Muitos filmes tentaram traduzir o silêncio e a solidão do espaço – unicamente a esses objetivos, por exemplo, resume-se ‘Gravidade’, experimento ensurdecedor de Afonso Cuarón. E desde a obra imutável de Kubrick, algumas questões foram implícitas, como o mistério, a fronteira, a dimensão do tempo, a percepção, questionando assim, fatores essenciais da humanidade. A exemplo máximo, a consciência, um símbolo tão estigmatizado e até mesmo sucateado por diversas aventuras secas que a tratam como elemento de engate teatral.
Mas os grandes produtos da ficção científica compreendem que a consciência, e sua eventual maleabilidade, é na realidade um alicerce que concretiza o drama dos devaneios. E são essas percepções que tornam fantasias longínquas tão próximas ao ponto de resgatar memórias e projeções íntimas de quem o assiste. Há algo de tudo isso em alguma das camadas frágeis de ‘Love: Solitário’, um“filme de espaço” dignamente inofensivo.
Mas os grandes produtos da ficção científica compreendem que a consciência, e sua eventual maleabilidade, é na realidade um alicerce que concretiza o drama dos devaneios. E são essas percepções que tornam fantasias longínquas tão próximas ao ponto de resgatar memórias e projeções íntimas de quem o assiste. Há algo de tudo isso em alguma das camadas frágeis de ‘Love: Solitário’, um“filme de espaço” dignamente inofensivo.
O astronauta Lee Miller está à deriva no espaço após ser abandonado pela equipe que o acompanha da Terra. A jornada, então, é sobreviver – algo como o ‘Perdido em Marte’, mas sem a comédia enxergada pelo Globo de Ouro. É claro que Lee está sozinho, tendo que lidar com sua presença e a conturbada consciência. Até então, porém, ‘Love: Solitário’ já levantou questões suficientes para que essa trama não despenque.
É nesse vão que o roteirista/fotógrafo/diretor estreante William Eubank encontra espaço para o mistério que irá assombrar tanto Lee quanto seu espectador até sua conclusão ‘2001 de budega’. Começando sua história na Terra, e sem nosso protagonista, William filma um grupo que acompanha uma guerra nos parâmetros clássicos; há bombas, túneis, terra tremendo, pessoas se encarando. Mas o que essa história faz num filme que se chama ‘Love’ sobre um astronauta solitário?
É nesse vão que o roteirista/fotógrafo/diretor estreante William Eubank encontra espaço para o mistério que irá assombrar tanto Lee quanto seu espectador até sua conclusão ‘2001 de budega’. Começando sua história na Terra, e sem nosso protagonista, William filma um grupo que acompanha uma guerra nos parâmetros clássicos; há bombas, túneis, terra tremendo, pessoas se encarando. Mas o que essa história faz num filme que se chama ‘Love’ sobre um astronauta solitário?
Além dessa, existem outras várias histórias para além de Lee, compreendidas pela montagem dramática como um incitador de questões. Ainda não temos certeza em qual se deve apostar das várias metáforas possíveis para o título do filme, mas desde cedo há uma sensação provocante nesses relatos sobre solidão, incertezas, decisões, memória, e as demais dúvidas universais sobre a vida. Lee é esse observador que não faz parte de nada; e só então torna-se lógico que tampouco o conhecemos. Não temos informações o suficiente para compreender os parâmetros de sua imaginação, a projeção dos sonhos, em que nível Lee realmente compreende a vida vendo-a dali de cima. Este parece ser o conflito mais latente da obra, mesmo com os exageros bucólicos: um breve pensamento sobre a humanidade e o tempo (é como retirar toda a ganância científica de ‘Interestelar’ e internalizar toda filosofia exposta). Precisando evocar novamente o ultrapasse da fronteira, é como se William quisesse saber mais do astronauta que viu o inenarrável em 1968.
Vale lembrar que esse filme vem do afamado vale do cinema independente (norte) americano, e isso só expande a ‘veracidade’ de sua desordem. Excluindo as dispendiosas brincadeiras com a gravidade, o único tripulante Lee não flutua pelos corredores; a angústia do planeta gélido e silencioso que brilha lá fora (independente de embaixo, em cima ou ao lado) é ainda mais desesperadora, e William sabe usar o pequeno espaço para construir pensamentos. A constantes alternância de ângulo nos planos, por exemplo, diz muito mais sobre a consciência de Lee do que propriamente sobre sua orientação espacial.
É impossível não reconhecer planos e cenografias idênticas a obra do Kubrick; até mesmo a capacidade de “se ver no tempo” William adaptou ao seu astronauta apaixonado. O amor, porém, não é a dimensão que transcende o tempo e o espaço; é na realidade, o que se perde. Sentir o amor em sua essência é como o medo do vazio: muita informação, sem qualquer garantia de limite ou de paz, sem o controle do fim. Se platônico, então, a loucura de Lee faz ainda mais sentido.
Mas esse não é bem o ponto de ‘Love: Solitário’, é algo entre isso e o já citado ‘2001: Uma Odisseia no Espaço’. Se não é uma homenagem humilde, um plágio dos piores. No entanto, independente do que for, há um sentimento muito específico que engrandece até mesmo a bela cafonice da obra: estamos perdidos, e não é só quem ama.
Mas esse não é bem o ponto de ‘Love: Solitário’, é algo entre isso e o já citado ‘2001: Uma Odisseia no Espaço’. Se não é uma homenagem humilde, um plágio dos piores. No entanto, independente do que for, há um sentimento muito específico que engrandece até mesmo a bela cafonice da obra: estamos perdidos, e não é só quem ama.
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