The Danish Girl (EUA) |
David Ebershoff escreveu o romance The Danish Girl inspirado na trágica história de Lili Elbe, uma das primeiras pessoas a se submeter a uma perigosa cirurgia de redesignação sexual. A cirurgia seria realizada em três fases, a primeira com a retirada dos testículos, a segunda com a criação de uma vagina e a terceira com a implantação de um útero.
Apesar da história teoricamente dar ênfase em Lili Elbe, o roteiro escrito pela estreante Lucinda Coxon acaba por dar ênfase principalmente na personagem de Gerda Weneger, esposa de Einar, interpretada magistralmente por Alicia Vikander (Ex-Machina e O Amante da Rainha). A atriz rouba todas as cenas em que surge e toma para si o protagonismo da história, deixando muito pouco para o oscarizado Eddie Redmayne e se tornando forte nome para os prêmios do ano. Vikander, que veio para substituir a já experiente Charlize Theron, mostra um comprometimento que é difícil de ser superado por seu colega de elenco.
Por sua vez, Eddie Redmayne, vencedor do Oscar de Melhor ator do ano anterior, com seu papel do físico Stephen Hawking, parece ainda estar preso na estrutura deste último, repetindo muitos trejeitos e incorporando o que ele parece pensar ser uma mulher. É estranho observar o excesso de piscadas e jogadas de pescoço e compreendemos de fato porque muitos se incomodaram por ver um importante papel transgênero sendo interpretado por um ator cisgênero. Redmayne parece forçado interpretando uma mulher trans e sua feminização aparece de forma forçada e artificial, algo que acaba por obscurecer uma história tão rica e forte. O ator esforça-se e tenta arrancar lágrimas através de um sofrimento que mais nos parece forçado mas que somente consegue ares de drama com a presença de Vikander em cena. Um dos momentos mais constrangedores talvez seja aquele em que Lili se joga no chão, chorando, algo que é impossível não comparar com outra cena bastante parecida, interpretada pelo mesmo Redmayne em A Teoria de Tudo, quando da descoberta de sua doença. Vale salientar que várias atrizes cis também foram cogitadas para o papel principal, dentre elas Nicole Kidman, que produziria o filme também e em nenhum momento cogitou-se colocar alguma atriz trans no papel de Lili.
Outro aspecto a se observar é o próprio desenvolvimento do tema, focando muito mais na personagem de Gerda do que na de Lili, talvez um erro num filme que se propõe a mostrar o processo de uma das primeiras transexuais da história. O filme que teria como proposta inicial falar sobre Lili, acaba por se tornar testemunha da luta de uma mulher que vê o homem que ama ir embora pouco a pouco. Estamos na verdade presenciando a história de Gerda, uma mulher que amou mais do que poderia receber em troca.
Tom Hooper, apesar de ter poucos filmes expressivos, venceu o Oscar em 2011 com o fraco O Discurso do Rei, e investe neste drama baseado em fatos reais, valorizando até a última gota todo o drama folhetinesco que pode retirar da história de Lili Elbe. Um diretor com uma obra superestimada, sabe como agradar à Academia, embora sua última obra não traga uma proposta inovadora e seja apenas mais um pouco do mesmo. No entanto é preciso que destaquemos a excelente direção de Arte assinada por Grant Armstrong (Os Miseráveis e Victor Frankenstein), que é maravilhosa e retrata perfeitamente o período coberto. Além disso os figurinos retratam fielmente o início do século XX, reproduzindo os primeiros tempos da década de 20, época que ambientou o filme, ainda que os cenários e ambientação sejam poucos.
Com relação à história real dos personagens, vale citar que o roteiro optou por ocultar que a verdadeira Gerda Weneger era bissexual e tinha um relacionamento aberto com Einar. O romance no qual foi baseado se trata de um relato fictício baseado em fatos reais, e não uma biografia estritamente real do caso. Alem disso Lili não foi a primeira pessoa que se submeteu à cirurgia de redesignação de sexo. A mesma já vinha sendo realizada na Alemanha em 1919 mas os arquivos sobre a existência de outros casos foram destruídos pelos nazistas em 1933, impossibilitando saber qual teria sido o primeiro paciente de fato do dr. Magnus Hirschfeld.
