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Piloto: Rise (2018) | Eu acredito

A canção "I Believe" que tocou nos últimos minutos do episódio do musical O Despertar da Primavera, deixou bem claro o objetivo da série Rise: representar uma geração. Com a aposta numa produção envolvendo musical, a nova série da NBC foi criada por Jason Katims e baseada no livro Drama High de Michael Sokolove. A primeira temporada consistirá em 10 episódios.

Piloto: Rise (2018)

Eu acredito


A trama evoca três produções bem-sucedidas da TV aberta americana: a clássica “Fama” e as mais recentes “Glee” e “Friday Night Lights”. Não por acaso, Jason Katims, que criou “Friday Night Lights”, também é o autor da nova série que tem entre seus produtores a dupla Flody Suarez e Jeffrey Seller, do fenômeno musical da Broadway “Hamilton”.

Rise acompanha o professor de inglês Lou Mazzuchelli (Josh Radnor, How I Met Your Mother) que, cansado de lidar com salas de aula e alunos desinteressados, decide assumir o clube de teatro da escola. Não demora muito para que Lou bata de frente com Tracy Wolfe (Rosie Perez), a atual diretora do clube que se acomodou em sempre produzir Grease.

Lou decide que este ano deveriam representar O Despertar da Primavera, um musical bastante controverso, mas que que ao seu ver retrata vários assuntos importantes que devem ser abordados e debatidos. Então decide abrir a seleção dos atores para a nova peça do teatro da escola e, assim, somos introduzidos a vários membros do elenco da peça no decorrer do episódio. 

Nesse momento, é interessante observar como Tracy não se torna antagonista completamente perante Lou. Rise dá indícios de uma relação de cumplicidade mesclada à uma competição entre os dois, que pode se tornar momentos bastante únicos no decorrer dos episódios. O antagonismo da série fica por conta de Sam Strickland (Joe Tippett), técnico do time de futebol americano do colégio que se sente ameaçado quando Lou convence o astro do time, Robbie (Damon J. Gillespie), a participar do clube. 

E em falar em Robbie, começamos a nos interessar por sua história logo de imediato, talvez o personagem mais intrigante até o momento. No caso dele, dividir os estudos e a vida esportiva com uma relação delicada com uma mãe doente. Apesar de ser bem clichê, não vamos julgar, a série está aí para inspirar, e não para inovar. 



Temos também Lilette (Auli’i Carvalho), a típica mocinha e óbvia interesse amoroso de Robbie e que enfrenta uma relação conflituosa com a mãe (Shirley Rumierk), que tem um caso com o treinador Strickland sendo aparentemente a causadora da separação de seu casamento. 



Ainda somos apresentados no piloto à Maashous (Rarmian Newton), técnico de iluminação do teatro que é acolhido na casa de Lou, Simon (Ted Sutherland) estrela do clube de teatro que terá de lidar com uma família conservadora agora que irá atuar como um personagem gay no teatro e possivelmente questionar sua própria sexualidade, e Michael (Ellie Desautels), uma garota em processo de transição de gênero. Entre alguns outros personagens que posteriormente vão ser explorados. 

Toda vez que a televisão aposta em produções que envolvem musicais, o nome de Glee vem à mente. Quer você goste ou não, Glee foi um marco para a televisão tanto no quesito storytelling e, principalmente, por trazer uma representação acurada da juventude americana. Comparações vão sempre existir quer queira ou não. 

Rise se aproveita de muito do terreno plantado por Glee ao evoluir muitos dos dramas dos adolescentes. Se for falar de semelhanças ou coincidências, como preferirem chamar, há muitas. Nas duas séries temos professores desmotivados, um jogador de futebol americano que quer se dedicar a música e continua a jogar, gays enrustidos, problemas de orçamentos para a área de artes, entre outras semelhanças. 

Rise é uma série dramática, diferentemente de Glee que era voltada para a comédia. Sendo assim, Rise pode abusar de momentos densos, dramáticos e comoventes. Aproveitando a deixa da peça para aqueles que conhecem tão bem como eu, pode realmente despertar emoções dos palcos para vidas de cada um desses personagens.

A série 92010 de 2008, em sua primeira temporada trabalhou em um de seus arcos dramáticos a peça O Despertar da Primavera. Lembro muito bem da belíssima voz da personagem de Adrianna Tate-Duncan (Jessica Lowndes) embalando a emblemática canção "Mama Who Bore Me". Que com certeza será uma das músicas mais cantadas na nova série.

Rise se mostra honesta nas histórias e atuações, tendo um potencial enorme, e promete não ser polida e colorida como Glee. Foi um piloto um tanto corrido querendo apresentar tudo e todos que moverão a trama, mas foi uma belíssima introdução para uma história que tem tudo para dar certo. Não esperem uma tal Lea Michele na voz das canções da série, não que ela não tenha belas vozes, mas esse não é o foco principal de Rise, não estamos em busca de grandes vozes e sim de grandes histórias. Então vamos mergulhar a fundo nessa história!


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