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Jurassic World: Reino Ameaçado (2018) | Competente em seu visual, mas fraco em sua trama


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Após os eventos de Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros, a ilha de Nublar ficou habitada apenas pelos seres jurássicos. Porém, um vulcão adormecido volta à ativa e ameaça mais uma vez a estadia das espécies na Terra. Diante desta situação, é levantada a questão: salvar os dinossauros ou trazer de volta a normalidade da fauna e deixar de uma vez por todas as criaturas gigantescas ficarem só no passado da história?

Dirigido agora por J.A. Bayona, temos uma visão mais apurada das consequências de ter dinossauros coexistindo com seres humanos e do revés que isso é, e, em contrapartida, o valor simbólico de aprendizado e compaixão com a vida de outro ser vivo, embora a balança já tenha mais que provado pesar mais de um lado (e já sabemos qual é esse lado). Apesar de uma visão mais tridimensional da aventura que é Jurassic Park, os alicerces ainda não perdem seus chavões, clichês e decisões (no mínimo estranhas) de roteiro.

Logo no início do primeiro ato somos apresentados ao problema que é o cerne da trama, e, em uma cena com a participação nostálgica do Dr. Ian Malcom em um debate do governo, resume-se muito bem tudo o que já deveria ter sido feito em relação aos animais. De fato, soa até como uma autocrítica/brincadeira com a franquia como um todo, como se fosse algo como: “Ainda não entenderam o que está acontecendo aqui?!” Entretanto, a história realmente leva-se a sério.

Do ponto de vista estético e visual, esse é o filme mais interessante de toda a franquia, seja nos seus efeitos especiais e práticos, ou até na sua cinematografia. É tudo muito vivo, desde a flora das cenas na ilha aos animatrônicos, que dão um senso maior de tato e de perigo às cenas. Caso isso fosse deixado tudo ao CGI, com certeza não haveria tanto impacto em momentos específicos que pediam mais realidade.

Há planos panorâmicos bem interessantes contemplando todo o cenário. Isso ocorre principalmente em algumas cenas de tensão e ação, deixando muito claro o que está acontecendo. Vale ressaltar que existem cenas de noite, e isso não impede o entendimento da aventura; pelo contrário, os elementos noite e chuva ajudam ainda mais a construir um ambiente favorável ao terror e ao desconhecido, mesmo que nós já tenhamos visto e saibamos quem são as criaturas.

A ação não reinventa a roda. Na realidade, é o mais do mesmo com uma escala mais avançada de efeitos. O que se faz bem com o clichê é o modo como ele é trabalhado. Aqui, é realizado um trabalho melhor que no filme anterior, não apelando para um perigo desproporcional – maior do que os próprios dinossauros em si – chamado Indominus Rex. Em Jurassic World: Reino Ameaçado o medo é resultado da construção e não é forçado pelo absurdo.

A fotografia em alguns momentos parece optar, mesmo que levemente, por um artifício de baixa saturação na imagem, tornando mais fria a ambientação e criando uma atmosfera um pouco mais apática e de morte; tanto que, em momentos em que aparece sangue, a cor vermelha se destaca, sendo mais saturada do que o resto do ambiente. Funciona.

O roteiro é encabeçado por Colin Trevorrow (Jurassic World: Mundo dos Dinossauros), Derek Connolly e Michael Crinchton, realmente provando que a máxima de que “menos é mais” é certa, já que em Jurassic World: Mundo dos Dinossauros tínhamos cinco pessoas para cuidar de uma história.

O prólogo é bem estabelecido, assim como o primeiro ato. A sucessão de eventos ocorre de forma natural, principalmente para convocar Owen (Chris Pratt) na trama: existe uma necessidade. Todavia, mesmo que seja natural, não é safo de ser questionado. Há algumas decisões que tornam o desenvolver da narrativa bobo, como, por exemplo, o governo dos Estados Unidos não decidir intervir na causa apresentada, quando no longa anterior existia interesse em transformar os dinossauros em armas do exército americano: eles simplesmente desistem da ideia e decidem não intervir em nada? Soa realmente como o governo americano. Isso se amplia para os novos personagens, que cumprem bem suas funções, mas ainda são bastante estereotipados. Justice Smith interpreta Franklin Webb, e a especialidade do personagem é...? Exatamente, equipamentos eletrônicos.

Apesar dos estereótipos, temos um melhor aproveitamento do elenco e menos soluções deus ex machina. A química entre os personagens é muito maior e mais funcional. O espectador cria empatia e teme pelo que pode acontecer com os heróis. Os núcleos acabam se dividindo, e isso não ocorre à toa, tendo em vista que, nos clímaces seguintes, eles convergem entre si.

O filme é bem mais engraçado que seu antecessor, com um alívio cômico pontual. Parte disso aumenta e fica a cargo do personagem de Chris Pratt (Owen). Pratt, não é novidade alguma, é carismático, então, a maioria do que for posto para ele realizar vai ser funcional, e é claro e evidente que ele está se divertindo demais com o papel e com o universo que circunda.

Jurassic World: Reino Ameaçado é definitivamente melhor que seu antecessor. É mais assustador, mais interessante do ponto de vista estético, mais criativo e, apesar dos chavões, clichês e decisões questionáveis de roteiro, diverte muito e entende seu próprio universo como há muito não havia entendido.

Crítica: Jurassic World: Reino Ameaçado (2018)

Competente em seu visual, mas fraco em sua trama

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