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Bone Tomahawk (2016) | Tapa na cara


Bone Tomahawk (EUA)
Western, de uns tempos pra cá, sofreu constantemente inúmeras mudanças que os realizadores abraçaram e revelaram de forma atual. Com Onde os Fracos Não Têm VezBravura IndômitaMad Max: Estrada da Fúria, O Regresso, Os Oito Odiados e, por fim, Bone Tomahawka, o gênero cresceu e consolidou de maneira autêntica a importância do Western no século 21.

Em Bone Tomahawaka (sem tradução no Brasil), Kurt Russell interpreta um xerife calmo e altruísta que carrega a complicada missão de resgatar uma mulher e outros dois homens que foram sequestrados por um grupo formado (obviamente) por índios. Na missão, o xerife, juntamente com outros três homens, entra em uma escuridão típica que outros filmes já tinham apresentado há 50 anos, com obstáculos de extrema tensão, muito preconceito, ideologias ultrapassadas e com bastante humor negro digno de diálogos inspirados em Quentin Tarantino.

Pela temática piegas que o filme apresenta, a missão permeia por Meu ódio Será Sua Herança, Rastros do Ódio e tantos outros com narrativas tenebrosas que envolviam uma dama em perigo nas mãos dos índios violentos e selvagens. O desespero, por outro lado, se mantém tímido por grande parte do tempo ao apresentar de forma bastante desmazelada os personagens, suas motivações e desenvolvimentos, resultando em dois atos de conflitos que tornam-se paradigmas de fáceis resoluções.

A direção comandada por S. Craig Zahler é diabólica (no bom sentido) e eficiente, de modo que o roteiro várias vezes apresenta comicidade e sátiras que são aceitáveis e inteligentes em abraçar o público acostumado com as perseguições e sequências de batalhas.

O diretor ao lado de seu fotógrafo, Benji Bakshi, inicia o longa com cores que representam individualmente os ambientes nos quais os personagens se encontram. Enquanto começa com um sol forte sob suas cabeças e com uma escuridão do outro lado do estado, os heróis vão de encontro ao desconhecido e, de maneira belíssima, o diretor de fotografia possibilita que o espectador compreenda que o pior estar por vir por consequência da paleta que é revelada na imensidão de terra que há pela frente. Sem trilha alguma, o roteiro desenvolve os dois primeiros atos pra um terror em que causa interesse até o fim por feição aos personagens e, é claro, por curiosidade.

Os atores entendem o pânico em que eles se aproximam e entregam atuações esforçadas que garantem aprecio por todos, apesar de suas atitudes duvidosas durante o percurso. Kurt Russell entrega um profissional digno de confiança e que é daqueles que se distancia dos demais por ser inteiramente cortês e dedicado em sua profissão, além de esquecer de John Ruth em Os Oito Odiados que foi lançado no início do ano. Enquanto o Patrick Wilson, mais uma vez carismático, exibe um herói apaixonado em busca de sua esposa, ao ponto de passar um sofrimento sem tamanho com a sua perna quebrada que pode a qualquer momento ser amputada por um deles. Já o Matthew Fox é um dos grandes enigmas do filme que vai apresentado camadas ao redor com o seu intenso desenvolvimento e, por último, Richard Jekins entrega o seu personagem mais querido por ser o mais infantil do grupo, mas que apresenta um bom coração com todas as suas atitudes.

Enquanto isso, a parte técnica é deveras misteriosa por trazer elementos que constroem a firmeza de coesão entre o universo criado pelo roteiro e cenas longas que se finalizam de maneiras abruptas ao ponto de não permitir que o espectador sinta o que está por vir, assim como impede que exista diversão nos momentos em que os diálogos estão tranquilos e sem um terror como sombra. Consequência da montagem que compreende o propósito e transfigura a ideologia de se encantar por eles pra depois sofrer com os mesmos.

Já a música, como complemento da fotografia, vai ganhando forças durante os 120 minutos de projeção e envolve com a sua peculiaridade de entoar durante situações em que não esperamos. A construção se desenvolve e, até mesmo em momentos de um longo envolvimento pacifista, a trilha revela as suas intenções.

Por fim, eis que chegamos ao terceiro ato e o filme se torna em um torture porn digno de Holocausto Canibal. A genialidade em omitir sangue e cenas de mortes durante os primeiros atos são revelados quando o trabalho se aproxima do fim com as inúmeras sequências de tortura em cima dos efeitos práticos, algo que as tornam complicadas de se consumir.

E, apesar de todo o envolvimento com a trama e seus personagens, o filme nos presenteia (positivamente e negativamente) a sua versão de tabu para com os índios do século 18. A peculiaridade que envolve os vilões são dignos de clichês preconceituosos e repetitivos que já se extinguiram há mais de 40 anos. E, querendo ou não, os tempos contemporâneos chegaram pra atualizar e, se essa for a nova faceta dos inimigos canibais durante os próximos filmes, que sejam bem feitos como foi em Bone Tomahwaka.

Avaliação:


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