Dirigido por James Wan, e quebrando um pouco da estética fílmica da “Dinastia Snyder” dentro do Universo DC, Aquaman é um prato cheio para os amantes de referências, carregado de diversos elementos da cultura pop ao longo dos anos. O filme conta a história de um dos heróis que mais sofreu preconceito na “zoeira” das redes sociais por sua importância e relevância dos seus poderes dentro do mundo de heróis colossais composto pela Liga da Justiça. Bem, dessa vez chegou a hora do rei dos sete mares reinar e, felizmente, a Warner não falhou com os fãs, como fez em filmes passados como Esquadrão Suicida.
Primeiramente, se antes havia alguma dúvida, certamente é difícil pensar em outro alguém para viver o Aquaman que não Jason Momoa, que se entrega por completo ao personagem, colocando nele elementos inéditos mesclado aos clássicos que reforça o carisma do herói. A atuação em geral do filme é bastante positiva, com uma coletividade guiada na forma de atuação que reforça os aspectos relacionados a uma estrutura leal aos quadrinhos, que junto aos figurinos diversos, reforçam as personalidades dos personagens ao longo do filme.
O primeiro ato é empolgante, expõe a origem do personagem com um ritmo que alavanca a dinamicidade do filme, onde podemos perceber a “pressa” para o início da aventura – apesar da longa duração, o filme há muito o que mostrar. Talvez seja um dos backgrounds onde melhor se observa o bom uso do tempo, apesar de ser um “prefácio” bastante simples. Todavia, infelizmente o segundo ato frente a tantas aventuras acaba se perdendo um pouco, com alguns tropeços e coincidências bastante inquietantes – podemos, inclusive, questionar saltos temporais que soa como se algo estivesse se perdido na hora da versão final, como se algo tivesse faltando ali. Por fim, no último ato concretiza com um encerramento empolgante, algo que impulsiona o filme para uma sensação bastante positiva apesar dos deslizes.
Crítica: Aquaman (2018)
Mais Disney que a própria Marvel
A trilha sonora não descansa durante todo o filme, o que carrega uma situação bastante incômoda para alguns, onde não permite a existência de um silêncio e/ou sons ambientes por muito tempo. Os solos de guitarra e batidas não param, presentes após muitas “frases de efeito” do protagonista. Não é difícil encontrar, principalmente no início do filme, um som final desses que busque toscamente transformar aquele acontecimento ou diálogo em algo mais “impactante”. Além disso, as músicas são, em sua maioria, bastante épicas, como se alguém tivesse baixado uma playlist do gênero e posto-a ao longo do filme. Esse caráter épico de necessidade de querer trazer elevações para muitos os momentos comuns, até em situações bastantes simplórias, trata como se a obra não tivesse um clímax certo ou não o respeitasse, empobrecendo as situações narrativas futuras.
Se as repetições se limitassem a questão sonora seria algo positivo, mas a DC e a Warner realmente adoram um exagero contínuo de slow motions nos filmes de heróis – acredito que há uma cota a ser cumprida, cada filme tem que ter pelo menos X cenas com slow motion pra pagar algum funcionário bastante querido. O efeito é usado constantemente em confrontos e em diversos momentos, de forma que por vezes cansa bastante e ausenta um pouco a dinamicidade de algumas cenas de ação que deveriam ser frenéticas. Talvez estas fossem ainda mais ricas em sua “alta velocidade incomum dos heróis”.
Os efeitos especiais são muito bons, o que ajuda a explorar um universo cheio de referências, com luzes e cores de uma ambientação magnífica – aos amantes de Tron, não é difícil perceber as inspirações. Esses diversos ambientes são explorados de uma forma interessante para um único filme, onde temos uma ideia da dimensão do universo do herói e das profundezas dos oceanos, seus mistérios e particularidades de alguns reinos. Esses efeitos especiais junto aos bons posicionamentos de corridas de câmera proporcionam lutas maravilhosas, com reflexos eletrizantes e coreografias fluidas bastante convincentes.
O filme não esconde sua caricatura de história em quadrinhos, nem sua lealdade a uma estrutura que se guia constantemente no âmbito da comédia que, por momentos, chega ter uma leve dose de “comédia romântica” ao longo da aventura de Aquaman e Mera (Amber Heard). Essas características não empobrece a obra, muito pelo contrário; a aqueles que estão dispostos a uma nova formula para os filmes da DC, essa estética pode soar bastante convidativa. Todavia, essas caricaturas as vezes se tornam tão intensas que lembram obras de tokusatsu, com explosões, cenas em câmera lenta e vilões em armaduras extravagantes – caso de fato seja o objetivo, foi atingido com glamour, em algumas cenas percebi algo de Power Rangers ali.
O roteiro tem elementos repetitivos bastante cansativos: sempre há várias lendas e todas elas não são só estórias e são descobertas todas nesse único filme. Na verdade, deveria ser difícil não acreditar em lendas no universo do Aquaman após essa aventura. Essa repetição continua, inclusive, em pequenas coisas: sempre que os personagens estão avançando na jornada, discutindo sobre como fazer algo ou descobrindo coisas novas, eles são interrompidos por uma explosão. Sempre há uma explosão que tira deles a quietude e anuncia a chegada dos vilões. Aparentemente, os efeitos especiais de explosões que jogam todos os personagens para todos os lados disputam com os de efeitos de slow motion como efeito mais querido nas acenas de ação.
Apesar do roteiro bastante previsível, infantil e bobo, com diversos elementos repetitivos, que variam de elementos sonoros à visuais – que podem cansar algumas pessoas – Aquaman ainda se torna um grande acerto. Essa nova forma “Disney” de fazer um filme da DC, que inegavelmente bebe de muitos acertos da Marvel, entrega um filme divertido, com boas cenas de ação e personagens bastante carismáticos. Teremos uma nova forma de estética fílmica nos filmes da Warner e um fim na estrutura da Dinastia Snyder na DC?
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