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Maze Runner: A Cura Mortal (2018) | Quando o último é o melhor

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Em 2014, histórias de mundo distópico protagonizados por adolescentes alcançava seu auge de sucesso com Jogos Vorazes. Não ficando para trás, nesse mesmo ano, a Fox não tardou em lançar o primeiro filme da trilogia Maze Runner com o mesmo tema. O sucesso foi satisfatório o suficiente para que se fossem trabalhadas as continuações e, após quatro anos e muitos problemas no set, Maze Runner: A Cura Mortal conclui a sua história e se mostra como o melhor da trilogia. 

Wes Ball encabeçou a trilogia desde o início assumindo a direção dos três filmes. Isso permite que a linguagem e o estilo dos filmes façam sentido entre si e que não haja discrepâncias. O uso da câmera levemente tremida nas sequências de ação permanece e, ainda que A Cura Mortal tome grandes proporções comparado ao Correr ou Morrer, a direção de Ball permanece equilibrada e sem novidades. Ainda assim, tudo é muito bem executado e é perceptível um amadurecimento do diretor, que parece muito certo sobre cada decisão de filmagem tomada. 

Tal amadurecimento fica claro logo na primeira cena, na qual o filme já inicia com uma ação frenética para ambientar o caos pelo qual os personagens estão passando, embalados pela trilha sonora presente de John Paesano. E ainda que tudo ocorra rápido e com muitos cortes, a montagem Paul Harb e Dan Zimmerman faz o possível para mostrar tudo que está acontecendo de forma compreensiva. Esta combinação de direção e montagem fazem Maze Runner manter um ritmo contínuo na sua proposta enquanto filme de ação. 

Estes dois elementos – montagem e direção – ao se combinarem com o roteiro de T.S. Nowlin, impede que o filme se torne forçado e demasiadamente inverossímil. Toda cautela é pouco ao se tratar de uma distopia. Em comparação aos dois primeiros, Maze Runner: A Cura Mortal possui menos frases de efeito que soam forçadas e seu texto dá o suporte necessário para que os atores entreguem um bom trabalho. 

Dylan O’Brien, que se envolveu em um grave acidente durante as gravações, cresce como ator e mantém-se como um bom protagonista – claro que dentro dos limites que o roteiro permite. O ator não se excede, mas também não se contém e convence em suas cenas de apelo mais emocional. Todo elenco de apoio, com nomes notáveis como Giancarlo Esposito, Patricia Clakrson e Aidan Gillen (este com alguns traços do Mindinho de Game of Thrones muito presente em sua voz), e os mais jovens, convencem em seus papéis e não deixam a desejar. 

Destes, quem se destoa é Kaya Scodelario, não somente por sua atuação sem muitas surpresas e pouco carismática, mas pela sua personagem ser confusa. O desenvolvimento de Teresa (Scodelario) passa por reviravoltas chulas, que fazem a presença da mesma se torna interminável. Talvez por não saber o que fazer com a personagem, ela ficou jogada na trama, sendo forçada a se tornar um ponto central na história que deixa o filme mais adolescente do que deveria. 

Para o que lhe foi proposto, Maze Runner: A Cura Mortal consegue ser mais que apenas um filme adolescente, integrando-se com sequências de ação interessantes. Sua conclusão, embora previsível, funciona muito bem, amarrando todas as pontas e fazendo um bom trabalho em conjunto com todos envolvidos na (conturbada) produção. É satisfatório ver que uma trilogia, que por muito pouco não deu errado, conseguir superar as dificuldades e ser um bom filme.  

Crítica:  Maze Runner: A Cura Mortal (2018)

Quando o último é o melhor

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