Pular para o conteúdo principal

Um Senhor Estagiário (2015) | Água com açúcar que agrada público-alvo

Nancy Meyers ataca novamente. Roteirista e diretora de filmes como "Operação Cupido" (1998), "Alguém Tem Que Ceder" (2003) e "O Amor Não Tira Férias" (2006), sua nova produção, "Um Senhor Estagiário" (The Intern, 2015), realizada pela Warner Bros., chegou aos cinemas na última quinta (24), mostrando que ainda há espaço para produções "água com açúcar" em meio à tantos blockbusters de ação.  

Na nova trama, estrelada por Anne Hathaway ("Interestellar", 2014) e Robert De Niro ("Ajuste de Contas", 2013), o idoso Ben Whittaker (De Niro) sente-se solitário e ocioso em sua aposentadoria, decidindo então inscrever-se para um programa de estagiários da "terceira idade" em uma grande empresa de venda de roupas online, fundada por Jules Ostin (Hathaway). Whittaker é então encarregado como estagiário direto de Ostin, o que posteriormente desenvolve uma relação de amizade entre os dois.

Pode parecer um pouco estranho, a princípio, ver Robert De Niro, conhecido por trabalhos como "Taxi Driver" (1976), "Touro Indomável" (1980) e "O Poderoso Chefão: Parte II" (1974), interpretando o suposto "idoso simpático", que abraça com carinho a sua idade e as consequências do envelhecimento. Algumas cenas, inclusive, soam até constrangedoras (como a da massagem, mostrada no trailer do filme), mas contribuem para a afeição que o personagem ganha por parte do público, principalmente ao desenrolar das situações apresentadas. Já Anne Hathaway, querida pelos espectadores, apresenta desempenho exemplar, construindo uma personagem que, por trás de toda a pose de auto suficiência, mostra-se confusa e assustada com seu próprio sucesso emergente e os resultados dele na sua vida pessoal, em um verdadeiro espelho de muitos jovens da sociedade contemporânea.  

O roteiro é bastante leve e pode-se tornar um pouco cansativo durante os 121 minutos de filme, que apresentam uma evolução de situações, quase de forma episódica. Apesar disso, o público consegue se sentir atraído pela grande gama de personagens carismáticos - o que pode ser um problema no ato final da trama, já que nem todos conseguem desfecho para seu arco. O resultado é um longa-metragem bastante sequencial, e que não traz tantas novidades ao gênero, a não ser por seu aspecto moderno (uma consequência da representação do bombardeamento de mensagens e redes sociais no nosso cotidiano) e do breve discurso feminista que surge na posição dos personagens (até mesmo Ben comenta sobre o assunto).

Em suma, "Um Senhor Estagiário" é um filme realizado de forma bastante mediana, mas que conquista o público no qual se propõe. Uma indicação relevante para quem deseja uma produção espirituosa e que traz a sensação feel-good, ou simplesmente acompanha a carreira dos dois atores protagonistas. Talvez o longa até se torne um clássico dentro do gênero, como os outros da quase-franquia "mundo ideal" de Nancy Meyers.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Leonard Nimoy, eterno Spock, morre aos 83 anos

A magia que um personagem nos passa, quando sincera, é algo admirável. Principalmente quando o ator fica anos trabalhando com a mesma figura, cuidando com carinho e respeitando os fãs que tanto o amam também. E, assim foi Leonard Nimoy . O senhor Spock de Jornada nas Estrelas , que faleceu ontem (27/02) por causa de uma doença pulmonar, aos 83 anos. O ator, diretor, escritor, fotógrafo e músico deixou um legado imenso para nós. E isso é algo que ele sempre tratou com muita paixão: a arte. A arte de poder fazer mais arte. E com um primor de ser uma boa pessoa e querida por milhares. E por fim, a vida atrapalhou tal arte. Não o eternizou como o seu personagem. Mas apenas na vida, pois no coração e na memória de todos, o querido Nimoy vai permanecer perpétuo nessa jornada. Um adeus e um obrigado, senhor Leonard Nimoy, de Vulcano. Comece agora, sua nova vida longa e próspera, onde quer que esteja.

Mad Max (1979) | O cinema australiano servindo de influência

Para uma década em que blockbusters precisavam ter muitos efeitos visuais e grandes atros do momento, como em Alien - O Oitavo Passagéiro , Star Wars , Star Trek  etc, George Miller teve sorte e um roteiro preciso ao provar que pode se fazer filme com pouco dinheiro e com um elenco de loucos.   Mad Max , de 1979, filme australiano com uma pegada  exploitation,  western e de filmes B, mas que conseguiu ser a estrada para muitos filmes de ação de Hollywood atualmente.   Miller, dirigiu, escreveu e conseguiu com um orçamento de 400 mil filmar um dos mais rentáveis do planeta. O custo do filme foi curto e assim, tudo foi pensado no roteiro e nos diálogos que o filme ia exibir. Como os textos sobre o futuro, humanidade e seu fim, e o Max do título. O filme é rodado com o Mel Gibson sendo o centro. Seus diálogos curtos demonstram o homem da época, e com uma apologia ao homem do futuro. Uma pessoa deformada pelas perdas e com a vontade de ter aquilo que não pode ter, e que resulta no

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (2014) | Peter Jackson cumpre o que prometeu

    Não vamos negar que a trilogia O Hobbit possui grandes problemas. O que é uma pena, já que a trilogia anterior ( O Senhor dos Anéis ) não tem falha alguma. Contudo, o que tinha de errado em Uma Jornada Inesperada e Desolação de Smaug , o diretor Peter Jackson desfaz nessa última parte. O que é ótimo para os espectadores e crível para os adoradores da saga da terra-média de longa data.     O filme apresenta problemas diversos, por exemplo, um clímax logo na primeira cena (se é que você me entende) e um personagem que não consegue momento algum ser engraçado. Falhas como essas prejudicam o filme como todo. O roteiro, por ser o mais curto dos três, precisava de mais tempo em tela, e dessa forma, cenas e personagens sem carisma são usados repetidas vezes e com uma insistência sem ter porquês. Mas, em contra partida, O Hobbit e a Batalha dos Cinco Exércitos consegue ser mais direto, objetivo e simples que seus antecessores, que são longos e cheios de casos como citei. E o real mo