Em 2016 chegava aos cinemas uma
fiel adaptação do personagem criado por Rob
Liefeld. O Mercenário Tagarela ganhava, finalmente, seu filme solo, com o
limitado orçamento de apenas 50 milhões de dólares. Apesar disso, Deadpool se pagou mais que três vezes com seu box office e mostrou que o gênero de super-herói ainda poderia
inovar com qualidade e criatividade. Após o sucesso estrondoso do longa, logo o
estúdio responsável, no caso, a FOX, entendeu um pouco mais sobre qual caminho
seguir com seus personagens.
+ Deadpool (2016) | Humor e violência em boa medida
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Agora dirigido por David Leitch (Atômica, V de Vingança) há presença de uma maior estilização, principalmente
nas cenas em que há lutas e explosões. Porém, Leitch, apesar de distinguir sua
condução do filme tornando alguns aspectos mais caprichados, parece muito mais
emular o que foi feito anteriormente por Tim Miller do que imprimir algo mais
próprio e assinado. Isso não chega a ser um problema, visto que Deapool 2 continua a compreender seu
universo e seu protagonista.
+ Atômica (2017) Atomic Pop "Bond"
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Visando ser maior que seu
antecessor, e também por contar com um orçamento bem mais generoso, a ação é
bem mais presente e marcante. A direção de David, apesar disso, se mantém
controlada e não deixa a coisa sair desenfreada e beirando ao anestésico. É pontual. Apesar do maior requinte, não há nada demais que destaque as cenas
eletrizantes apresentadas, é tudo bem dentro da cartilha e, mais importante que
isso, não há câmera tremida. É extremamente claro o que acontece e a “bagunça”
em cena é entendida, assim não gerando confusão ou um cansaço visual. Há também
um uso excessivo de slow motion, mas
esse ainda vem em prol da sátira dos filmes de heróis. Algo que vale a pena
ressaltar é a habilidade e cuidado que David tem com cenas de luta, vide Atômica, em que há um plano sequência
sensacional. Uma pena que algo assim não tenha sido feito em Deadpool 2.
O roteiro que foi escrito por 5
cabeças, incluindo o próprio Ryan Reynolds e Rob Liefeld, é bem simples, não
possui grandes reviravoltas. Todavia, ele carrega uma mensagem bem interessante
sobre o conceito de família e sobre como isso afeta a vida de Wade Wilson
diretamente e os que estão em sua volta. Por uma ótica, Deadpool 2 chega a ser um filme até bem intimista, profundo e
maduro com algumas questões interpessoais, o que é natural, dado que personagens
evoluem, e o mesmo acontece com Wade. Os plot
points que dão as viradas de atos do longa são dignos de destaque, ao que
parecia rumar para um caminho de vingança e sangue, acaba se tornando uma
jornada de redenção e compreensão. Todas as pontas são bem amarradas e
funcionais.
O que foi inovador em 2016, já
não surpreende tanto aqui, contudo, ainda diverte e busca se projetar na tela
de outras formas, mas ainda reciclando muito que já havia sido apresentado. É
inegável que, potencialmente, as melhores piadas que podem surgir são aquelas
baseadas na metalinguagem que o personagem possui como característica
principal. A paródia ainda é o ponto mais forte do humor existente no universo
desse longa. O texto ainda é preciso, elevado e pontual.
Falar diretamente com a câmera foi um recurso mais dosado e não deixando virar
uma muleta de alívio sempre que assim fosse necessário. A comicidade aposta
muito mais no seu espaço diegético e nos elementos que ele oferece.
A melhor característica que pode
existir e que é grande força motriz é o fato de a obra não se levar a sério. Isso continua dando leque para inúmeras possibilidades para abordar os clichês
“sem se preocupar” com o que pode acontecer. A execução dos fatos fica a cargo
disso. A narrativa, até a primeira
metade, repete o que foi feito no primeiro filme. Uma parte da história é
contada de trás para frente até chegar o momento atual e finalmente dando
seguimento às consequências dos fatos que foram mostrados. Do segundo ato para
o final, é mais uma vez seguindo normal. Do ponto A para o B.
O elenco ainda conta com nomes
que já vimos, como: TJ Miller, Leslie Uggams, Morena Baccarin, Brianna
Hildebrand. Integrando agora com o carrancudo Josh Brolin (Thanos) como Cable e o carismático Julian Dennison
como Russel. E destaque para Brolin,
que encarnou o papel com vontade e entrega um personagem bastante fiel e com
uma certa profundidade que gera empatia com ele e com suas motivações. Reynolds continua a provar que nasceu para interpretar o mercenário e é visível
o quão mais à vontade ainda ele está em fazer tudo que envolve Deadpool, se é que isso é possível.
Vale frisar que existem duas
cenas pós-créditos, e que estas são de longe uma das melhores que já existiram
em filmes de heróis. São hilárias em um nível estratosférico. Deadpool 2 é ainda mais hilário, mais requintado em sua ação e com
uma mensagem bem mais profunda que seu antecessor. Vai cativar tanto os fãs
apenas do cinema quanto os leitores de quadrinhos.
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