X-Men (EUA) |
Quando Christopher Reeve fez o público crer que um homem podia, de fato,
voar, o mundo já aguardava por isso. A energia e o altruísmo do personagem
criaram um contexto de paz e de força que os Estados Unidos necessitava naquele
período assustador da Guerra Fria. Funcionou tanto no confronto quanto em sua
criação nos quadrinhos em 1938, no auge de outro desespero. Deste modo, na virada
do século, Bryan Singer, com uma
equipe competente, fez o mesmo com o contexto, apesar de ser o oposto daquele
que trazia harmonia.
X-Men de Singer
foi o primeiro passo ao tão invejável subgênero de heróis atualmente. Blade, Batman e outros do século anterior tiveram os seus méritos, assim
como o Super-Homem de Reeve, no
entanto, a diferença aqui, que permanece até hoje, é a contemporaneidade
corajosa que Singer quis abordar, como Stan
Lee e Jack Kirby conceberam na
criação dos personagens em 1963.
Além de influente nos
quadrinhos na última década, o filme desenvolve de modo eficaz como seria o
universo dos mutantes no período de guerras, preconceito, opressão e medo que
vivemos. Com discursos e apologias atuais, Singer e seu roteiro, protagonizado
por super-heróis, compreende e abraça questões que fogem de batalhas
estereotipadas entre o bem e o mal.
No primeiro ato, por exemplo, o
diretor transforma aqueles que seriam ridículos, sem o roteiro correto, em
pessoas reais, fugindo do que podia dos quadrinhos, como na sequência dos
campos de concentração em que traz uma carga dramática ao vilão, o que o torna
em uma vítima daquele mundo que o oprimiu até a sua modificação como um operante
da intolerância.
Recuando da alienação usual, o
roteiro expressa personagens com dramas inteiramente realistas, afim de trazer
identificação com uma calma singela que muitos outros não arriscariam. Deste modo,
os personagens, como Wolverine, interpretado intensamente pelo sempre
competente Hugh Jackman, e Vampira,
nas mãos da dedicada Anna Paquin,
geram personalidades interessantes que, além de acarretarem carisma, trazem
dramas empáticos o suficiente para ocasionar sensações intimas no espectador, o
qual um dia já se sentiu como eles.
Outro ponto sábio do roteiro,
além deste meio interpretativo e sincero dos astros, é a apresentação de
universo que criou uma escola com conceitos fantásticos, o que provoca
impressões de apego e segurança daquele lugar coordenado pelo Professor Xavier
vivido por Patrick Stewart. Assim
como a música de Michael Kamen, que
associa o drama e o humor de forma perspicaz e necessária para a criação de
realismo daquele ambiente.
A montagem, felizmente, é outro
ponto excepcional que cria intimidade com os heróis, como na sequência em que
Wolverine passa os seus poderes de regeneração para Vampira na tocha da Estátua
da Liberdade, em que a câmera se movimenta exibindo os personagens e suas reações,
o qual ainda apresenta uma fotografia belíssima e convincente para o clima que,
mesmo noturno, é claro o suficiente. Por último, a maquiagem incrível de Ann Brodie desenvolve mais camadas que
discute os personagens, como as transformações da Mística e o visual
aterrorizante de Dentes-de-Sabre.
Por conseguinte, a mensagem de
esperança tão sincera de Xavier para os seus alunos ilustra e cria expectativas
fortes no universo dos mutantes. O nosso mundo de opressão encontrou o deles. Por sorte, Stan Lee, Joe Quesada, Chris Claremont, Bryan Singer e tantos
outros abraçaram a causa de levantar uma bandeira de ficção cientifica que
fosse assustadoramente atual.
Melhor descrição que já li sobre o primeiro filme, excelente ponto de vista!
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