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O Incrível Hulk (2008) | Entretenimento palatável

Concebido por Stan Lee e Jack Kirby em 1962, o Incrível Hulk foi inspirado pelo famoso romance de terror O Médico e o Monstro, de 1886, escrito por Robert Louis Stevenson. É a famosa e já batida história de personalidades duplas, que a própria Marvel se mostrou especialista, com personagens como Blade, Fera e Bruce Banner, é claro. Em Hulk, Lee e Kirby criaram um monstro originalmente cinza e que ficou verde por causa das impressões das revistas. O intuito: criticar a Guerra Fria, visto que Banner só se tornou o monstro por causa da exposição a raios gamas de um teste de bomba atômica no deserto americano.

Já o filme de Louis Leterrier nos mostra um Bruce Banner transformado. A obra ignora a origem e mantém a história apresentada na subestimada versão de Ang Lee, lançada em 2003. Apesar disso, o diretor apresenta uma habilidosa montagem na abertura para lembrar como aconteceu o acidente, que, na releitura, não tem nada de bomba gama.

Em seguida, acompanhamos Banner escondido em uma favela no Rio de Janeiro. Fugindo do General Ross e do sádico Emil Blonsky, o cientista, ao mesmo tempo que tenta encontrar uma cura, faz de tudo para viver uma vida pacata. Paralelo a isso, o soldado Blonsky, vivido por um Tim Roth comprometido em seu sadismo usual, aceita receber uma versão do soro do supersoldado (o mesmo que criou o Capitão América) para transformar-se no Abominável, um monstro ainda mais feroz que o Hulk.

Em O Incrível Hulk, o diretor nos apresenta exatamente o que o público espera do personagem: um filme de ação desenfreado e que esquece todo o drama do primeiro filme. Com um roteiro reduzido a uma longa perseguição de gato e rato, Edward Norton nos entrega uma performance aceitável em alguns momentos e piegas em outros. Sua atuação não sai do banal e, apesar de interpretar um personagem frágil, fica claro que ele não queria estar ali, dado que não sai da superficialidade.

O mesmo pode ser dito sobre os efeitos visuais que se mostram extremamente precários, principalmente nas sequências durante o dia, como aquela que acontece em um campo. Já as batalhas que ocorrem durante a noite, por outro lado, conseguem enganar a superficialidade dos efeitos, logo que grande parte das cenas ficam escuras. O primeiro ato, nesse sentido, se sobressai, uma vez que se concentra nas fugas de Banner enquanto ser humano, não como monstro. A montagem da perseguição nos telhados da favela, por exemplo, é um exemplo de como se tornar tudo divertido e compreensível.

O Incrível Hulk não desaponta e se mostra como um filme bastante eficaz em seu entretenimento. Não é tão profundo ou sagaz quanto o longa anterior, mas é, certamente, uma obra a ser analisada com carinho, dado que apresenta inúmeros elementos explorados até hoje no Universo Marvel.


Crítica: O Incrível Hulk (2008)

Entretenimento palatável

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