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Magia Ao Luar (2014) | O velho truque de Woody Allen

O longa de Woody Allen lançado no ano passado trás uma temática amplamente explorada pelo próprio diretor em diversos outros filmes. A disputa entre racional e metafísico permeia o roteiro ácido de Magia Ao Luar, um romance estrelado por Colin Firth e Emma Stone.
Stanley Crawford (Colin Firth) é o famoso mágico Wei Ling Soo. De baixo do robe chinês e do falso cabelo comprido se esconde a irônica personalidade do ilusionista: um incrédulo pessimista, amante da ciência e da razão. A convite de seu amigo e companheiro de profissão Howard Burkan (Simon McBurney), viaja até o litoral da França dos anos 20 para desmascarar uma jovem telepata. Sem sucesso, o descrente mágico, aos poucos, aceita o dom de Sophie Baker (Emma Stone), cuja veracidade nega tudo aquilo em que antes acreditava.
Espetáculos de ilusionismo contam com vários números velhos, que vão do coelho na cartola à levitação. O cinema de Allen é como um show de mágica: cheio de truques repetidos. Em Magia Ao Luar, o diretor insiste no contraste entre o caráter cético e ranzinza do protagonista e o entusiasmo da charmosa charlatã; a diferença de quase 30 anos de idade entre os dois não impede o previsível enlace amoroso – se tratando de Woody Allen, é fator condicionante; o universo mágico também já esteve presente em outras produções do diretor, como em Scoop – O Grande Furo e em O Escorpião de Jade.
A encantadora comunhão entre o jazz de Cole Porter e a fotografia vibrante de Darius Khondji é incapaz de mascarar o velho roteiro centrado em indagações científicas, filosóficas e religiosas. Os diálogos são bem humorados e geniosos, porém, a temática repetida remete-nos ao pensamento de que o diretor acomodou-se com um modelo de história, variando apenas o país e a década em que se passa. 



Embora não seja inquietantemente deslumbrante como serrar alguém ao meio, o filme tira da cartola a característica comicidade de Woody Allen. Um truque bobo e ordinário, mas, ainda assim, divertido.


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