Homem-Formiga e a Vespa (2018) | Melhor que o original, novo longa da Marvel se propõe a contar história de sci-fi cômico
James Gunn, o diretor de Guardiões da Galáxia, mudou o
status quo da Marvel Studios quando reinventou o gênero de super-herói. Depois
de um formato adulto, que serviu de consequência da franquia Cavaleiro das Trevas e X-Men, Gunn
alterou o que já estava estabelecido, mesmo que Edgar Wright, diretor de humor,
já tivesse escrito todo o roteiro de Homem-Formiga, lançado em 2015, desde 2008. Peyton Reed,
diretor do primeiro filme solo do personagem e de Homem-Formiga e a Vespa,
infelizmente, não recebe a graça do reconhecimento de manter essa alteração. Com esse novo filme, quem sabe isso mude.
Sim, a obra, dirigida e escrita por Reed, é uma
comédia digna de viver os mesmos louros que Guardiões Volume 1 e 2 recebem até
hoje. Homem-Formiga e a Vespa, que serve como uma obra para sossegar os fãs
entre Vingadores 3 e 4, é um longa divertidíssimo, autoral e que exibe um exercício
de cinefilia que poucos diretores da Marvel exploram. Aqui, o diretor
apresenta, com mais coragem que Gunn, uma obra definitiva de comédia e que traz
elementos reais da ficção cientifica.
A história mostra Scott Lang reencontrando Hope e Hank Pym
logo após Guerra Civil para resolver o caso de Janet, a Vespa original, que se
encontra presa no universo quântico há 30 anos. O longa se torna uma jornada de
perseguição, como um clima de Mad Max, dado que os personagens são desenvolvidos
durante a pancadaria. Enquanto isso, as reviravoltas que os novos antagonistas
oferecerem também são bastante claras para uma válvula de sci-fi
que ajuda na narrativa, além, é claro, do próprio humor, que todos os
personagens garantem durante a projeção. Luis, Sonny e Woo, vividos por Michael Pena, Walton Goggins e Randall Park, respectivamente, são hilários. Suas cenas são impossíveis de
esquecer, como se eles fossem personagens que saíram da franquia Esqueceram de Mim, dado que a burrice dos personagens é o que movimenta grande parte da trama.
E esse é o foco do diretor, que entrega uma sustentação de
ficção cientifica, enquanto que os heróis cômicos entram nesse universo a
partir das próprias regras, algo que se distancia de Gunn,
especialista em criar o riso a serviço de si mesmo, e se aproxima de Edgar Wright, que tem o humor a serviço da história. Um exemplo claro disso é a
exposição dos personagens. Sempre vamos ter algum herói explanando sobre o que
estamos vendo ou prestes a conferir. Por outro lado, reparem como essa
exposição é cômica o suficiente até para esquecer os problemas de estrutura.
Mais que isso: o filme ainda encontra espaço para apresentar
uma dinâmica de Entrando numa Fria, visto que Scott tem a missão de conquistar
não só a garota, mas a família dela também. E o diretor consegue, felizmente,
encontrar espaço para isso, graças ao elenco primoroso. Paul Rudd, nesse
sentido, é o perfeito Homem-Formiga, que, com uma atuação gigante, se esforça
para sair do papel de bobão de sempre para, finalmente, ser um herói. Isso pode
ser mostrado na cena em que uma personagem específica entra em sua mente. Ali ele se mostra extremamente
competente.
O mesmo sobre Evangeline Lilly, que, sim, é uma protagonista
do filme. As suas cenas de ação, o seu desenvolvimento e a atuação da
personagem são tópicos eficazes e completamente diferentes de tudo que a atriz tinha feito
anteriormente, inclusive desassocia da imagem de Tauriel, da trilogia O Hobbit.
Mais uma heroína para o nosso tempo, felizmente.
E o final do filme condiz com tais motivações do diretor. Durante a perseguição final, inspirada claramente em Matrix, Querida, Encolhi
as Crianças e Looney Tunes, que tem viradas de gags visuais fantásticas, o diretor
mostra a presença dos astros que estão mais a vontade que o primeiro longa. Do mesmo
modo que a música de Christophe Beck, que apresenta temas divertidíssimos que
ajudam na tensão e subversão da previsibilidade que é calcada no Universo Marvel
em si.
Homem-Formiga e a Vespa é um filme surpreendente. Ele aprende
com os erros, sacaneia o espectador com os mesmos problemas do primeiro filme e cria uma história a partir da dinâmica cômica que assume esse papel em um filme que exige isso, diferentemente de outras obras que são calcadas em criar humor em cima do drama, como Thor: Ragnarok. 2018 foi um ano e tanto para o estúdio. E que venha Capitã Marvel.
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