Ben-Hur (EUA) |
Desde que surgiram as primeiras informações com relação a Ben-Hur, de Timur Bekmambetov, o estigma da refilmagem inflamou muitos fãs da versão de 1959 dirigida por William Wyler. É preciso que se quebre esse paradigma antes de adentrarmos no nosso tema central. Lembrarmos que também o clássico de Wyler era uma refilmagem da versão lançada em 1925 por Fred Niblo. Me parece que nem mesmo Bekmambetov parecia convencido de que seria uma boa ideia refilmar algo tão grande quando defendeu-se dizendo que sua versão baseia-se não no filme anterior, mas no livro que originou todos eles e escrito por Lew Wallace em 1880.
Seja como for, foi com bastante desconfiança que adentrei na sala para assistir à versão de 2016. Como protagonista, Jack Huston, neto do aclamado diretor John Huston. Seu Judah é um homem puro, desconhecedor das agruras da vida, e que ainda acredita no amor. É preciso que seja acusado injustamente para que perceba que existe um mundo além das paredes de sua confortável casa e que a bondade nem sempre é um prato servido para todos. E tal como o Jó bíblico, tudo perde, para que mais na frente possa dar o devido valor, crescendo como ser humano.
Seu antagonista é Messala (Toby Kebbell), que, apesar de ter uma alma nobre, guarda motivos para se revoltar. Ele é discriminado em meio a um povo que separa as pessoas por castas. Judah não compreende, apesar do grande amor que dispensa ao irmão adotivo, que o jovem tem necessidades de provar a si e aos outros que também merece um lugar ao sol. Em comparação com a versão anterior, o relacionamento entre os dois se torna claramente fraternal em contraposição ao verificado em 1959, quando dúvidas pairavam sobre um pretenso romance entre os dois amigos.
Esta é uma característica evidente de um roteiro que privilegia a irmandade e a necessidade da compaixão desde o princípio. De cara percebemos um Ben-Hur mais focado na redenção e com cenas que evocam o perdão. Rodrigo Santoro surge como um Jesus Cristo pontual, e que surge a cada fase da vida dos dois irmãos. Embora apareça em poucos momentos, seu personagem se torna central numa trama evidentemente cristã.
Apesar de não trazer um elenco de grandes estrelas, Ben-Hur, contrariando todas as expectativas, consegue manter um bom ritmo durante suas mais de duas horas de exibição. Continuo achando que em muitos filmes de ação o 3D se torna totalmente dispensável. Com este não é diferente, e ele não faz falta nem mesmo na famosa cena da corrida de bigas.
Talvez o filme não seja o grande sucesso da temporada, mas é enxuto e honesto. E apesar das tímidas ações de marketing (me parece que até os estúdios preveem um redundante fracasso), promete ser um lançamento que não decepcionará os menos exigentes. Com um roteiro bem desenvolvido como este, Ben-Hur se torna evidentemente um bom filme. Dispensável, mas bom.
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