O que faz de um filme um clássico? O que o torna tão grandioso a
ponto de ser referência da cultura pop, a ponto de ser considerado
uma obra cinematográfica? Seria sua história, seu elenco ou seu
diretor? Sua trilha-sonora, efeitos visuais ou outros elementos
técnicos? Seria um conjunto de todas essas coisas? Francis Ford
Coppola talvez não soubesse à época a resposta para todas estas
perguntas e provavelmente também não tinha consciência do peso que
seu filme viria a ter ao longo dos anos, mas, com certeza sabia o
valor do material que tinha em mãos quando ficou responsável por
traduzir para as telas a obra literária de Mario Puzo. Caso
contrário, não teria feito com tanto cuidado e dedicação uma das
maiores películas que o cinema já conheceu.
O
cenário de O Poderoso Chefão (The Godfather) é dos Estados Unidos
pós-segunda guerra. Uma época em que o país ascendia rapidamente e
ganhava força no cenário econômico afora. Palco próspero para os
norte-americanos e também para todos que haviam adotado a América
como seu lar. Os primeiros 25 minutos do filme introduzem muito bem
uma família italiana que se eleva cada vez mais na Terra do Tio Sam.
Família essa ligada a máfia, cujo patriarca possui uma coleção
infindável de fieis que, em troca de favores, oferecem sua amizade.
Este primeiro momento do filme ilustra de modo bastante claro que o
enredo orbita em torno de Don Vito Corleone, um homem que valoriza
extremamente sua família e a lealdade de seus parceiros.
O
personagem interpretado por Marlon Brando se tornou um mito ao longo
do tempo. Don Corleone, apesar de sempre prezar por justiça, é um
homem cuja presença impõe medo, respeito e fascínio e leva seu
trabalho muito a sério. Em contraposto temos seu filho mais novo,
Michael Corleone (Al Pacino), que por opção própria, decidiu não
se envolver nos negócios da família com medo de se tornar corrupto
como o pai. Pacino entrega uma performance sutil - e muito eficaz -
de seu personagem, que no início do longa se mostra alheio ao
universo cuja família participa e depois de uma série de
acontecimentos, ganha uma força latente à medida que se envolve com
a máfia norte-americana. Força essa quase sempre transmitida pelas
expressões e pelo olhar de Michael. Afinal, seria ele tão diferente
de seu pai?
Podemos
perceber que tal mudança fica explanada em uma cena onde a câmera
mostra Michael no centro de um escritório, apenas escutando os
companheiros de seu pai discutindo qual será o próximo passo depois
de uma quase-tragédia. Quando Michael finalmente começa a expor o
que está pensando, a câmera se aproxima lentamente do rapaz,
tornando visível um fogo em seus olhos nunca antes mostrado no
filme. Temos aí a transformação do Corleone mais jovem.
Em
determinado momento da obra, Michael responde a seguinte frase após
ser questionado sobre as atitudes de seu pai: “Meu pai não é
diferente de nenhum outro homem poderoso”, o que só exemplifica
que quando se trata de poder, não parecem existir limitações
morais ou éticas. Estariam, afinal, os Corleone tão longe assim de
políticos, policiais ou quaisquer outras pessoas de grande
influência? Talvez as famílias retratadas no filme sejam metáforas
para os indivíduos que regem nossas vidas cotidianamente.
Ao final
da película percebemos que seus dois personagens centrais passaram
por mudanças notáveis. Vito, o patriarca, se torna uma figura
frágil e cansada, enquanto Michael parece tomar para si as
responsabilidades do pai. Ele passa a considerar sua família tão
importante e busca justiça de forma tão incansável que se torna um
reflexo perfeito do homem que sempre evitou. Os minutos finais são
viscerais, pois, mostram Michael sendo reverenciado e chamado de “Don
Corleone” enquanto sua esposa o observa de longe, receosa ao ver o
tipo de homem que seu marido se tornou. Temos ali a certeza de que um
clássico nascera e estava pronto para se tornar um marco na
indústria cinematográfica.
Achei meio vago David , analisou um dos filmes mais clássicos da historia sem a emoção real de um bom escritor , continue escrevendo um dia você chega ao auge!
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