Apesar da história teoricamente dar ênfase em Lili Elbe, o roteiro escrito pela estreante Lucinda Coxon acaba por dar ênfase principalmente na personagem de Gerda Weneger, esposa de Einar, interpretada magistralmente por Alicia Vikander (Ex-Machina e O Amante da Rainha). A atriz rouba todas as cenas em que surge e toma para si o protagonismo da história, deixando muito pouco para o oscarizado Eddie Redmayne e se tornando forte nome para os prêmios do ano. Vikander, que veio para substituir a já experiente Charlize Theron, mostra um comprometimento que é difícil de ser superado por seu colega de elenco.
Por sua vez, Eddie Redmayne, vencedor do Oscar de Melhor ator do ano anterior, com seu papel do físico Stephen Hawking, parece ainda estar preso na estrutura deste último, repetindo muitos trejeitos e incorporando o que ele parece pensar ser uma mulher. É estranho observar o excesso de piscadas e jogadas de pescoço e compreendemos de fato porque muitos se incomodaram por ver um importante papel transgênero sendo interpretado por um ator cisgênero. Redmayne parece forçado interpretando uma mulher trans e sua feminização aparece de forma forçada e artificial, algo que acaba por obscurecer uma história tão rica e forte. O ator esforça-se e tenta arrancar lágrimas através de um sofrimento que mais nos parece forçado mas que somente consegue ares de drama com a presença de Vikander em cena. Um dos momentos mais constrangedores talvez seja aquele em que Lili se joga no chão, chorando, algo que é impossível não comparar com outra cena bastante parecida, interpretada pelo mesmo Redmayne em A Teoria de Tudo, quando da descoberta de sua doença. Vale salientar que várias atrizes cis também foram cogitadas para o papel principal, dentre elas Nicole Kidman, que produziria o filme também e em nenhum momento cogitou-se colocar alguma atriz trans no papel de Lili.
Outro aspecto a se observar é o próprio desenvolvimento do tema, focando muito mais na personagem de Gerda do que na de Lili, talvez um erro num filme que se propõe a mostrar o processo de uma das primeiras transexuais da história. O filme que teria como proposta inicial falar sobre Lili, acaba por se tornar testemunha da luta de uma mulher que vê o homem que ama ir embora pouco a pouco. Estamos na verdade presenciando a história de Gerda, uma mulher que amou mais do que poderia receber em troca.
Tom Hooper, apesar de ter poucos filmes expressivos, venceu o Oscar em 2011 com o fraco O Discurso do Rei, e investe neste drama baseado em fatos reais, valorizando até a última gota todo o drama folhetinesco que pode retirar da história de Lili Elbe. Um diretor com uma obra superestimada, sabe como agradar à Academia, embora sua última obra não traga uma proposta inovadora e seja apenas mais um pouco do mesmo. No entanto é preciso que destaquemos a excelente direção de Arte assinada por Grant Armstrong (Os Miseráveis e Victor Frankenstein), que é maravilhosa e retrata perfeitamente o período coberto. Além disso os figurinos retratam fielmente o início do século XX, reproduzindo os primeiros tempos da década de 20, época que ambientou o filme, ainda que os cenários e ambientação sejam poucos.
Com relação à história real dos personagens, vale citar que o roteiro optou por ocultar que a verdadeira Gerda Weneger era bissexual e tinha um relacionamento aberto com Einar. O romance no qual foi baseado se trata de um relato fictício baseado em fatos reais, e não uma biografia estritamente real do caso. Alem disso Lili não foi a primeira pessoa que se submeteu à cirurgia de redesignação de sexo. A mesma já vinha sendo realizada na Alemanha em 1919 mas os arquivos sobre a existência de outros casos foram destruídos pelos nazistas em 1933, impossibilitando saber qual teria sido o primeiro paciente de fato do dr. Magnus Hirschfeld.
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