
Quando Blade Runner, o Caçador de Andróides chegou aos cinemas, em 1982, a indústria cinematográfica não estava preparada para um filme do tipo. Misturando ficção científica com cinema noir, o longa-metragem sofreu vários cortes em seu conteúdo; repleto de questionamentos filosóficos sobre a existência humana e o futuro da sociedade. A versão final e menos maniqueísta do diretor Ridley Scott (Alien, o Oitavo Passageiro [1989], Perdido em Marte [2015]) só seria lançada 25 anos depois, sob a denominação de “final cut”.
Crítica: Blade Runner 2049 (2017)
O novo êxito do biônico sensível
Diante de um universo tão rico e capaz de carregar reflexões urgentes sobre os caminhos da humanidade e da tecnologia, Blade Runner 2049, torna-se um investimento ousado mas que se prova certeiro, tanto em termos de bilheteria quanto da necessidade artística e narrativa de se fazer cinema. Honrando o material original, essa sequência, que levou 35 anos para acontecer, traz de volta o roteirista Hampton Fancher, reunindo-o com Michael Green (responsável pelo recente sucesso Logan e alguns episódios do seriado American Gods). O novo (e competente) queridinho de Hollywood, Dennis Villeneuve assume o posto antes ocupado por Scott, respeitando tudo aquilo que já havia sido realizado por ele.
A peça-chave deste novo capítulo é o policial "K" (Ryan Gosling), um replicante moderno que atua como blade runner, caçando versões consideradas ultrapassadas de andróides. Criticado por "matar semelhantes", o personagem passa a questionar suas origens quando faz uma descoberta que pode quebrar as barreiras entre o real e o sintético.
Antes de qualquer performance, o filme já impacta em seus primeiros segundos com a densa trilha sonora assinada por Hans Zimmer e Benjamin Wallfisch (ambos envolvidos em Dunkirk e Estrelas Além do Tempo), cheia de intensos sintetizadores, e com o brilhante e belíssimo trabalho do fotógrafo Roger Deakins (colaborador de Villeneuve no já mencionado Sicario e em Os Suspeitos). A atmosfera evocada em Blade Runner 2049 é completamente idílica, psicodélica e envolvente; ora cheio de cores neon e uma paleta amarelada, ora com o cinza já característico do noir, o mundo cyberpunk apresentado pelo longa-metragem é de tirar o fôlego, com uma bela direção de arte que evoca tanto o vintage, em seus monitores de tubo, quanto o moderno, com suas cores e sons de sistema operacional eletrônico.
Gosling, encabeçando o elenco, inicia a produção com uma performance automatizada (trocadilho sem intenções!), só despertando ao longo da trama uma construção latente de personagem. Outros nomes da produção, como as coadjuvantes Ana de Armas, Sylvia Hoeks e a imponente Robin Wright entregam performances excelentes. Harrison Ford tem seu momento no tão aguardado retorno como o blade runner veterano Rick Deckard. Jared Leto faz curtas aparições como o empresário Wallace, responsável pela nova empresa criadora de replicantes, e assume a postura de figura quase bíblica para explorar sua função de "criador".
Em uma realidade onde hologramas buscam reproduzir fielmente sentimentos (ecos de Her [2013], talvez?) e andróides querem entender lembranças e sensações, somos levados a pensar a cerca de nossa própria existência enquanto humanos. Com sua premissa, o longa-metragem apresenta personagens em busca daquilo que nos torna vivos, enquanto traz também ensaios sobre ausência de liberdade, memória, escravidão, prostituição e outras facetas (negativas ou não) da sociedade construída por nossa espécie. O que nos torna reais? Aproveitamos nossa capacidade de sentir? Se fôssemos privados de nossas experiências, iríamos ansiar por elas?
A filosofia de Blade Runner 2049 constrói novos questionamentos à partir dos que foram apresentados no material de origem, trazendo também de forma semelhante, cenas sensíveis e inteligentes que prometem ser memoráveis ao cinema do gênero. A tecnologia aproxima-se cada vez mais da realidade e vice-versa; por essa razão, distopias com este tipo de crítica são pertinentes, e muito bem-vindas quando realizadas com o nível de primor e coesão que este novo capítulo alcança.
Mantendo a atenção do espectador em cada minuto de suas quase três horas de projeção, mesmo sem apelar para cenas de ação constantes, o longa-metragem de Villeneuve traz novo fôlego ao que em breve deve assumir-se como franquia. Poético, questionador, visualmente belo e, em alguns aspectos, brutal, tem-se aqui um exemplo de filme que atinge completo êxito naquilo que promete apresentar.

Eu amei o filme. Ryan Gosling esta impecável. Ele sempre surpreende com os seus papeis, pois se mete de cabeça nas suas atuações e contagia profundamente a todos com as suas emoções. Na minha opinião, Blade Runner 2049 foi um dos mehores filmes de drama que foi lançado. O ritmo é bom e consegue nos prender desde o princípio O filme superou as minhas expectativas, o ritmo da historia nos captura a todo o momento. Além, acho que a sua participação neste filme drama realmente ajudou ao desenvolvimento da história.
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