O
que falar sobre a enxurrada de publicações de livros de youtubers
no ano de 2016? Esse ano foi indubitavelmente o ano dos livros de
youtubers. Vimos em todas as livrarias pelo país dezenas de livros
escritos por esses influenciadores digitais. Entre as prateleiras de
Literatura estrangeira e Literatura brasileira abre-se um novo
segmento: Literatura dos Youtubers.
Tenho um pouco de resistência com relação aos livros escritos somente para angariar lucro, sei que é meu lado romântico falando por mim, mas as editoras não querem grandes escritores que façam livros com profundas lições de vida e que durem gerações, querem vender. Simples assim.
Tenho um pouco de resistência com relação aos livros escritos somente para angariar lucro, sei que é meu lado romântico falando por mim, mas as editoras não querem grandes escritores que façam livros com profundas lições de vida e que durem gerações, querem vender. Simples assim.
E é crime querer vender e ter lucro? Não, mas o que observamos é quase um descaso com escritores que se dedicam a escrever e escrever bem. Você pode me dizer que vender bem esses livros de “oportunidade” vai ajudar a editora a investir em bons escritores. Só posso te desiludir, caro amigo. Esse nicho que se abriu vai sim abrir oportunidade para novos livros. Novos livros de youtubers.
Não estou dizendo que todos esses livros são ruins, temos o exemplo do livro da Julia Tolezano, a Jout Jout, intitulado como "Ta todo mundo mal". Ela conseguiu escrever um livro de crônicas onde suas histórias e crises são retratadas. E fez isso muito bem, mas venhamos e convenhamos, ela é uma das exceções que pude observar.
De Taciele Alcolea a Felipe Neto, creio que poucos se dedicaram a escrever seus livros, muitos deles só tem o nome na capa e outra pessoa escreveu. É triste e melancólico pensar em como está se enveredando a literatura do nosso país. E não estou jogando na fogueira todo mundo, o problema é cultural e estrutural. O brasileiro não lê. Tem outras prioridades que são mais importantes que gastar dinheiro com livro, comer por exemplo.
Nas nossas escolas não se incentiva a leitura. Então obviamente esses ídolos passageiros chamam a atenção dos jovens. E vendem. Vendem muito. Então hoje podemos encontrar nas livrarias personalidades como Kéfera, Pc Siqueira, Jout Jout e por aí vai. Inclusive em uma pesquisa que buscou retratar o perfil de leitura no Brasil- Retratos da Leitura no Brasil - a Kéfera foi tão citada quanto Machado de Assis. Olha só! O que nos faz questionar se ela ganhará então uma cadeira na Academia Brasileira de Letras ou quem sabe até um Prêmio Nobel de Literatura. Será?
Então com minhas reticências vou observando essa tendência editorial, procurando ter um pouco de criticidade, sem deixar de ser justa com as boas escritas, porque até em meio a essa enxurrada de livros, existem aqueles que foram bem pensados e articulados. E quem sou eu pra dizer que eles não podem publicar?
Então quando a gente questionar um livro de youtuber, tentemos ir na raiz do problema: pessoas que leem Machado de Assis, Antônio Sales, José de Alencar são minoria. A realidade brasileira é outra. A maioria está comprando o livro da Kéfera ou do Pc Siqueira. Quem dera se no mercado prevalecessem livros como os que foram escritos por Tolstói, Jane Austen ou Guimarães Rosa. Mas agora como fazer esse tipo de literatura chegar na maioria e criar essa demanda? Bem, aí é um outro problema e acho que eu já falei demais por hoje.
Comentários
Postar um comentário
Deixe sua opinião!