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Vida (2017) | Pouca água, muita bacia

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Life (EUA)
Elevado a outro patamar em 1968 por Stanley Kubrick, a “ficção científica de espaço” também foi (e continua sendo) meio para flertar com temáticas que viajam de solidão ao sentido da vida. Isso porque o universo é suficientemente desconhecido para abarcar nossas dúvidas como humanos. E nessa leva, o próprio Tarkovski lançou o inventivo ‘Solaris’ logo em 1972. Quanto ao cinema contemporâneo, títulos como ‘Prometheus’, ‘Gravidade’ e até mesmo ‘Interestelar’ convencem apesar da distinção. O sexto longa do sueco Daniel Espinosa ‘Vida’ entra em uma lista ainda mais recente que, por alguma razão, selecionou Marte como tendência. Teve ‘Perdido em Marte’ lembrado no Oscar e, esse ano, para coexistir, temos ‘Espaço Entre Nós’. Tendo esse micro referencial em questão, ‘Vida’ apresenta algum poder real de sobreposição?

Um duvidoso prólogo frenético tenta apresentar um ambiente que já vimos idêntico: uma estação espacial. Dentro dela, personagens com dimensões e histórias que também já conhecemos. Diante pouca novidade, é igualmente desanimador que seu diferencial seja apresentado de forma enfadonha. Logo mais, em seu ponto de virada, é ainda mais assustador que se assuma tão bizarro. O “poder da vida” é utilizado com uma justificativa que extrapola o próprio sentido: é preciso aceitar essa construção de aparência frágil do antagonismo, e embarcar na viagem mesmo prevendo quase todos os passos de um roteiro que não faz questão de “ser diferente”. Inclusive, não temendo utilizar a mesma estrutura na trajetória e na personalidade de seus astronautas. 

Somente pouco após a metade o filme se define às próprias “falhas”. É interessante, por exemplo, que a direção de Espinosa tenha mais interesse em enxergar sua trama com o suspense que lhe sobressai. A síntese de seu envolvimento funcionaria em outro ambiente, e essa necessidade de se construir uma ação em grupo diante a ameaça inesperada ganha um breve grau de novidade dentro da mesmice – Espinosa e os roteiristas Rhett Reese e Paul Wernick devem a Ridley Scott tanto agradecimento pela inspiração, quanto explicação pela chafurdaria. 

Com performances suficientes ao comodismo de astros como Jake Gyllenhaal, Ryan Reynolds e Rebecca Ferguson, o filme cria uma atmosfera onde seus personagens importam tanto quanto não parecem incomodados com os desafios e novas informações que vão surgindo (destaque para a última, recebida com sobriedade). Como me referi antes, a Espinosa é importante que se valide o suspense. Seus protagonistas só precisam “correr” por entre os túneis da estação e o clima está construído. Tornando envolvente um processo abertamente inverossímil, o filme não exige muito de seu espectador; tendo visto tudo aquilo anteriormente, a ele satisfará as impactantes cenas “violentas” e a pequena ideia finalmente boa que surge antes dos créditos.

“Vida” não faz o que pode se pensar por seu título; embora balanceie rapidamente a força e a fragilidade da vida, o filme usa seu tema para fortalecer como principal justificativa um antagonista que quando finalmente deixa de ser bizarro, torna-se genérico. Uma aventura que vale por algumas boas ideias que geram um envolvimento imediato, mas que, vista de fora, não parece atrativo lhe revisitar – nem mesmo na memória. 

Crítica: Vida (2017)

Pouca água, muita bacia

Comentários

  1. Os filmes de suspense são os meus preferidos, mas Vida se tornou no meu filme preferido. Sua historia é muito fácil de entender e os atores podem transmitir todas as suas emoções, é muito interessante. Eu recomendo muito e estou segura de que se converterá numa das minhas preferidas. É um filme que teve muitas opiniões divididas, mas eu realmente gostei disso!

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