Concebido por Stan Lee e Jack Kirby em 1962, o Incrível Hulk
foi inspirado pelo famoso romance de terror O Médico e o Monstro, de 1886,
escrito por Robert Louis Stevenson. É a famosa e já batida história de
personalidades duplas, que a própria Marvel se mostrou especialista, com personagens
como Blade, Fera e Bruce Banner, é claro. Em Hulk, Lee e Kirby criaram um
monstro originalmente cinza e que ficou verde por causa das impressões das
revistas. O intuito: criticar a Guerra Fria, visto que Banner só se tornou o
monstro por causa da exposição a raios gamas de um teste de bomba atômica no
deserto americano.
Já o filme de Louis Leterrier nos mostra um Bruce Banner transformado.
A obra ignora a origem e mantém a história apresentada na subestimada versão de
Ang Lee, lançada em 2003. Apesar disso, o diretor apresenta uma habilidosa
montagem na abertura para lembrar como aconteceu o acidente, que, na releitura,
não tem nada de bomba gama.
Em seguida, acompanhamos Banner escondido em uma favela no
Rio de Janeiro. Fugindo do General Ross e do sádico Emil Blonsky, o cientista,
ao mesmo tempo que tenta encontrar uma cura, faz de tudo para viver uma vida
pacata. Paralelo a isso, o soldado Blonsky, vivido por um Tim Roth comprometido
em seu sadismo usual, aceita receber uma versão do soro do supersoldado (o
mesmo que criou o Capitão América) para transformar-se no Abominável, um monstro
ainda mais feroz que o Hulk.
Em O Incrível Hulk, o diretor nos apresenta exatamente o que
o público espera do personagem: um filme de ação desenfreado e que esquece todo
o drama do primeiro filme. Com um roteiro reduzido a uma longa perseguição de
gato e rato, Edward Norton nos entrega uma performance aceitável em alguns
momentos e piegas em outros. Sua atuação não sai do banal e, apesar de
interpretar um personagem frágil, fica claro que ele não queria estar ali, dado
que não sai da superficialidade.
O mesmo pode ser dito sobre os efeitos visuais que se
mostram extremamente precários, principalmente nas sequências durante o dia,
como aquela que acontece em um campo. Já as batalhas que ocorrem durante a
noite, por outro lado, conseguem enganar a superficialidade dos efeitos, logo
que grande parte das cenas ficam escuras. O primeiro ato, nesse sentido, se
sobressai, uma vez que se concentra nas fugas de Banner enquanto ser humano,
não como monstro. A montagem da perseguição nos telhados da favela, por
exemplo, é um exemplo de como se tornar tudo divertido e compreensível.
O Incrível Hulk não desaponta e se mostra como um filme
bastante eficaz em seu entretenimento. Não é tão profundo ou sagaz quanto o
longa anterior, mas é, certamente, uma obra a ser analisada com carinho, dado
que apresenta inúmeros elementos explorados até hoje no Universo Marvel.
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