A obra Extraordinário, de R. J. Palacio, soube se vender; isso é fato. Com o anúncio do longa-metragem, que conta em sua ficha técnica com grandes nomes, dentre eles Julia Roberts (Uma Linda Mulher), Jacob Tremblay (Quarto de Jack), e Owen Wilson (Meia-Noite em Paris), a ideia do rosto “diferente” de Auggie Pullman, protagonista da obra em pauta, circulou redes sociais, sites e se tornou a concepção chave para um dos livros mais falados no último ano.
+ Quarto | O preço da liberdade
+ O Quarto de Jack (2015) | O confinamento de nossas vidas
Carregando forte e incisiva lição de moral, o que chega a ser educativo, o livro pode atrair e agradar principalmente jovens e adultos. Mas é impossível ignorar que a trajetória do garoto fisicamente diferente, que decide ir para uma escola após anos de estudos em casa, por mais digna que seja, não passa de uma história destinada às crianças.
Entre o público inesperado das Gerações Y e Z, que abrange os nascidos entre os anos 80 e meados dos anos 2000, o bullying se torna a pauta da vez, tanto na literatura quanto em meios audiovisuais. Obras literárias como Os 13 Porquês, Lista Negra, Eleanor e Park e Antes Que Eu Vá são bons exemplos da pertinência do tema e trazem novas possibilidades a serem abordadas, principalmente depois que a “febre das distopias” terminou.
+ 13 Porquês | As Razões para dizer adeus
+ O que deu errado em Divergente
Mas o fato é que, por ser assunto pesado, trabalhar o “bullying” de forma leve e, de certa forma, gentil, é perigoso e suscetível a não só diminuir a gravidade da situação, mas também a transformar momentos impactantes em tediosos e pouco impressionantes, fato acontecido no livro Extraordinário. Mesmo com cenas fortes, o exagero em alguns personagens e a idealização de outros prejudica a leitura e enfraquece o enredo como um todo.
A escrita, no entanto, é leve e divertida em grande parte da obra, sendo talvez a chave-mestra da autora para atrair diversos leitores, tanto novatos quanto veteranos, revelando-se o fator que consegue sustentar a obra toda em si. Conquistar interessados em uma época em que a leitura se encaixa como atividade valorizada e culta (ainda mais com a disponibilidade das novas mídias e dos resumos da internet) é oportunizar a todos de uma experiência literária no mínimo mediana, o que é por vezes suficiente.
A percepção deixada por Extraordinário é de que ele traz lições morais demais para ser um livro para adultos e infere questões pesadas demais (não necessariamente na visão de Auggie) para ser um livro infantil. Essa “não definição” de público-alvo e a mistura de gêneros que, apesar de até emocionar, traz uma carga negativa, impedem a obra de fazer jus ao seu título. A tentativa da autora de trazer fórmulas prontas aos leitores pode até não incomodar seu público, mas, de fato, desaponta àqueles que procuram por originalidade.
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Carregando forte e incisiva lição de moral, o que chega a ser educativo, o livro pode atrair e agradar principalmente jovens e adultos. Mas é impossível ignorar que a trajetória do garoto fisicamente diferente, que decide ir para uma escola após anos de estudos em casa, por mais digna que seja, não passa de uma história destinada às crianças.
Entre o público inesperado das Gerações Y e Z, que abrange os nascidos entre os anos 80 e meados dos anos 2000, o bullying se torna a pauta da vez, tanto na literatura quanto em meios audiovisuais. Obras literárias como Os 13 Porquês, Lista Negra, Eleanor e Park e Antes Que Eu Vá são bons exemplos da pertinência do tema e trazem novas possibilidades a serem abordadas, principalmente depois que a “febre das distopias” terminou.
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Mas o fato é que, por ser assunto pesado, trabalhar o “bullying” de forma leve e, de certa forma, gentil, é perigoso e suscetível a não só diminuir a gravidade da situação, mas também a transformar momentos impactantes em tediosos e pouco impressionantes, fato acontecido no livro Extraordinário. Mesmo com cenas fortes, o exagero em alguns personagens e a idealização de outros prejudica a leitura e enfraquece o enredo como um todo.
A escrita, no entanto, é leve e divertida em grande parte da obra, sendo talvez a chave-mestra da autora para atrair diversos leitores, tanto novatos quanto veteranos, revelando-se o fator que consegue sustentar a obra toda em si. Conquistar interessados em uma época em que a leitura se encaixa como atividade valorizada e culta (ainda mais com a disponibilidade das novas mídias e dos resumos da internet) é oportunizar a todos de uma experiência literária no mínimo mediana, o que é por vezes suficiente.
A percepção deixada por Extraordinário é de que ele traz lições morais demais para ser um livro para adultos e infere questões pesadas demais (não necessariamente na visão de Auggie) para ser um livro infantil. Essa “não definição” de público-alvo e a mistura de gêneros que, apesar de até emocionar, traz uma carga negativa, impedem a obra de fazer jus ao seu título. A tentativa da autora de trazer fórmulas prontas aos leitores pode até não incomodar seu público, mas, de fato, desaponta àqueles que procuram por originalidade.
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