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A 5ª Onda (2016) | Diversão escapista

The 5th Wave (EUA)
Em determinado momento no filme uma personagem descreve as características de uma pessoa sem sequer a ter conhecido antes. Essa é a definição perfeita da sensação que tive ao assistir “A 5ª Onda”, um filme previsível demais e que não ousa se arriscar. Ainda assim, entrega exatamente o que prometeu no trailer: uma diversão descompromissada e escapista.

Baseado em mais uma trilogia literária voltada para o público adolescente, o longa traz como protagonista a atriz Chloe Grace Moretz no papel de Cassie Sullivan, uma jovem tentando sobreviver e proteger seu irmão durante uma invasão alienígena que planeja exterminar a raça humana. Depois de um início bem promissor e com uma boa carga de tensão e suspense, o filme simplesmente perde a mão num roteiro fraco e recheado de obviedades; praticamente segue a cartilha das adaptações recentes de franquias como “Maze Runner” e “Jogos Vorazes”, (a própria Cassie parece uma mistura de Katniss Everdeen com Thomas) com todos os clichês possíveis e imagináveis.

O filme possui bons efeitos visuais, as cenas de destruição em massa do primeiro ato são muito bem fotografadas e realistas, em especial a grande inundação que vai devastando tudo ao redor do mundo. Uma pena que depois do resumo inicial sobre as primeiras ondas de ataque, o filme fique cada vez menos interessante e se entrega a diálogos bobos e se resulte em uma montagem preguiçosa e cheia de deslizes, com direito a objetos e personagens que somem e reaparecem como mágica sem a menor explicação. O tom de suspense dá lugar para uma sessão da tarde descartável e com mais um triângulo amoroso extremamente forçado. A dramaticidade se torna praticamente inexistente mesmo quando surge uma suposta reviravolta bombástica na trama que de surpresa não tem absolutamente nada.

Mesmo com um roteiro falho e cheio de furos, “A 5ª Onda” consegue entreter quem espera nada mais do que um filme de ação descartável e bem esquecível. Ele deve encontrar seu público-alvo já que não ousa trilhar caminhos diferentes e permanece na zona de conforto das adaptações de franquias literárias para adolescentes, embora essa fórmula esteja se desgastando. Vamos aguardar a continuação e torcer para consertarem os problemas que afundaram esse roteiro.

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