresenta problemas diversos, por exemplo, um clímax logo na primeira cena (se é que você me entende) e um personagem que não consegue momento algum ser engraçado. Falhas como essas prejudicam o filme como todo. O roteiro, por ser o mais curto dos três, precisava de mais tempo em tela, e dessa forma, cenas e personagens sem carisma são usados repetidas vezes e com uma insistência sem ter porquês. Mas, em contra partida, O Hobbit e a Batalha dos Cinco Exércitos consegue ser mais direto, objetivo e simples que seus antecessores, que são longos e cheios de casos...

Filmes querem lhe enganar, não esqueça disso

Este texto não bem uma crítica, mas uma ponderação sobre o cinema enquanto uma ferramenta de afirmação. Podemos supor que o que leva uma equipe a gastar quase 100 milhões de dólares para contar uma história é principalmente acreditar nela. Veja só, por que filmes de guerra são feitos? Além do deslumbre de se tornar consumível uma realidade tão distante do conforto de uma sala com ar-condicionado, há a emoção de se  converter emoções específicas. Sentado em seu ato solitário, o roteirista é capaz de imaginar as reações possíveis de diferentes plateias quando escreve um diálogo ou descreve a forma como um personagem se comporta. Opinião: Filmes querem lhe enganar, não esqueça disso "Ford vs Ferrari", de James Mangold, é essencialmente um filme de guerra. Mesmo. Digo isso porque Ford vs Ferrari , de James Mangold , é essencialmente um filme de guerra. Mesmo. Aqui é EUA contra Itália que disputam o ego de uma vitória milionária no universo da velocidade. Ainda no iníci...