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A Vingança Está na Moda (2016) | A tentativa em inovar

File:The Dressmaker film poster.jpg
The Dressmaker (AUS)
O ditado popular diz que a vingança é um prato que se come frio. No filme A Vingança Está na Moda pode-se substituir um prato frio por um vestido muito bem estilizado. Numa mistura de western com vingança e moda, Jocelyn Moorhouse volta na direção depois de quase 20 anos.

O roteiro, escrito também por Moorhouse em parceria com seu marido J.P. Hogan, é adaptação de uma obra da autora australiana Rosalie Ham. A trama se passa em 1951, numa cidade de interior australiana fictícia chamada Dungatar, onde a estilista Myrtle Dunnage (Kate Winslet) volta depois de ter sido expulsa em decorrência de um evento dramático do seu passado. Ao redor do arco da protagonista, se desenvolvem personagens e demais tramas daquela cidade – quase vilarejo – bem peculiar.

No entanto, na busca de se firmar numa identidade, o longa se perde em suas contínuas quebras de ritmo, com cenas iniciadas pela comédia e terminadas no mais pungente drama, além dos diálogos arrastados, com frases de efeito que não funcionam. Mas o filme ganha pela tamanha excentricidade de seus personagens, muito por causa do elenco. Destacam-se as interpretações de Judy Davis como mãe da protagonista, e de Hugo Weaving como um policial transgênero não assumido. E, claro, Winslet em uma outra ótima atuação, ainda que prejudicada pela falta de tom que sua personagem possui.   

No que o filme peca com o roteiro, surpreende com o visual. A fotografia de Donald McAlpine, ao trabalhar com a direção de Moorhouse, busca o enquadrar centralmente o objeto, trabalhando com o campo visual em questão, fazendo uso de uma paleta de cores que nos remete ao retrô da época do filme, contrastando entre tons pastéis e cores vivas. E, ainda, toda a direção de arte de Roger Ford, adjunta da maquiagem e do belíssimo figurino trabalhados, os quais formam uma química incrível.  

Mesmo que o roteiro não seja realizado da sua melhor forma, a crítica social perdurada pelo filme nos faz perceber que o mesmo conservadorismo e hipocrisia de um vilarejo de 1950 permanecem presentes na atual construção da sociedade, a mesma que se diz evoluída – será?

A Vingança Está na Moda é um filme com ideias interessantes, mas executadas de uma forma não tão interessante assim. E mesmo com um ótimo elenco, o qual garante boas atuações, todo aspecto técnico se destaca mais que a própria trama, que na busca de inovar ao querer brincar com muitos gêneros, se perde e acaba ficando no comum. 

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