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Rush: No Limite da Emoção (2013) | A obsessão dual

Rush (UK)
Nos últimos anos, a Fórmula 1 tem perdido a audiência que era certa nas manhãs de domingo (pelo menos no Brasil). Com os adventos da tecnologia, assim como sua evolução, a partir da metade da década de 1990, a essência, adrenalina e o reais riscos de morte que os pilotos corriam foram perdidos. Rush: No Limite da Emoção é uma biografia que retrata a rivalidade entre dois pilotos famosos, na época em que a Fórmula 1 era um esporte aclamado por um vasto público ao redor do mundo, de todas as idades e perfis.

Responsável pela direção, Ron Howard trouxe ao drama central toda adrenalina que os pilotos sentiam ao entrar na pista de corrida. Com uma ótima direção, facilmente faz o espectador que não entende de automobilismo vibrar com as vitórias. E os que entendem ficam ainda mais extasiados. Os planos detalhes minuciosos que o diretor abrange, unidos à câmera lenta, nos transmite a sensação que o piloto sente: a adrenalina e a concentração. Juntamente com a montagem, que transpõe sublimemente tudo que Howard quer para o filme. Todo desenvolvimento da trama e dos protagonistas, o piloto inglês James Hunt (Chris Hemsworth) e o piloto austríaco Niki Lauda (Daniel Brühl), foi bem desempenhado no roteiro de Peter Morgan, que recebeu a contribuição do real Niki Lauda, hoje com 67 anos.

A dualidade entre os dois pilotos e suas obsessões por vitória são claras desde a primeira cena, momentos antes da corrida em que Lauda sofreu o acidente. A trama se inicia, no entanto, no momento em que Lauda e Hunt se conhecem, numa corrida de Fórmula 3. O desenvolvimento da rivalidade entre eles se baseia na razão e emoção, em que Lauda se mostra extremamente calculista, centrado e preciso, enquanto Hunt era o mulherengo, piloto por amor e, muitas vezes, explosivo. Nada disso seria obtido sem as magníficas atuações de Brühl e Hemsworth, visto que ambos conseguiram reviver os pilotos de forma que faz o espectador sentir-se nos anos 70, acompanhando tudo aquilo ao vivo. E isso se evidencia ao dividir o espectador, sem saber para quem vai sua torcida, quando, na verdade, ambos possuem seus momentos de glória.

O visual dos anos 1970 foi contribuído pela belíssima fotografia, que se mostra com cores saturadas e contrastantes, como o vermelho dos carros e dos uniformes, e o céu azul. Além disso, o design de produção fez um belo trabalho ao retratar todos os carros, roupas, pistas da época. O som alto do ronco dos motores, do piso no acelerador, da marcha sendo mudada e dos pneus rasgando nas pistas, e ainda a agitada trilha sonora composta por Hans Zimmer enaltecem ainda mais o longa.

Rush é um filme que vai além da trama da história real. Howard aborda os bastidores, a evolução dos pilotos e seus respectivos questionamentos, e evidencia que, além de qualquer rivalidade que existiu ali, há um grande respeito mútuo. Isso se comprova no último plano, em que os dois carros lado a lado se dissipam e o horizonte comum entre eles permanece. É um filme que emociona em muitos sentidos e homenageia duas personalidades importantes para o esporte automobilístico.

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