O filme recém lançado “Roger Waters The Wall” é uma homenagem cinematográfica ao álbum de 1979 do Pink Floyd "The Wall" em 219 concertos (entre 20102013). A produção divide os shows com uma viagem pessoal de Waters através da Europa, do Reino Unido à Itália, para chegar ao memorial de seu pai e avô em Anzio, mortos durante a Segunda Guerra Mundial. A partir daí, a direção de Waters nos põe entre dois grandiosos e periódicos momentos de emoção: pelo show excitante e pelas memórias dramáticas de guerra.
Cada imagem ressoa fortemente hoje, tal como aconteceu nos anos da guerra, que seria uma cicatriz do músico pela morte dos entes; o filme intercala esses momentos e tenta criar uma dramatização seriamente intensa; estranhamente real, inclusive, ao imaginar que ela é protagonizada por quem escreve e dirige a obra.
Essa colcha de retalhos de sentimento atinge diretamente o fã da banda; não faltaram gritos de emoção durante a exibição. Para quem não é fã, no entanto, resta animar-se com um show verdadeiramente impressionante, entre números memoráveis e impactos visuais assustadores. Encontra espaços para simbologia às mortes que houveram durante o período de Guerra (assim como no filme do The Wall) e o músico ainda relembra e homenageia o brasileiro Jean Charles de Menezes, que foi confundido por um terrorista e acabou sendo morto por policiais no metrô de Londres em 2005.
O palco onde a banda se apresenta vai sendo preenchido por pedaços de um muro de led; e acaba montando a própria história que o roteiro do show nos conta por meio de efeitos extraordinários, animações e ilustrações únicas de Gerald Scarf. Bonecos gigantes invadem o público, o som desconcerta seus ouvintes; um verdadeiro espetáculo visual e sonoro. Embora não pareça emocionar tanto quanto os antigos fãs, ainda assim, deixa um sentimento sincero.
A cena em que Waters chora enquanto abre a carta que sua mãe recebera sobre a morte de seu pai, transmite a mensagem de saudade, mas sua teatralidade forçada acusa sua qualidade. Quando leva seus filhos ao túmulo, igualmente. A cena foi acrescentada, segundo Waters, porque "Estava faltando alguma coisa [...] Talvez a gente deva filmar isso”, fazendo com que as cenas pareçam só um complemento para que o filme não fosse simplesmente um “show fervoroso”.
O show apresenta David Kilminster, Snowy White e G. E. Smith nas guitarras, o filho mais velho de Roger, Harry Waters no teclado, Graham Broad na bateria e percussão, e Robbie Wycoff no vocal. Entretanto deixa a desejar o aparecimento de antigos membros da formação original da banda, não sendo a mesma performance feita com os solos originais de David Gilmore, ou de Rick Wright. Um show grandioso de um dos melhores discos da banda, bem retratado, com um novo nível de tecnologia nas projeções feitas no “muro” ao vivo. Com um divertido bate papo final que ocorre entre Roger e seu colega de banda Nick Manson, respondendo perguntas colocadas pelos fãs de todo o mundo. Vale a pena conferir e relembrar as canções do magnifico “TheWall”.
Ao fim, resta uma opinião evidente: vale a pena conferir e relembrar as canções do magnífico “The Wall”, por mais que seja trabalhoso definir as motivações do próprio filme; o que ele se considera ser. Bom, o próprio Roger Waters define seu filme com precisão: “Um manisfesto muito pessoal”, com uma narrativa simples. Não precisamos mais que isso, precisamos?
Comentários
Postar um comentário
Deixe sua opinião!