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Clube da Luta | As regras da insanidade


"A primeira regra do Clube da Luta é que você não fala sobre o Clube da Luta".

Com doses de ironias e receitas de sabão, Chuck Palahniuk, autor do renomado livro de 1996, Clube da Luta, que não muito depois se tornou filme nas mãos de David Fincher, traz sua insanidade bagunçada e bem elaborada em trechos aleatórios e passagens desnecessárias. Não posso e nem tenho condições de mentir, esperava muito mais do clássico que tinha em mãos e muito mais de uma estória tão polêmica e intrigante que ainda reúne fãs fiéis e admiradores por todo o mundo.

No entanto, apesar da minha decepção, o desenvolver dos personagens de forma criativa e original fez com que minha leitura continuasse. E é assim que conheci o narrador sem nome, que já não conseguia dormir há três semanas quando resolveu ir ao médico que, ao invés de lhe receitar medicações, encaminha o protagonista para grupos de apoio para testemunhar enfermidades piores que a dele. Mas, ao perceber o conjunto de pessoas que realmente escutam e prestam atenção, o "homem comum" resolve soltar suas lágrimas e receber abraços e atenção de pessoas no leito de morte.

Essa ação já ocorria há dois anos quando Marla Singer apareceu. Com seu cigarro na boca, a mulher começa a aparecer nos mesmos grupos de apoio que o narrador. E essa não foi a única pessoa a entrar de supetão na vida do protagonista. Tyler Durden foi provavelmente a melhor (e a pior) pessoa que apareceu na vida do protagonista: com ações inconsequentes e objetivos sanguinários, ajuda e cria, com o narrador, o já tão falado e conhecido por qualquer cinéfilo "Clube da Luta". A segunda regra do Clube da Luta é que você não fala sobre ele (mias uma vez), mas é uma questão de tempo para mais homens se juntarem com fé cega aos encontros.

Com um final inesperado e incrivelmente bem preparado, não posso deixar de dedicar uma estrela à tal façanha. Mas, devido aos diálogos embaralhados e, por mais que possam dizer o contrário, um enredo fraco e sem atrativos, dedico somente mais uma estrela pelos personagens que, mesmo sendo originais que são, não conseguiram salvar a história de meu desapego. Afinal, "você sempre mata aquilo que ama e aquilo que ama sempre o mata".



Quando descubro o clímax do livro: 




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