Pular para o conteúdo principal

Black Mirror - 4x03: Crocodile (2017) | Absolutamente tudo por um segredo

Resultado de imagem para crocodile netflix
No episódio Crocodile, como e poucos outros da série, a tecnologia usada não é diretamente influenciadora da corrupção humana. Nesse caso, a tecnologia está em segundo plano, como uma ferramenta que move a trama. O que torna tudo mais assustador, pois quando uma pessoa comum começa a tomar um série de decisões desesperadas, questiona a própria moral e empatia dos que estão assistindo.

A história acompanha Mia (Andrea Riseborough), uma arquiteta bem sucedida, casada e com um filho, que vê o passado voltar a assombrá-la, quando um ex-namorado da sua juventude quer confessar um crime que ele cometeu e ela foi cúmplice 15 anos antes. Isso desencadeia uma série de casualidades que acabam envolvendo uma investigação criminal, em um mundo onde as empresas e o governo podem acessar suas memórias e usa-las contra ou a favor de você.

Nesse ponto que o roteiro trabalha muito bem as “coincidências” e os foreshadowings, entrelaçando com a investigação e a trama que se tornam mais sombrias e brutais a cada minuto. Como se a esperança fosse perdida aos poucos e não se pudesse mais conceber os limites das atitudes humanas. Usando um horror brutal e psicológico sobre coincidências comuns do dia a dia. A própria estrutura da trama se diferencia da esperada reviravolta no final do episódio, mas a escolha dos elementos e da sucessão dos acontecimentos é fundamental para a construção do clima.

A direção e a montagem se complementam muito bem, mostrando as pistas e desenvolvendo duas histórias paralelas até elas se colidirem. Coloca em tela coisas importantes para a trama, mas sem revelar seu propósito, amarrando bem todas as conexões e sabendo quando revelar cada uma delas. Isso cria um clima de desespero e incapacidade tanto dos personagens quanto de quem assiste.

Crítica: Black Mirror - 4x03: U.S.S Callister (2017)

Absolutamente tudo por um segredo


Os elementos visuais trazem uma confusão de espaço e tempo, que pode ser comparada as próprias questões da personagem principal. Em alguns momentos parece o tempo atual, em outros há um estilo cyberpunk, principalmente no objeto usado para captar as memórias das pessoas, que lembra muito o detector de replicantes usado em Blade Runner (1982)

Um episódio que usa uma estrutura diferente do esperado em Black Mirror, mas não menos desconfortante e reflexivo. Chegado ao fim do episódio, questionei qual o significado do seu título. Foi quando, ao reassistir o episódio Urso Branco (2x02), me saltou aos ouvidos uma frase dita para a personagem principal, que tem pontos de vida em comum com a personagem de Crocodile: “Não comece a chorar. Lagrimas de Crocodilo me deixam enojado.”. Talvez esteja ai a resposta.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Leonard Nimoy, eterno Spock, morre aos 83 anos

A magia que um personagem nos passa, quando sincera, é algo admirável. Principalmente quando o ator fica anos trabalhando com a mesma figura, cuidando com carinho e respeitando os fãs que tanto o amam também. E, assim foi Leonard Nimoy . O senhor Spock de Jornada nas Estrelas , que faleceu ontem (27/02) por causa de uma doença pulmonar, aos 83 anos. O ator, diretor, escritor, fotógrafo e músico deixou um legado imenso para nós. E isso é algo que ele sempre tratou com muita paixão: a arte. A arte de poder fazer mais arte. E com um primor de ser uma boa pessoa e querida por milhares. E por fim, a vida atrapalhou tal arte. Não o eternizou como o seu personagem. Mas apenas na vida, pois no coração e na memória de todos, o querido Nimoy vai permanecer perpétuo nessa jornada. Um adeus e um obrigado, senhor Leonard Nimoy, de Vulcano. Comece agora, sua nova vida longa e próspera, onde quer que esteja.

Mad Max (1979) | O cinema australiano servindo de influência

Para uma década em que blockbusters precisavam ter muitos efeitos visuais e grandes atros do momento, como em Alien - O Oitavo Passagéiro , Star Wars , Star Trek  etc, George Miller teve sorte e um roteiro preciso ao provar que pode se fazer filme com pouco dinheiro e com um elenco de loucos.   Mad Max , de 1979, filme australiano com uma pegada  exploitation,  western e de filmes B, mas que conseguiu ser a estrada para muitos filmes de ação de Hollywood atualmente.   Miller, dirigiu, escreveu e conseguiu com um orçamento de 400 mil filmar um dos mais rentáveis do planeta. O custo do filme foi curto e assim, tudo foi pensado no roteiro e nos diálogos que o filme ia exibir. Como os textos sobre o futuro, humanidade e seu fim, e o Max do título. O filme é rodado com o Mel Gibson sendo o centro. Seus diálogos curtos demonstram o homem da época, e com uma apologia ao homem do futuro. Uma pessoa deformada pelas perdas e com a vontade de ter aquilo que não pode ter, e que resulta no

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (2014) | Peter Jackson cumpre o que prometeu

    Não vamos negar que a trilogia O Hobbit possui grandes problemas. O que é uma pena, já que a trilogia anterior ( O Senhor dos Anéis ) não tem falha alguma. Contudo, o que tinha de errado em Uma Jornada Inesperada e Desolação de Smaug , o diretor Peter Jackson desfaz nessa última parte. O que é ótimo para os espectadores e crível para os adoradores da saga da terra-média de longa data.     O filme apresenta problemas diversos, por exemplo, um clímax logo na primeira cena (se é que você me entende) e um personagem que não consegue momento algum ser engraçado. Falhas como essas prejudicam o filme como todo. O roteiro, por ser o mais curto dos três, precisava de mais tempo em tela, e dessa forma, cenas e personagens sem carisma são usados repetidas vezes e com uma insistência sem ter porquês. Mas, em contra partida, O Hobbit e a Batalha dos Cinco Exércitos consegue ser mais direto, objetivo e simples que seus antecessores, que são longos e cheios de casos como citei. E o real mo