Ainda sob a mão de Jon Favreau na direção do longa, a
sequência de Homem de Ferro inicia-se
logo após os eventos do primeiro filme, onde o bilionário Tony Stark (Downey Jr.) revela ao mundo que ele e a
armadura são um só. Esta abertura, por sinal, servirá como força motriz para diversos
arcos do filme.
Motivado pela forma como seu pai
foi tratado por Howard Stark (John
Slattery) há vários anos, Ivan Vanko (Rourke)
decide caçar nosso herói e puní-lo em forma de vingança. Paralelo a isso, temos
nosso protagonista encarando as consequências de ser quem é, e da sua condição
de saúde, devido ao acidente que sofreu no Afeganistão. O paládio (elemento
químico responsável por manter o reator ark em seu peito funcionando) está
contaminando seu sangue, e, somado a isso, Stark está sob pressão do governo americano, visto que as autoridades
exigem a armadura do Homem de Ferro como propriedade do Estado.
Todo o roteiro de Justin Theroux conversa entre si, amarra
a trama e os arcos dramáticos presentes. Importante ressaltar que Favreau ainda quis homenagear um arco famoso das histórias em
quadrinhos do herói, chamado O Demônio na
Garrafa, onde Stark enfrenta problemas com a bebida. O texto de Theroux tenta evocar um lado mais
profundo e até sombrio de Tony. Entretanto, o personagem vivido por Downey Jr., desde o longa antecessor,
nos mostra que o sarcasmo, cinismo e humor são as características que melhor
funcionam em tela. Não por uma limitação de atuação de Robert, mas por
elementos do próprio roteiro.
De cena em cena o vemos checar o nível de intoxicação sanguínea, mas eis que mesmo em altas taxas, o personagem não apresenta nenhum efeito colateral a não ser marcas, que como bem diz Rhodes (Don Cheadle), parecem “palavras cruzadas. As consequências se refletem
muito mais no comportamento inconsequente que o personagem passa a ter por
achar que está vivendo seus últimos dias. Em contrapartida, o seu lado mais
charlatão e convencido, quando vem à tona, é divertidíssimo, principalmente
quando este vem em combo com seu narcisismo, o que é quase sempre o que
acontece.
Seguindo ainda a linha sobre a
discussão do poderio bélico e como os EUA reagem em relação a isso, Ivan Vanko
aproveita-se de seu primeiro embate contra o Homem de Ferro para mostrar ao
povo que o herói não é invencível. Fato que, se houvesse um melhor
aproveitamento, poderia gerar um arco dramático muito mais crível e profundo,
mas limita-se a sempre nos mostrar alguma reportagem de televisão falando sobre
como Tony não pode proteger a América etc. É vazio, mas existia grande
potencial. Mesmo Rourke
esforçando-se para entregar um bom vilão, seu background não o ajuda e é um
personagem que facilmente é esquecido, cheio de excentricidades e maneirismos. Apesar de ser até cativante, não se destaca e seu momento final é acompanhado
apenas de um gosto insosso. O núcleo vilanesco ganha destaque quando Justin Hammer (Sam Rockwell) entra em cena. Ele é carismático, divertidamente
desconcertado e infantil. Parece muito mais a vontade no papel que seu colega
de núcleo.
Já as sequências de ação são mais
elaboradas. Há um senso espacial melhor aproveitado e que mostra o maior
potencial das possibilidades do que realizar com os “poderes” das armaduras Mark.
O terceiro ato é explosivo, formulaico da cartilha dos filmes de super-heróis,
mas funciona. Os efeitos especiais são excelentes, rendendo até uma indicação
ao Oscar 2011 na categoria de melhores efeitos. As armaduras têm
textura, brilham e sombreiam de acordo com a iluminação. Há uso de uma câmera,
que, seria no caso, como se fosse presa a armadura, algo que deixa ainda mais
palpável o equipamento.
Por fim, o longa diverte e
empolga com suas cenas de batalha e seus efeitos especiais, ainda que sofra com fraco desenvolvimento de suas discussões e aprofundamentos de arcos dramáticos.
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