Bone Tomahawk (EUA) |
Western, de uns tempos pra
cá, sofreu constantemente inúmeras mudanças que os realizadores abraçaram e
revelaram de forma atual. Com Onde os Fracos Não Têm Vez, Bravura Indômita, Mad Max: Estrada da Fúria,
O Regresso, Os Oito Odiados e, por fim, Bone
Tomahawka, o gênero cresceu e consolidou de maneira autêntica a importância
do Western no século 21.
Em Bone Tomahawaka (sem
tradução no Brasil), Kurt Russell
interpreta um xerife calmo e altruísta que carrega a complicada missão de
resgatar uma mulher e outros dois homens que foram sequestrados por um grupo formado
(obviamente) por índios. Na missão, o xerife, juntamente com outros três homens, entra em uma escuridão típica que outros filmes já tinham apresentado há 50
anos, com obstáculos de extrema tensão, muito preconceito, ideologias
ultrapassadas e com bastante humor negro digno de diálogos inspirados em Quentin Tarantino.
Pela temática piegas que o
filme apresenta, a missão permeia por Meu
ódio Será Sua Herança, Rastros do
Ódio e tantos outros com narrativas tenebrosas que envolviam uma dama em
perigo nas mãos dos índios violentos e selvagens. O desespero, por outro lado,
se mantém tímido por grande parte do tempo ao apresentar de forma bastante
desmazelada os personagens, suas motivações e desenvolvimentos,
resultando em dois atos de conflitos que tornam-se paradigmas de fáceis
resoluções.
A direção comandada por S. Craig Zahler é diabólica (no bom
sentido) e eficiente, de modo que o roteiro várias vezes apresenta comicidade e sátiras
que são aceitáveis e inteligentes em abraçar o público acostumado com as perseguições e sequências de batalhas.
O diretor ao lado de seu
fotógrafo, Benji Bakshi, inicia o
longa com cores que representam individualmente os ambientes nos quais os
personagens se encontram. Enquanto começa com um sol forte sob suas
cabeças e com uma escuridão do outro lado do estado, os heróis vão de encontro
ao desconhecido e, de maneira belíssima, o diretor de fotografia possibilita
que o espectador compreenda que o pior estar por vir por consequência da paleta que é revelada na imensidão de terra que há pela frente. Sem trilha alguma,
o roteiro desenvolve os dois primeiros atos pra um terror em que causa
interesse até o fim por feição aos personagens e, é claro, por curiosidade.
Os atores entendem o pânico em
que eles se aproximam e entregam atuações esforçadas que garantem aprecio por
todos, apesar de suas atitudes duvidosas durante o percurso. Kurt Russell
entrega um profissional digno de confiança e que é daqueles que se distancia dos
demais por ser inteiramente cortês e dedicado em sua profissão, além de esquecer de John Ruth em Os Oito Odiados que foi lançado no início do ano. Enquanto o
Patrick Wilson, mais uma vez carismático,
exibe um herói apaixonado em busca de sua esposa, ao ponto de passar um
sofrimento sem tamanho com a sua perna quebrada que pode a qualquer momento ser
amputada por um deles. Já o Matthew Fox
é um dos grandes enigmas do filme que vai apresentado camadas ao redor com
o seu intenso desenvolvimento e, por último, Richard Jekins entrega o seu personagem mais querido por ser o mais
infantil do grupo, mas que apresenta um bom coração com todas as suas atitudes.
Enquanto isso, a parte técnica
é deveras misteriosa por trazer elementos que constroem a firmeza de coesão
entre o universo criado pelo roteiro e cenas longas que se finalizam de
maneiras abruptas ao ponto de não permitir que o espectador sinta o que está
por vir, assim como impede que exista diversão nos momentos em que os diálogos estão
tranquilos e sem um terror como sombra. Consequência da montagem que compreende
o propósito e transfigura a ideologia de se encantar por eles pra depois sofrer
com os mesmos.
Já a música, como
complemento da fotografia, vai ganhando forças durante os 120 minutos de
projeção e envolve com a sua peculiaridade de entoar durante situações em que
não esperamos. A construção se desenvolve e, até mesmo em momentos de um longo
envolvimento pacifista, a trilha revela as suas intenções.
Por fim, eis que chegamos ao
terceiro ato e o filme se torna em um torture porn digno de Holocausto Canibal. A genialidade em
omitir sangue e cenas de mortes durante os primeiros atos são revelados quando
o trabalho se aproxima do fim com as inúmeras sequências de tortura em cima dos
efeitos práticos, algo que as tornam complicadas de se consumir.
E, apesar de todo o
envolvimento com a trama e seus personagens, o filme nos presenteia
(positivamente e negativamente) a sua versão de tabu para com os índios do
século 18. A peculiaridade que envolve os vilões são dignos de clichês preconceituosos
e repetitivos que já se extinguiram há mais de 40 anos. E, querendo ou não, os
tempos contemporâneos chegaram pra atualizar e, se essa for a nova faceta dos
inimigos canibais durante os próximos filmes, que sejam bem feitos como foi em Bone
Tomahwaka.
Avaliação:
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