Pular para o conteúdo principal

O Novato (2016) | Drama adolescente em nível francês de cinema

O francês criou o cinema, e continua mostrando porque é considerado o melhor de todos. Ele sabe recontar uma mesma história tantas vezes vista, mas sob um viés sempre interessante. O clichê do garoto novo da turma que acaba sofrendo bullyng é um desses exemplos, e é o mote de "O Novato", comédia que chega com destaque no Festival Varilux de Cinema.

'O Novato' conta a história do adolescente Benoit (Réphaël Ghrenassia), que chega em uma nova escola e tem dificuldades de se enturmar. Sofrendo bullying da turma de Charles, ele observa outros garotos que também sofrem com o mesmo mal e cada dia passa a ser uma lição de sobrevivência.

A questão da aceitação é algo inerente ao ser humano, e nas primeiras idades isso se torna uma questão de sobrevivência. Sentir-se acolhido em uma turma, de preferência a de maior destaque toma ares de honra e de status. Uma das soluções encontradas pela maior parte dos jovens é mostrar-se descolado e divertido, mas ser aceito em turmas já consistentes há algum tempo se transforma em um golpe de sorte. Assim é para Johanna (Johanna Lindstedt), a doce imigrante sueca de quem Benoit se aproxima. Os dois imediatamente se tornam amigos, e ele tece esperanças de um futuro namoro. Mas Johanna consegue se aproximar do grupo dos garotos mais influentes da escola, liderado pelo irritante Charles (Eythan Chiche). 

Aí vem aquela velha questão: abrir mão de quem é para agradar aos outros e estar sempre sorrindo de bobagens mesmo quando estas ultrapassam o limite da razão ou manter-se fiel a si mesmo e tentar encontrar o melhor caminho em companhia de pessoas que valham a pena? É preciso que se diga que os amigos que vão surgindo na vida de Benoit não são sua escolha. São jovens que também sofrem para se impor nessa sociedade injusta desde a infância. Extremamente inteligente, Constantin (Guillaume Cloud-Roussel) procura fazer um coral. O garoto tem boas intenções, mas não encontra sempre palavras que traduzem seus pensamentos. Suas palavras não são sempre bem colocadas e faz com que ele seja colocado sempre de lado, principalmente quando tenta se aproximar de Aglaée (Géraldine Martineau), uma jovem que tem uma deficiência física e que não se deixa abater com possíveis discriminações. Por ter uma postura segura, Aglaée age como qualquer adolescente de sua idade, chegando a ser indicada para uma vaga de representante da turma. 

Com menos sucesso, o excêntrico Joshua (Joshua Raccah) é aquele que tenta entrar de toda maneira onde não é convidado. Ele é gente boa, mas com um problema enorme de auto aceitação, e visto como bobo por todos. Pois é justamente esse grupo que irá acolher Benoit.

O filme dirigido por Rudi Rosenberg tem uma leveza inerente a filmes sobre esse drama adolescente, considerado por muitos adultos como boba. Não é, basta olhar para trás para verificar que essa dúvida também cercou cada um de nós. O encontro de Benoit com seus novos amigos, traz também a lembrança que todos nós temos a respeito dos tempos de escola. Não ser o mais popular tem suas coisas boas, como por exemplo encontrar pessoas que gostam de você do jeito que é. 

Avaliação:




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Morte do Demônio (2013) | Reimaginação do "Conto Demoníaco"

The Evil Dead (EUA) Em 1981, Sam Raimi conseguiu realizar algo extraordinário. Com um orçamento baixíssimo (em volta de 1,5 mil), o diretor reinventou os filmes idealizados dentro de uma cabana com jovens e demônios. Além disso, ainda conseguiu fãs por todo o planeta que apreciavam a maneira simples e assustadora que o longa fora realizado. Em 2009, Raimi entrou em contato com Fede Alvarez por seu recente curta-metragem viral que rolava pela internet. A conversa acabou resultando na id eia de uma reinvenção do “conto” original de 1981. Liberdade foi dada à Alvarez para que tomasse conta da história. Percebe-se, a início, a garra deste para uma boa adaptação, no entanto, ainda peca por alguns problemas graves percebíveis tanto para quem é ou não é fã do original. Ao que tudo indicava, seria um Reboot. Mas se trata, na realidade, de uma (aparentemente) continuação audaciosa. A audácia já começa no pôster de divulgação: “O Filme Mais Aterrorizante que Você Verá Nesta Vida”...

Anúncio Oficial [Duas Faces do Cinema: Quarto Ato]

Desde que nós dois, Arthur Gadelha e Gabriel Amora, sentamos para decidir o nome do blog de cinema que escreveríamos a partir dali, e entramos no acordo que “Duas Faces do Cinema” intitularia o projeto, já sabíamos, mesmo sem dizer um para o outro, que ele não perduraria para sempre; não como principal. No entanto, assim que lançado, ainda com um fundo preto e branco, separando o casal principal do grande vencedor do Oscar, “O Artista”, a marca “Duas Faces do Cinema” ganhava espaço entre amigos e familiares.

O Retrato de Dorian Gray | Os segredos de Dorian

Oscar Fingal O’Flahertie Wills Wilde nasceu em 1854 em Dublin, estudou na Trinity College de Dublin e, posteriormente, no Magdalen College em Oxford. Seu único romance foi O retrato de Dorian Gray e seu sucesso como dramaturgo foi efêmero. Morreu em 1900 em Paris, três anos após ter sido libertado da prisão por ter sido pego em flagrante indecência.  O retrato de Dorian Gray foi publicado pela primeira vez em 1891 em formato de livro em uma versão bastante modificada do romance original de Oscar Wilde, pois foi considerado muito ousado para sua época. Já tinha sido editado quando publicado em série na revista literária Lippincott’s em 1890 e depois ainda foi alterado pelo próprio Wilde, que em resposta às duras críticas, fez sua própria edição para a publicação em livro. Estamos falando de uma Inglaterra do século XIX bastante tradicionalista e preconceituosa, assim, a versão original, tirada do manuscrito de Wilde, nunca havia vindo a público. Nicholas Frankel, professor de I...