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Vingadores: Era de Ultron (2015) | O Escapismo como Sustentação

Em certo momento, o personagem Tony Stark quer repetir o mesmo erro que causou toda destruição em massa durante mais da metade do filme. O “erro” acontece e, por acidente, dá certo, e o ritual de se brincar de Deus estilo Marvel é prevalecido. Ou seja, não importa quantas vezes a editora mude seus personagens, origens, cronologias e até mesmo cometa falhas, a empresa vai conseguir apagar aquilo de desagradável que fez no passado. E, de acompanhamento, nos revelar algo tão grandioso quanto a expectativa vendida no filme que prometia: Um dos maiores filmes de Super-heróis de todos os tempos.

Apesar da trama conhecidíssima de um vilão megalomaníaco querer destruir o mundo por nenhum motivo plausível, o filme possui como antagonista uma inteligencia artificial que se torna convincente aos olhos dos cinéfilos carentes de robôs poderosos. Ultron, o Loki da vez, consegue ser ameaçador, viril, irônico, e engraçado, através da atuação de James Spader que utiliza a captura de movimentos (com o apoio de Andy Serkys que também está no filme, interpretando Ulysses Klaw). E visualmente o personagem é perfeito, assustador e convence com tantos efeitos envolvidos. 

Além do roteiro estudar o Ultron dessa forma, o mesmo acontece com o Thor, Hulk, Viuvá Negra e Gavião Arqueiro que estão mais integrados durante todo o filme. Chis Hemsworth e Mark Ruffalo ganham um destaque maior que o primeiro longa e convencem com suas tramas paralelas. Assim, como os outros dois personagens que não possuem um filme solo. Scarlett Johansson e Jeremy Renner são desenvolvidos de uma forma diferente dentro dos demais, e com uma certa dedicação de se ter boas atuações que resultam em discussões sobre o estudo dos personagens tratados pelo filme. Tudo isso, com a liderança do Capitão América e Homem de Ferro, Chris Evans e Robert Downey, Jr, que conseguem encantar com suas boas e engraçadas atuações. Claro, não esquecemos das questões morais plantadas dentro de cada um para futuras guerras civis. 

Acompanhando esses personagens, o roteiro cria em torno deles diversas cenas de ação e diálogos que empolgam mais que as anteriores. O argumento do filme é desenvolvido na base de explorar bem os personagens entre si e nas suas cenas de batalhas. Seus envolvimentos são carismáticos, seguidos de bons diálogos e até mesmo com jogos sexuais que não nos tiram da obra.

Em termos técnicos, o filme surpreende, e quando isso acontece, facilmente, na próxima sequência nos encantamos mais. A produção envolvida na película consegue atingir o amor pelos personagens. Na luta inicial, os heróis são revelados na ação ao mostrar o que cada um pode fazer, e o mesmo acontece na última, na qual todos estão mais poderosos e deslumbrantes como os maiores super-heróis da terra. A boa trilha viaja com todos, assim como os efeitos, montagem e a fotografia exagerada e bonita de um filme digno de herói e equipe. Dessa forma, o trabalho merece uma atenção e respeito por ser um espetáculo visual. Cito, como exemplo, o momento da batalha entre o Hulk e a Hulkbuster que servem de escapismo por ser uma das cenas mais assustadoramente bem feitas do cinema.

Os problemas surgem só depois. Os motivos do antagonista são claros, mas são tantos personagens com propósitos diferentes que quando se encontram, as tramas paralelas se perdem com a principal, como o sonho do Thor e o surgimento do personagem Visão. Assim, as ideias se confundem e se relacionam de maneira desproporcional.  

Por fim, apesar disso, os impasses não são tão claros ao ponto de nos tirar da trama. O diretor, Joss Whedon, consegue, com um roteiro que tem uma base muito parecida com a do primeiro filme, animar e divertir. Em termos de entretenimento, esse filme cumpre e merece até ser assistido quantas vezes preciso só pra mais duas horas e meia de pura diversão nerd. A diversão e o amor enviado da produção para esses personagens nos fazem esquecer-se de qualquer problema fora da sala. Um escapismo preciso que muitos filmes de heróis esqueceram de explorar. 




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