Pular para o conteúdo principal

Os Donos da Noite (2007) | O drama familiar descoberto na máfia novamente

Resultado de imagem para we own the night james gray film
Enquanto que José Padilha ganhava forças em seu exercício de mostrar um Brasil caótico, fascista e pitoresco, James Gray apresentava, em seu terceiro filme, um clichê que, mesmo sendo óbvio, se distancia das outras obras policiais verborrágicas do século. Gray, assim como Padilha, filma sem firulas. A sua câmera não se movimenta como se procurasse ser revolucionário e nem a edição se manifesta como se buscasse destaque. A história e os seus personagens são mais críveis em Os Donos da Noite, de 2007.

O universo, construído pelo roteiro, mostra um gênero enterrado prematuramente na década de 1980. O famoso filme de máfia, com um clima de O Poderoso Chefão, se desenvolve no instante em que o Capitão Joseph leva um tiro, cabendo ao seu irmão, Bobby, voltar para a família e resolver o caso, logo que teve influência no crime e tráfico da cidade.

A obra encontra espaço, como de costume nos filmes de Gray, para falar sobre família. Assim como aconteceu com Amantes, 2008, e Z – A Cidade Perdida, 2017, o texto do diretor trabalha e desenvolve os arcos de todos com cautela para mostrar, por fim, o valor de ter os genitores por perto, como pode ser observado nos intensos diálogos entre Mark Wahlberg e Joaquin Phoenix diante do pai, que tem como interprete o sempre excelente Robert Duvall.



Joaquin, por outro lado, se destaca mais. A sua construção e desenvolvimento garantem uma síntese que, apesar de sua obviedade, é gostosa de acompanhar, já que sofremos quando percebemos a sua dúvida diante da família e do crime, assim como nos encantamos com a sua relação protetora com a personagem de Eva Mendes.

Já o roteiro encanta mais ainda com os intensos momentos de ação, como a perseguição de carro que acompanha o personagem de Joaquin em desespero na chuva ou no tiroteio dentro de um apartamento. Sequências como essas, por exemplo, se destacam por sua surpresa. O susto momentâneo supera o preparado, neste sentido.

A obra, por conseguinte, se torna comum por desenvolver essa história, universo e personagens. Como já foi dito, o roteiro não tenta chamar o que não possui, algo diferente de muitos outros diretores considerados gênios. O dilema existencial e crescimento amargurado dos heróis já têm o seu inicio na apresentação de fotos em preto e branco, com pessoas mortas ou sangrando, no qual é esquecida no momento em que Phoenix e Mendes se relacionam sexualmente. Vivemos o choque e depois nos acalmamos. É a expectativa construída em tela que mostra We Own the Night como prova de que o talento de Gray precisa ser observado. 

Crítica: Os Donos da Noite (2007)

O drama familiar descoberto na máfia novamente

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Morte do Demônio (2013) | Reimaginação do "Conto Demoníaco"

The Evil Dead (EUA) Em 1981, Sam Raimi conseguiu realizar algo extraordinário. Com um orçamento baixíssimo (em volta de 1,5 mil), o diretor reinventou os filmes idealizados dentro de uma cabana com jovens e demônios. Além disso, ainda conseguiu fãs por todo o planeta que apreciavam a maneira simples e assustadora que o longa fora realizado. Em 2009, Raimi entrou em contato com Fede Alvarez por seu recente curta-metragem viral que rolava pela internet. A conversa acabou resultando na id eia de uma reinvenção do “conto” original de 1981. Liberdade foi dada à Alvarez para que tomasse conta da história. Percebe-se, a início, a garra deste para uma boa adaptação, no entanto, ainda peca por alguns problemas graves percebíveis tanto para quem é ou não é fã do original. Ao que tudo indicava, seria um Reboot. Mas se trata, na realidade, de uma (aparentemente) continuação audaciosa. A audácia já começa no pôster de divulgação: “O Filme Mais Aterrorizante que Você Verá Nesta Vida”...

Anúncio Oficial [Duas Faces do Cinema: Quarto Ato]

Desde que nós dois, Arthur Gadelha e Gabriel Amora, sentamos para decidir o nome do blog de cinema que escreveríamos a partir dali, e entramos no acordo que “Duas Faces do Cinema” intitularia o projeto, já sabíamos, mesmo sem dizer um para o outro, que ele não perduraria para sempre; não como principal. No entanto, assim que lançado, ainda com um fundo preto e branco, separando o casal principal do grande vencedor do Oscar, “O Artista”, a marca “Duas Faces do Cinema” ganhava espaço entre amigos e familiares.

Leonard Nimoy, eterno Spock, morre aos 83 anos

A magia que um personagem nos passa, quando sincera, é algo admirável. Principalmente quando o ator fica anos trabalhando com a mesma figura, cuidando com carinho e respeitando os fãs que tanto o amam também. E, assim foi Leonard Nimoy . O senhor Spock de Jornada nas Estrelas , que faleceu ontem (27/02) por causa de uma doença pulmonar, aos 83 anos. O ator, diretor, escritor, fotógrafo e músico deixou um legado imenso para nós. E isso é algo que ele sempre tratou com muita paixão: a arte. A arte de poder fazer mais arte. E com um primor de ser uma boa pessoa e querida por milhares. E por fim, a vida atrapalhou tal arte. Não o eternizou como o seu personagem. Mas apenas na vida, pois no coração e na memória de todos, o querido Nimoy vai permanecer perpétuo nessa jornada. Um adeus e um obrigado, senhor Leonard Nimoy, de Vulcano. Comece agora, sua nova vida longa e próspera, onde quer que esteja.