(Foto: Rogério Cavalcanti/Divulgação) Não é todo mundo que consegue emplacar 40 anos de carreira no Brasil. Marina Lima, no entanto, conseguiu mais que isso. Em 2018, por exemplo, reafirmou sua essência como uma das rainhas da MPB com o álbum pop Novas Famílias, o 21º de sua carreira. O primeiro single foi o funk Só os Coxinhas, que ironiza aqueles que vivem apenas de aparências e de poder. É uma riqueza sonora que arde os ouvidos dos que se identificam. É um disco que tem crítica social e política em Mãe Gentil, Árvores Alheias e na faixa-título. É sobre ser uma gigante do passado e continuar se atualizando com o que vem acontecendo no presente.E, incrivelmente, a artista consegue realizar as mesmas proezas em um show como aconteceu no último sábado, 11, no festival Férias na PI, em Fortaleza, na Praia de Iracema.
Marina Lima: Show em Fortaleza é pontuado por hits do passado e rock do futuro
CRÍTICA
Com uma carreira embrenhada de sucessos, Marina continua enfatizando um rastro positivo na música brasileira. Nos anos de 1980, quando foi uma das cantoras mais expressivas do cenário, tanto pelas letras, quanto pela originalidade romântica, que misturava melancolia amorosa com um rock dançante, a artista já alertava sobre algumas possíveis mudanças sociais no país.E com uma voz restaurada, ainda que cansada com o passar dos anos, a cantora se mostrou política cantando seus hits sobre opressão e injustiça. Com imagens de Marielle Franco, política carioca assassinada em 2018, ao fundo no telão, Marina perguntava “Até quando?”, usando uma máscara que flertava com a anarquia, ainda que se mostrando amante dos direitos iguais que a esquerda propõe. É a revolta que tem propósito em suas letras e timbres.
Diferente de Erasmo Carlos, que se apresentou antes de Marina, se mostrando apegado ao passado e confiante na memória do público, a cantora atualizou os hits, fez a energia se contagiar no público e mostrou uma banda afiadíssima que fez grande parte da plateia cantar. Até mesmo sua parceria com Letrux foi lembrada, apontando que também está se modernizando com o que o rock exige nos dias de hoje.
Marina Lima, no fim, pediu paz e desejou amor. O discurso é o mesmo, a voz não mais. Marina melhorou como um bom vinho.
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