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As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras (2016) | Produção exemplar não salva o roteiro falho


TMNT: Out of the Shadows (EUA)
O filme “As Tartarugas Ninja” de 2014 teve um ar de reboot que auto se chantageou pela época em que foi lançado. Consequência do mercado que exige longas com estilos genéricos de Michael Bay e Christopher Nolan, com as cenas de ação descontroladas do primeiro diretor e com as explicações gratuitas do segundo. Anos depois, “As Tartarugas” se manifestam de forma mais inocente ao esquecerem o lado sombrio do primeiro, algo que o título da continuação já sugere.

Como sabem, os personagens surgiram nos quadrinhos de Kevin Eastman e Peter Laird em uma primeira versão bastante violenta e obscura. O tom ficou mais leve e as camadas divertidas e infantis manifestaram-se com os filmes e animações. A obscuridade retornou na nova versão e, apesar do alto faturamento, a produção optou pelo lado mais carnavalesco e divertido das tartarugas.

E, ao mudar o conceito, o roteiro da continuação se sustenta (durante um tempo) nas personagens. O realismo é extinto e o encanto infantil surge na tela com piadas bobas, lutas divertidas e com situações que enchem a tela com um 3D conciso. Prova disso é a abertura em que há cenas que envolvem perseguição de carros, tiradas nerds, lutas grandiloquentes, Megan Fox sensualizando e uma referência óbvia aos trabalhos de Michael Bay.

Dessa forma, o filme cria revestimentos ingênuos que funcionam com a nova pegada. Vilões surgem todo instante, as cenas de lutas vão ficando cada vez mais catárticas  e os conflitos vão piorando. Nesse aspecto, os efeitos conversam perfeitamente com o que o longa propõe. Os novos personagens (Bebop e Rocksteady) são impressionantes em suas sequências de batalhas e há um entendimento por parte da produção em revelar uma boa geografia durante os combates, apesar da montagem esquecer de acompanhar os personagens.

No entanto, os heróis começam a ficar artificiais demais. O roteiro, tão bem desenvolvido no primeiro ato, esquece o dinamismo criado entre o filme e o espectador. Por mais que seja outro diretor (Dave Green) pensando para outro público, o filme se perde e altera tudo para uma previsibilidade banal.

As Tartarugas e os seus companheiros (April O'Neil, Casey Jones e o Mestre Splinter) são tratados sem nenhum arco que cresça e elabore uma história que possua um começo, meio e fim. A impressão que fica é a de um filme episódico em que pouco acontece, além da apresentação dos novos personagens e isso, querendo ou não, prejudica o saldo final. Inclusive, isso afeta os diálogos que carregam textos imaturos e inferiores ao filme de 1990.

Dito isso, há um momento em que o roteiro fica descontrolado e apresenta tantos conceitos e personagens mal aproveitados, que tudo fica jogado como se não houvesse valor durante a projeção. Resultando em uma falta de aprecio por aqueles protagonistas tão bem apresentados.

Por fim, o filme possui ótimos valores de produção e personagens, mas não carrega a energia de ser lembrado como os filmes antigos. O descaso de Green com a direção de atores e roteiro preguiçoso conseguem reduzir a um entretenimento de longas sequências de lutas, já que isso vale o ingresso para muitos. De qualquer maneira, fica o aprendizado em ficar de vez fora das sombras desses dois primeiros filmes. 

Avaliação:

Comentários

  1. Gostei muito os personagens Excelente filme tambem Lego Ninjago! Tinha escutado muitos elogios e depois de ver devo de dizer que realmente essa animação é excelente, muito criativa. the lego ninjago trailer é uma viagem cheia de diversão, emoção e aventura. Ancho que o filme maravilhoso em todos os aspectos. Tem uma grande animação e uma trilha sonora muito bem elaborada. É um filme feito para crianças, mas seguramente vai agradar aos adultos, os personagens são adorávels.

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