O francês criou o cinema, e continua mostrando porque é considerado o melhor de todos. Ele sabe recontar uma mesma história tantas vezes vista, mas sob um viés sempre interessante. O clichê do garoto novo da turma que acaba sofrendo bullyng é um desses exemplos, e é o mote de "O Novato", comédia que chega com destaque no Festival Varilux de Cinema.
'O Novato' conta a história do adolescente Benoit (Réphaël Ghrenassia), que chega em uma nova escola e tem dificuldades de se enturmar. Sofrendo bullying da turma de Charles, ele observa outros garotos que também sofrem com o mesmo mal e cada dia passa a ser uma lição de sobrevivência.
A questão da aceitação é algo inerente ao ser humano, e nas primeiras idades isso se torna uma questão de sobrevivência. Sentir-se acolhido em uma turma, de preferência a de maior destaque toma ares de honra e de status. Uma das soluções encontradas pela maior parte dos jovens é mostrar-se descolado e divertido, mas ser aceito em turmas já consistentes há algum tempo se transforma em um golpe de sorte. Assim é para Johanna (Johanna Lindstedt), a doce imigrante sueca de quem Benoit se aproxima. Os dois imediatamente se tornam amigos, e ele tece esperanças de um futuro namoro. Mas Johanna consegue se aproximar do grupo dos garotos mais influentes da escola, liderado pelo irritante Charles (Eythan Chiche).
Aí vem aquela velha questão: abrir mão de quem é para agradar aos outros e estar sempre sorrindo de bobagens mesmo quando estas ultrapassam o limite da razão ou manter-se fiel a si mesmo e tentar encontrar o melhor caminho em companhia de pessoas que valham a pena? É preciso que se diga que os amigos que vão surgindo na vida de Benoit não são sua escolha. São jovens que também sofrem para se impor nessa sociedade injusta desde a infância. Extremamente inteligente, Constantin (Guillaume Cloud-Roussel) procura fazer um coral. O garoto tem boas intenções, mas não encontra sempre palavras que traduzem seus pensamentos. Suas palavras não são sempre bem colocadas e faz com que ele seja colocado sempre de lado, principalmente quando tenta se aproximar de Aglaée (Géraldine Martineau), uma jovem que tem uma deficiência física e que não se deixa abater com possíveis discriminações. Por ter uma postura segura, Aglaée age como qualquer adolescente de sua idade, chegando a ser indicada para uma vaga de representante da turma.
Com menos sucesso, o excêntrico Joshua (Joshua Raccah) é aquele que tenta entrar de toda maneira onde não é convidado. Ele é gente boa, mas com um problema enorme de auto aceitação, e visto como bobo por todos. Pois é justamente esse grupo que irá acolher Benoit.
O filme dirigido por Rudi Rosenberg tem uma leveza inerente a filmes sobre esse drama adolescente, considerado por muitos adultos como boba. Não é, basta olhar para trás para verificar que essa dúvida também cercou cada um de nós. O encontro de Benoit com seus novos amigos, traz também a lembrança que todos nós temos a respeito dos tempos de escola. Não ser o mais popular tem suas coisas boas, como por exemplo encontrar pessoas que gostam de você do jeito que é.
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