O
longa de Woody
Allen lançado
no ano passado trás uma temática amplamente explorada pelo próprio
diretor em diversos outros filmes. A disputa entre racional e
metafísico permeia o roteiro ácido de Magia Ao Luar, um romance
estrelado por
Colin Firth e Emma Stone.
Stanley Crawford
(Colin Firth) é o famoso mágico Wei Ling Soo. De baixo do
robe chinês e do falso cabelo comprido se esconde a irônica
personalidade do ilusionista: um incrédulo pessimista, amante da
ciência e da razão. A convite de seu amigo e companheiro de
profissão Howard Burkan (Simon
McBurney),
viaja até o litoral da França dos anos 20 para desmascarar uma
jovem telepata. Sem sucesso, o descrente mágico, aos
poucos, aceita o
dom de Sophie Baker (Emma
Stone),
cuja
veracidade
nega
tudo aquilo em
que
antes acreditava.
Espetáculos
de ilusionismo contam com vários números
velhos, que
vão
do coelho na cartola à
levitação.
O cinema de Allen é como um show de mágica: cheio de truques
repetidos. Em
Magia Ao Luar, o diretor
insiste no
contraste
entre
o
caráter
cético e ranzinza do protagonista
e
o
entusiasmo da charmosa charlatã; a
diferença de
quase 30 anos de idade entre
os dois
não
impede o previsível
enlace
amoroso –
se tratando de Woody Allen,
é fator condicionante;
o
universo mágico também
já
esteve presente
em
outras
produções do
diretor,
como em
Scoop
– O Grande Furo
e em
O
Escorpião de Jade.
A
encantadora comunhão
entre
o
jazz
de
Cole Porter e
a
fotografia vibrante de Darius
Khondji é
incapaz de
mascarar
o
velho roteiro centrado
em indagações científicas, filosóficas e religiosas. Os
diálogos são
bem
humorados e geniosos, porém,
a
temática
repetida
remete-nos ao pensamento de que o diretor acomodou-se com um modelo
de história, variando
apenas o
país e a década em que se passa.
Embora não seja inquietantemente deslumbrante como serrar alguém ao meio, o filme tira da cartola a característica comicidade de Woody Allen. Um truque bobo e ordinário, mas, ainda assim, divertido.
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