Joy (2015) |
Baseado na vida da inventora Joy Mangano, que inventou o “magic mop” e se tornou milionária, Joy mostra uma mulher que, embora demore tanto tempo para perceber, é também uma guerreira. E sua batalha se faz inicialmente em sua vida aparentemente trivial, cuidando dos filhos, dois pais separados e que tem uma profunda dependência com a filha, e do ex-marido, que mora de favor no porão de sua casa.
Joy encontra-se prostrada diante seu destino e sua história é narrada em terceira pessoa por sua avó Mimi, interpretada pela veterana Diane Ladd; é a simpática senhora que vai nos guiando desde a infância, quando a garota tinha sonhos de se tornar uma grande inventora, passando pela adolescência, quando seus planos estacionam devido à separação dos pais, a impossibilidade de estudar e um casamento fracassado até a atualidade, quando após um acidente, ela tem uma grande ideia e decide levar adiante.
A família de Joy, embora de forma inconsciente, a puxa para baixo, impedindo sua evolução. Seu pai (Robert De Niro) é um homem que tem uma vida emocional bastante frágil e vive mudando constantemente de par, sempre em busca de alguém que lhe complemente. Entre separações busca apoio da filha, passando a morar com ela até que encontra um novo amor, a viúva Trudy (Isabella Rossellini). É confortante rever dois grandes astros juntos e, quando estão na tela, percebemos o que é grandeza: os outros atores se apagam.
A personagem mais emblemática, e que talvez reflita o que seria o futuro da própria Joy, é a da sua mãe que, ainda jovem, tranca-se e passa a viver a vida através da tela de um televisor instalado em seu quarto. Curiosamente, essa personagem nos lembra a idealização da mulher de meia idade trazida e combatida no filme Tudo o Que o Céu Permite (1955), de Douglas Sirk. A TV aqui surge como um substituto da própria vida, sendo o conforto e a prisão ao mesmo tempo. Torna-se também o maior medo da própria Joy, de se tornar, como sua mãe, alguém morta em vida.
Outra personagem que chama bastante atenção, embora não tão trabalhada, é a figura de sua irmã, que é tão frustrada quanto a própria Joy e passa os dias a desanimá-la. Cada personagem tem uma imensa riqueza, mas que infelizmente acaba sendo deixado de lado ou não desenvolvido adequadamente no roteiro. O filme segue um tom bem americano de vida, de que uma boa ideia é fator primordial para se ter sucesso, ignorando que nem sempre a vida real de milhares de pessoas vai de um pico ao outro extremo. E chegamos a ouvir a frase quase literal na boca de um dos personagens: Aqui é a América, onde os sonhos acontecem e as pessoas de várias etnias ou classes sociais têm chances.
Jennifer Lawrence, uma das atrizes mais queridas de Hollywood, entrega uma interpretação sólida, embora sem grande brilho. O filme tem um apelo emocional em diversos momentos e nenhum humor, embora seja classificado, curiosamente, como uma comédia dramática. Joy nos remete à reflexão, de como podemos superar as limitações ao nosso redor, e a não desistir dos nossos sonhos. É um bom filme para sorrir e ter esperanças, diria até que bastante motivacional para muitos.
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