Pular para o conteúdo principal

Amy (2015) | Documentário que emociona com o cru da vida real

Amy
Filmes que exercem a função de explanar e discursar sobre pessoas reais e influentes na sociedade bucólica, possuem uma maldição de tentarem trabalhar com o real e, ao mesmo tempo, de brincar com a fantasia de como pode ter acontecido determinado assunto que ninguém se propôs a dar depoimentos. No caso de complicação com a falsa-realidade, os documentários, que também são filmes, possuem o poder da graça de serem reais e de chocarem mais até que qualquer ator interpretando determinada pessoa que existe ou existiu.

Amy, documentário feito durante dois anos por causa do tempo das entrevistas com ex-namorados, amigos, familiares, testemunhas, parentes etc, apresenta uma carga sombria, realista, e deveras agressiva. A música, tema constante dentro do padrão esquelético do clichê óbvio cinematográfico (nascimento, sucesso, fracasso) é real. O documentário inicia revelando uma Amy de 15 anos cantando uma melodia com uma voz grossa, mas possuindo a ternura e determinação de uma criança. A partir disso, descobre na música como ser uma criança, e, por consequência, ser imatura, influenciável e uma vitima do lugar hostil em que vive. 


O documentário, dirigido por Asif Kapadia, possui o mesmo padrão estereotipo. A diferença é estabelecida em como são revelados tais clichês da vida real. Há, por exemplo, vilões claros na estrada da cantora e que servem como antagonistas perfeitos dentro do filme. O pai e o marido de Amy usaram e influenciaram em um caminho de drogas, depressão e de suicídio durante todo instante, transformando a personagem do título em uma vitima clara que não consegue, por causa do amor e imaturidade, ser transgressora na vida, assim como é na música. 


Por fim, com toda peculiaridade de um documentário de qualidade, o filme se revela como um dos mais competentes sobre alguém famoso. Não transforma em um ícone maior e nem destrói com suas atitudes duvidosas. Acompanhado disso, o filme apresenta entrevistas, shows, imagens e vídeos da cantora, voice over de todos os participantes sem revelar o rosto deles sentado em uma típica cadeira vermelha chorando ou lamentando a morte da personagem-título e, é claro, com muita música que traz consigo as letras e suas respectivas explicações. 


Um trabalho competente que exerce a função absurdamente complicada: emocionar e chocar com a beleza interna e externa da cantora.

Avaliação:

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Morte do Demônio (2013) | Reimaginação do "Conto Demoníaco"

The Evil Dead (EUA) Em 1981, Sam Raimi conseguiu realizar algo extraordinário. Com um orçamento baixíssimo (em volta de 1,5 mil), o diretor reinventou os filmes idealizados dentro de uma cabana com jovens e demônios. Além disso, ainda conseguiu fãs por todo o planeta que apreciavam a maneira simples e assustadora que o longa fora realizado. Em 2009, Raimi entrou em contato com Fede Alvarez por seu recente curta-metragem viral que rolava pela internet. A conversa acabou resultando na id eia de uma reinvenção do “conto” original de 1981. Liberdade foi dada à Alvarez para que tomasse conta da história. Percebe-se, a início, a garra deste para uma boa adaptação, no entanto, ainda peca por alguns problemas graves percebíveis tanto para quem é ou não é fã do original. Ao que tudo indicava, seria um Reboot. Mas se trata, na realidade, de uma (aparentemente) continuação audaciosa. A audácia já começa no pôster de divulgação: “O Filme Mais Aterrorizante que Você Verá Nesta Vida”...

Anúncio Oficial [Duas Faces do Cinema: Quarto Ato]

Desde que nós dois, Arthur Gadelha e Gabriel Amora, sentamos para decidir o nome do blog de cinema que escreveríamos a partir dali, e entramos no acordo que “Duas Faces do Cinema” intitularia o projeto, já sabíamos, mesmo sem dizer um para o outro, que ele não perduraria para sempre; não como principal. No entanto, assim que lançado, ainda com um fundo preto e branco, separando o casal principal do grande vencedor do Oscar, “O Artista”, a marca “Duas Faces do Cinema” ganhava espaço entre amigos e familiares.

O Retrato de Dorian Gray | Os segredos de Dorian

Oscar Fingal O’Flahertie Wills Wilde nasceu em 1854 em Dublin, estudou na Trinity College de Dublin e, posteriormente, no Magdalen College em Oxford. Seu único romance foi O retrato de Dorian Gray e seu sucesso como dramaturgo foi efêmero. Morreu em 1900 em Paris, três anos após ter sido libertado da prisão por ter sido pego em flagrante indecência.  O retrato de Dorian Gray foi publicado pela primeira vez em 1891 em formato de livro em uma versão bastante modificada do romance original de Oscar Wilde, pois foi considerado muito ousado para sua época. Já tinha sido editado quando publicado em série na revista literária Lippincott’s em 1890 e depois ainda foi alterado pelo próprio Wilde, que em resposta às duras críticas, fez sua própria edição para a publicação em livro. Estamos falando de uma Inglaterra do século XIX bastante tradicionalista e preconceituosa, assim, a versão original, tirada do manuscrito de Wilde, nunca havia vindo a público. Nicholas Frankel, professor de I...