Pular para o conteúdo principal

Memórias Secretas (2016) | Amnésia inglória


Remember (EUA)
Existem elementos básicos que são essenciais para a construção de um bom filme. Cito, como exemplo, uma boa história, um bom motivo e, não menos importante, um desenvolvimento de personagens. Memórias Secretas, de Atom Egoyan, é coeso em apresentar essas características obrigatórias mas, infelizmente, demora pra acontecer. 

Um dos momentos mais obscuros da história da humanidade foi a Segunda Guerra Mundial. E o filme carrega este peso melodramático do século XX para a contemporaneidade na história de Zev, um senhor judeu que deseja vingança por um ex-guarda nazista pelo assassinato de sua família há 70 anos. Desta forma, o filme se aventura pelo drama road movie ao revelar o personagem andando de trem, ônibus, táxi e se movendo de uma cidade para outra em busca de sua vítima.

É inegável que há uma boa proposta na trama de originalidade e suspense aterrorizante. O protagonista, interpretado dedicadamente por Christopher Plummer, possui uma carga dramática de dor que causa estranhamento todo instante em que ele pronuncia a palavra “Ruth”, criando um suspense em torno do personagem que tem um crescimento claro e que, consequentemente, desenvolve o filme de forma ágil.

No entanto, para compreendermos a situação, o longa de 95 minutos demora a engatar. Os primeiros atos, ao construírem a trama, nos trazem cenas que são longas e óbvias demais. Um simples dialogo dentro de um vagão de trem é o exemplo perfeito de como desenvolver um personagem em poucas falas, mas o diretor duvida da capacidade do público e exige mais de uma conversa explicando o que há pouco já tinha feito. Não necessariamente prejudicial se não fosse por mais outras cenas dessa forma, como na sequência do hospital com a criança, na loja de armas ou de roupas.

Ao pegar o ritmo, o trabalho se exibe por sua música melancólica e extremista com os seus momentos de tensão. A fotografia é bonita, apesar de bastante limpa em situações em que não tinha porque de haver um sol claro sob os personagens e, por fim, a montagem é razoável, apesar da mise en scène preguiçosa.

Por conseguinte, os excelentes atores se esforçam em contar uma história de boas motivações, resultando em bons momentos durante o longa. Por exemplo, a cena em que o protagonista encontra-se com um policial (interpretado de forma assustadora pelo Dean Norris) em que a inquietude é de incomodar. Dessa forma, o trabalho vale por ter cenas inspiradas como essa. 

Avaliação:

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Morte do Demônio (2013) | Reimaginação do "Conto Demoníaco"

The Evil Dead (EUA) Em 1981, Sam Raimi conseguiu realizar algo extraordinário. Com um orçamento baixíssimo (em volta de 1,5 mil), o diretor reinventou os filmes idealizados dentro de uma cabana com jovens e demônios. Além disso, ainda conseguiu fãs por todo o planeta que apreciavam a maneira simples e assustadora que o longa fora realizado. Em 2009, Raimi entrou em contato com Fede Alvarez por seu recente curta-metragem viral que rolava pela internet. A conversa acabou resultando na id eia de uma reinvenção do “conto” original de 1981. Liberdade foi dada à Alvarez para que tomasse conta da história. Percebe-se, a início, a garra deste para uma boa adaptação, no entanto, ainda peca por alguns problemas graves percebíveis tanto para quem é ou não é fã do original. Ao que tudo indicava, seria um Reboot. Mas se trata, na realidade, de uma (aparentemente) continuação audaciosa. A audácia já começa no pôster de divulgação: “O Filme Mais Aterrorizante que Você Verá Nesta Vida”...

Anúncio Oficial [Duas Faces do Cinema: Quarto Ato]

Desde que nós dois, Arthur Gadelha e Gabriel Amora, sentamos para decidir o nome do blog de cinema que escreveríamos a partir dali, e entramos no acordo que “Duas Faces do Cinema” intitularia o projeto, já sabíamos, mesmo sem dizer um para o outro, que ele não perduraria para sempre; não como principal. No entanto, assim que lançado, ainda com um fundo preto e branco, separando o casal principal do grande vencedor do Oscar, “O Artista”, a marca “Duas Faces do Cinema” ganhava espaço entre amigos e familiares.

Amor, Plástico e Barulho | SENSUALIDADE, CHORO E PAETÊS [por Gustavo Nery]

Brega: gênero musical popular brasileiro com raízes e destaque na região nordeste, caracterizado por suas músicas que misturam romance e sedução, e por suas cantoras excêntricas e de visual espalhafatoso. É nos bastidores dessa atmosfera que se desenvolve o drama “Amor, Plástico e Barulho” (2013), da diretora pernambucana Renata Pinheiro, e premiado em festivais como o de Brasília (2013) e Aruanda (2013). O longa-metragem foi exibido em Fortaleza pela primeira vez nessa sexta (13), como parte da II Mostra Cultura de Cinema Brasileiro. A trama do filme se desenrola em torno de Jaqueline (Maeve Jinkings), vocalista da banda Amor com Veneno , cuja carreira encontra-se em um patamar de incerteza, resultando em crises de alcoolismo e sintomas depressivos. Em contraponto, a jovem dançarina Shelly (Nash Laila), também integrante da banda, está determinada a atingir o sucesso e realizar o sonho de tornar-se cantora de Brega, independente das dificuldades que surgem em seu caminho. A...