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Meu Malvado Favorito 3 (2017) | Quando o vilão diverte mais


Despicable Me 3 (EUA)
Para quem costuma acompanhar estúdios hollywoodianos de animação, não é nenhum segredo de que "Meu Malvado Favorito" (2010) é a "galinha dos ovos de ouro" da Illumination Entertainment, estúdio que é um dos braços da gigantesca Universal Pictures. Responsável por apresentar ao mundo os já supersaturados Minions — criaturas amarelas que ganharam um filme spin-off com seu nome em 2015 — o longa-metragem original, devido ao seu gigantesco sucesso, já virou até atração de parque temático. Após uma sequência morna em 2013, este terceiro episódio da franquia, a cargo novamente dos diretores Pierre Coffin e Kyle Balda, busca atrair outra vez o público pagante, apresentando algumas propostas que devem ser exploradas em breve pelo próprio estúdio de forma comercial. 

Desta vez, o protagonista Gru (Steve Carrell/Leandro Hassum), aqui inicialmente um "mocinho" à caça de vilões com sua esposa Lucy (Kristen Wiig/Maria Clara Gueiros), empenha-se em capturar o vilão Balthazar Bratt (Trey Parker/Evandro Mesquita), um lunático obcecado pela década de 1980, enquanto cuida de suas três filhas adotivas (Margo, Edith e Agnes) e lida com a descoberta de que possui um irmão gêmeo, Dru (também interpretado pelos dubladores de Gru), cuja personalidade é completamente oposta à sua.

Com a quantidade de personagens da franquia cada vez maior, o roteiro da dupla Cinco Paul e Ken Daurio (responsáveis pelos outros filmes de Gru e, mais recentemente, "Pets: A Vida Secreta dos Bichos" [2016]), acaba dividindo-se em vários arcos, formato que explora ao máximo todos os elementos possíveis — desde os Minions, em um subplot que oscila entre o divertido e o desnecessário, até uma aventura de Agnes à procura de um unicórnio. Tantas tramas paralelas tornam o enredo um pouco forçado e cansativo, como na situação que envolve a existência de um irmão gêmeo; é tão brega e cliché que serve mais para reforçar estereótipos do que desenvolver os personagens. No entanto, percebe-se uma conexão maior com o primeiro longa-metragem do que o filme predecessor, o que é um aspecto muito positivo.

+ Crítica: Pets - A Vida Secreta dos Bichos (2016) | Animação diverte, mas carece de diferencial

Ressalto, porém, que nem todas os arcos são desinteressantes: há uma ótima exploração em torno da personagem Lucy e seu desejo de aproximar-se de uma figura materna para suas filhas adotivas. Além disso, Balthazar Bratt é — de longe — o personagem mais divertido e complexo deste filme, tornando-se não somente um vilão cômico, carismático e talvez memorável, mas trazendo à tona um aspecto relevante em sua composição: por tratar-se de um astro mirim de televisão, rejeitado pelos estúdios em sua puberdade e por esta razão completamente preso ao seu passado de sucesso, os roteiristas entregam por meio dele uma crítica à construção de "celebridades descartáveis" em Hollywood, assim como as consequências às vezes traumáticas do show business para profissionais infantis sem acompanhamento. Devido a esta relevância temática, não me incomodaria caso ele tivesse um pouco mais de tempo em tela.

Em relação aos aspectos técnicos do filme, não há evoluções perceptíveis em níveis visuais, embora novos e belos cenários tenham sido adicionados ao universo da franquia. Quanto à música, o estúdio torna em investir mais em canções pop do que em scores originais. Tendo em vista não só os outros filmes de "Meu Malvado Favorito", mas também as últimas produções da Illumination, "Sing - Quem Canta Seus Males Espanta" (2016) e o já citado "Pets" (2016), é notável uma tendência que pode torna-se marca da produtora. Apesar de "HandClap", da banda Fitz & Tantruns, aparecer como a 'nova' "Happy", hit de Pharrell Williams que foi tema do segundo filme e concorreu ao Oscar de Melhor Canção Original, as músicas que realmente marcam este capítulo e roubam as cenas são os sucessos oitentistas que tocam nas sequências de Balthazar — como "Bad", "Take On Me", "99 Luftballons", "Physical" e outras canções dançantes da década.

+ Crítica: Sing - Quem Canta Seus Males Espanta (2016) | Animação agrada na proposta musical

O humor de "Meu Malvado Favorito 3" não é tão inteligente e nem tudo presente no filme é necessário. Contudo, algumas evoluções na história são sólidas, muitos personagens têm carisma e o entretenimento, especialmente o musical, é satisfatório. Se o estúdio empenhar-se um pouco mais, caso decida produzir um quarto capítulo (sejamos sinceros, deve acontecer), talvez ele consiga figurar em um patamar de animações realmente divertidas e de qualidade, e conquiste seus níquéis sem precisar comprometer-se demais para isto, como tem feito. Se este é o seu real objetivo, Illumination... vocês estão quase lá.

Crítica: Meu Malvado Favorito 3

Quando o vilão diverte mais

Comentários

  1. Adoro os filmes de animação e juro que é meu gênero preferido, eu recomendo O Que Será de Nozes 2, passou as minhas expectativas, em sério é uma história super bonita e os personagens são as coisas mais fofas do mundo, você já viu? Se alguém ainda não viu, eu recomendo amplamente, vocês vão gostar com certeza. É um dos melhores filmes animados recentes, e muito interessante, sinto que história é boa, mas o que realmente faz a diferença é a participação de Jackie Chan neste filme, já que pela grande experiência que eles têm no meio da atuação fazem com que os seus trabalhos sejam impecáveis e sempre conseguem transmitir todas as suas emoções. Me manteve tensa todo o momento, cuida todos os detalhes e como resultado é uma grande produção, vale muito à pena, é um dos melhores do seu gênero.

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