No dia 10 de agosto, a Netflix lançou a série A Casa das Flores, como é conhecida aqui no Brasil, com o enredo repleto de humor negro, trazendo o sacasmo como peça chave na narrativa. A história gira em torno da família De La Mora. De um dia para o outro, o dono de uma bem-sucedida floricultura chamada La Casa de las Flores, Ernesto (Arturo Ríos) descobre que sua amante de longa data se suicidou. Por isso, decide levar a filha fruto desse seu relacionamento para morar na casa ao lado de sua atual esposa Virginia (Verónica Castro) e família.
Crítica: La Casa de las Flores | 1ª Temporada
A novela mexicana que você respeita
Depois da revelação, vários outros segredos vêm à tona, e eles terão que se esforçar para esquecer os problemas e perdoar uns aos outros. Ernesto, porém, logo ficamos sabendo, tem não só duas mulheres, mas duas Casas das Flores, a floricultura e um cabaré com shows de travestis que era comandada por sua falecida amante Roberta. E aos poucos ficamos sabendo que não é só ele que leva uma vida dupla, o seu filho Julián (Dario Yazbek Bernal) se divide num relacionamento com a namorada e o consultor financeiro da família. Quem será que possui mais segredos?
La Casa de las Flores é criada por Manolo Caro e chegou ao catálogo da plataforma com a enorme responsabilidade de trazer novos ares ao melodrama, sem perder aquele público fiel noveleiro. Ao acompanhar as consequências após o suicídio de Roberta, temos a plena convicção de que mentira tem perna curta, e que a máscara uma hora cai, cedo ou tarde. A cada episódio a família que vive de aparências, para a imprensa, vizinhos, amigos e até entre eles mesmos, vai se desmontando de maneiras surpreendentes, e muitas vezes puxando para um lado cômico.
Os títulos de cada episódio são nomes de flores, seguidos de sua simbologia, e que consequentemente acaba representando o que será apresentado, como por exemplo, episódio três chamado Lírio (Simbolo da Liberdade), é o capítulo que explorará o momento em que um personagem descobre sua sexualidade.
Os elementos de uma tradicional novela mexicana melodramática estão todos presentes na série, desde os exageros, confusões, conflitos de relacionamentos, maridos e esposas infiéis, segredos, falência, narcotráfico, vídeos íntimos vazados, reviravoltas, até a teatralidade; essa expressa principalmente pela atuação de Cecília Suárez, que parece confusa entre forçação proposital e má atuação, até que caiu minha ficha. Apesar dos segredos revelados, desavenças e disputas, quando é para um bem maior, todos os personagens se unem.
La Casa de las Flores entra em pautas que são um tabu no país e no mundo todo, tais como machismo, transexualidade, bissexualidade, narcotráfico, vulnerabilidade infantil, racismo e até feminismo. Não espere que a série trate de todos esses assuntos com seriedade, não podemos esquecer que tratamos de uma comédia e em muitos casos vão pegar os extremos das situações apresentadas para chocar e gerar talvez algum tipo de discussão. Em nenhum momento vão nos fornecer um conteúdo mastigado e soluções fáceis. Todos os personagens são falhos e tomam atitudes reprováveis durante toda a temporada, uns mais do que outros, mas isso que os tornam ricos, não foram feitos para serem aclamados ou amados, mas são fundamentais para a dinâmica da narrativa.
Contrapondo isso, alguns temas são abordados com uma sensibilidade a mais. O personagem José Maria que se torna Maria José, interpretado por Paco León, é um homem que revela que é trans para sua mulher Paulina e filho. Durante a coletiva de imprensa, o diretor da série comentou sobre o tema, e deixou claro que a presença do personagem não seria utilizado como recurso cômico, e de fato isso se cumpriu. Maria José teve um valor fundamental e foi inserido com muito respeito na história. La Casa de las Flores tem 13 episódios com duração de 30 minutos em média. É perfeita para maratonar em um dia e foi isso que eu fiz. Foi feita para aqueles que amam um dramalhão digno de uma novela mexicana.
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