O Homem das Cavernas (2018) | Novo filme da Aardman não decepciona e se torna um dos melhores do ano
O Homem das Cavernas, novo filme de Nick Park, é, provavelmente, uma das obras infantis mais divertidas dos últimos anos. Enquanto a criatividade dos cineastas da Pixar, Disney, Ghibli e outros estúdios se concentram em longas emocionais, a Aardman mantém o gênero de comédia que, mesmo brincando com os outros estilos, consegue entreter como os filmes de Charlie Chaplin dos anos 1930, cujas ações corporais geravam o riso sem dificuldade. Por sinal, vários personagens do estúdio Aardman e de O Homem das Cavernas são mudos, confirmando a capacidade que o diretor tem para criar situações cômicas com o corpo, e não com o texto.
Apesar da complexidade de entreter com poucos diálogos e de contar uma história somente com imagens, Park simplifica o roteiro o máximo que pode, ocasionando, em certos momentos, um estranhamento com tamanha síntese e rapidez para contar a história. Esse trabalho é mérito do texto, que foi escrito por Mark Burton, John O’Farrell e James Higginson, conhecidos por seus trabalhos em Wallace e Gromit: A Batalha dos Vegetais, que conta com um cachorro mudo como herói, e Shaun, O Carneiro, que é composto por personagens que também não falam.
O talento de Park, nesse caso, é o seu movimento de câmera e
modo de contar a trama. Como aconteceu com A Fuga das Galinhas, cujo cinco
primeiros minutos contavam toda a jornada das galinhas, em O Homem das
Cavernas, o diretor opta por apresentar em sua primeira cena um tiranossauro e
um triceratops lutando em frente a um vulcão em erupção, com vários homens
matando uns aos outros ao redor. Em seguida, um meteoro cai na terra e mata todos eles, incluindo uma barata que observava os confrontos das
espécies. Quando os sobreviventes vão conferir o que caiu na Terra, eles
encontram uma rocha dourada, quente e redonda. A partir de uma brincadeira,
os personagens criam o futebol.
Com os minutos iniciais, Park apresenta uma homenagem ao Ray Harryhausen, o maior especialista em animação stop-motion, a origem dos personagens e o rumo que eles vão seguir. O diretor
enfatiza, depois disso tudo, que se trata de um filme de esporte. Sem demora, Dug e Porcão, os heróis do filme que representam
o gordo e o magro da vez, surgem em uma situação de perigo onde são obrigados
a desafiar um time de futebol profissional para sobreviver. Em toda essa
introdução, o filme mostra ao que veio.
Logo de cara já é perceptível como o design de produção é simplesmente
espetacular. O ambiente natural, com árvores e animais ao redor, traz a
sensação de paz, de segurança, enquanto que, fora desse lugar, incluindo nos
campos de futebol, é possível sentir calor, medo pelos heróis. As cores, nesse sentido, entram de acordo com
o perigo que eles se encontram. Esse design é mérito da construção da direção de arte do
estúdio.
De maneira impecável, o diretor apresenta os personagens e suas diferenças. Cada detalhe é uma surpresa. Dug, por exemplo, possui um cabelo sujo, dentes e braços longos, o que o torna mais verossímil quando comparado com os homens do período. Assim como Porcão, o parceiro de Dug que, sem diálogos, diverte e encanta com o seu humor imprevisível e corporal. O seu olhar surge aqui muito mais verdadeiro que vários astros humanos. Vale destacar que ele é dublado por Park, que oferece grunhidos, choros e latidos que parecem, de fato, de um animal.
De maneira impecável, o diretor apresenta os personagens e suas diferenças. Cada detalhe é uma surpresa. Dug, por exemplo, possui um cabelo sujo, dentes e braços longos, o que o torna mais verossímil quando comparado com os homens do período. Assim como Porcão, o parceiro de Dug que, sem diálogos, diverte e encanta com o seu humor imprevisível e corporal. O seu olhar surge aqui muito mais verdadeiro que vários astros humanos. Vale destacar que ele é dublado por Park, que oferece grunhidos, choros e latidos que parecem, de fato, de um animal.
Do mesmo modo, a música entra em total conexão com o filme.
A trilha sonora não é tão memorável quanto dos outros longas do diretor, como A Fuga
das Galinhas e Wallace e Gromit, mas é, sem dúvidas, doce o suficiente para
tornar aquele lugar crível em realidade.
O Homem das Cavernas, como já foi apontado, tinha um foco: divertir. Sua mensagem sobre família, união, sonhos e outros temas obrigatórios em filmes do gênero são sempre bem-vindos aos pequenos. Já o humor corporal, mais sagaz e divertido, como o dos filmes de Chaplin, Gordo e o Magro e Monty Python, retorna aqui como um suspiro em um gênero que se mostra cada vez mais preconceituoso e opressor para determinados públicos. Como comédia e longa infantil, O Homem das Cavernas funciona perfeitamente, logo que possui uma trama contra a maré do épico que se exige em filmes de aventura e do que o público espera de comédia atualmente.
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