Pular para o conteúdo principal

Cannes 2019: Os zumbis de Jim Jarmusch chegam sem fôlego

Resultado de imagem para The Dead Don't Die jarmuschDono de uma filmografia recheada de altos e baixos, Jim Jarmusch sempre recebeu uma atenção consideravelmente expressiva. Diretor de obras-primas, como Dead Man e Paterson, e de bobagens, como Flores Partidas e Amantes Eternos, Jarmusch, com 66 anos atualmente, ganhou o estrelato por suas obras irreverentes e que causam desconforto no espectador. Com uma filmografia que aborda inúmeros gêneros, como terror, drama e romance, o diretor norte-americano inesperadamente abriu o 72º Festival de Cannes com o seu novo filme que mistura críticas sociais, humor e um horror com zumbis. 

O diretor, lembrado constantemente por sua veia cômica, tem elementos próprios em todos os filmes, como os comentários sobre depressão, vícios e dores do passado. E além de seus roteiros, que repetem os dramas da sociedade americana, o diretor encontrou aqueles que melhor personificam os seus personagens. Sua parceria constante com Bill Murray, astro do humor, e Adam Driver, ator em descontrolada ascensão, garante uma completa naturalidade, uma vez que Jarmusch já escreve os seus personagens pensando em seus intérpretes.

Cannes 2019: Os zumbis de Jim Jarmusch chegam sem fôlego

"Os Mortos não Morrem" abriu o 72º Festival de Cannes com um balde de água fria


O filme recebeu reações mornas, classificado como decepcionante para muitos dos jornalistas e críticos de cinema que acompanharam a sessão. Confiram abaixo algumas críticas do filme que abriu o Festival na noite de ontem, 14, com um balde de água fria.

"Um cinema pipoca de abstração e vazio, que raia com a calmaria da pacata Centerville apresentada frame por frame, o café, o drive-in, o posto de gasolina, por fim a pequena Delegacia, e a cada lugar, seus personagens, um exaustivo elenco." / Maurício Ribeiro (Spoiler Movies)

"Os Mortos Não Morrem já nasceu antigo – ou alguém realmente acha que a comparação dos zumbis com a dependência moderna de smartphones e redes sociais é algo novo? Pior: a utilização dos mortos-vivos como metáfora do consumismo desenfreado já estava presente (e de forma bem mais eficaz) em um dos filmes-chave do gênero, Despertar dos Mortos, dirigido pelo “pai” dos zumbis modernos, George A. Romero." / Pablo Villaça (Cinema em Cena)

"Como foi dito, não é ruim. É Jim Jarmusch puro, simples e direto, conservando suas características próprias de traduzir complexidades existencialistas em pop adequações modernistas. Em que conversas são mais importantes que ações propriamente ditas. Que a análise respeitosa do humano vence da crítica destrutiva em moldar imagens-projeções do ouro que se enxerga como espelho distante." / Fabrício Duque (Vertentes do Cinema)

"Todo seu empenho em celebrar o gênero esbarra em seus próprios vícios, em sua linha cool (que não casa com o universo varejão que George Romero esculpiu) e na profundidade de pires de seus personagens. Os recursos de metalinguagem e de quebra de quarta parede degringolam a narrativa ainda mais." / Rodrigo Fonseca

" O diretor toma a metáfora da invasão zumbi, que no cinema já serviu de alegoria para males que vão do terrorismo à doença, para dar a ela o seu significado mais óbvio. E para dizer que os mais preparados para contê-la serão os que forem mais desprendidos da sanha consumista." / Guilherme Genestreti (Folha de S. Paulo)

"As piadas juvenis são bastante supérfluas. Em vez de soar como pequenos atos de contrição lembrando que estamos no cinema, Jarmusch parece querer evitar a reprovação de ser um profeta do infortúnio. Se acabarmos destruindo nosso mundo nos próximos anos, não será culpa dele." / Thomas Sotinel (Le Monde)

"Às vezes, a impassibilidade de Murray e Driver torna-se, bem, um pouco enfraquecedora, e a sagacidade verdadeira é escassa, embora o filme continue sendo divertido na maior parte do caminho. Tipicamente, para Jarmusch, as músicas, lideradas pela música-título, e as partituras são excelentes, animando quase todas as cenas." / Todd McCarthy (The Hollywood Repórter)

"Por um lado, The Dead Don't Die parece uma brincadeira - uma desculpa para o autor icônico reunir alguns de seus jogadores de repertório favoritos para um riff divertido e discreto no filme sobre zumbis. O filme não tem escrúpulos sobre ser bizarro ou auto-referencial - os personagens reconhecem que eles estão dentro de um filme de Jim Jarmusch - e isso a qualidade é igualmente cativante e desconcertante, dependendo da eficácia da próxima piada." / Tim Grierson (ScreenDaily)


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Leonard Nimoy, eterno Spock, morre aos 83 anos

A magia que um personagem nos passa, quando sincera, é algo admirável. Principalmente quando o ator fica anos trabalhando com a mesma figura, cuidando com carinho e respeitando os fãs que tanto o amam também. E, assim foi Leonard Nimoy . O senhor Spock de Jornada nas Estrelas , que faleceu ontem (27/02) por causa de uma doença pulmonar, aos 83 anos. O ator, diretor, escritor, fotógrafo e músico deixou um legado imenso para nós. E isso é algo que ele sempre tratou com muita paixão: a arte. A arte de poder fazer mais arte. E com um primor de ser uma boa pessoa e querida por milhares. E por fim, a vida atrapalhou tal arte. Não o eternizou como o seu personagem. Mas apenas na vida, pois no coração e na memória de todos, o querido Nimoy vai permanecer perpétuo nessa jornada. Um adeus e um obrigado, senhor Leonard Nimoy, de Vulcano. Comece agora, sua nova vida longa e próspera, onde quer que esteja.

Mad Max (1979) | O cinema australiano servindo de influência

Para uma década em que blockbusters precisavam ter muitos efeitos visuais e grandes atros do momento, como em Alien - O Oitavo Passagéiro , Star Wars , Star Trek  etc, George Miller teve sorte e um roteiro preciso ao provar que pode se fazer filme com pouco dinheiro e com um elenco de loucos.   Mad Max , de 1979, filme australiano com uma pegada  exploitation,  western e de filmes B, mas que conseguiu ser a estrada para muitos filmes de ação de Hollywood atualmente.   Miller, dirigiu, escreveu e conseguiu com um orçamento de 400 mil filmar um dos mais rentáveis do planeta. O custo do filme foi curto e assim, tudo foi pensado no roteiro e nos diálogos que o filme ia exibir. Como os textos sobre o futuro, humanidade e seu fim, e o Max do título. O filme é rodado com o Mel Gibson sendo o centro. Seus diálogos curtos demonstram o homem da época, e com uma apologia ao homem do futuro. Uma pessoa deformada pelas perdas e com a vontade de ter aquilo que não pode ter, e que resulta no

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (2014) | Peter Jackson cumpre o que prometeu

    Não vamos negar que a trilogia O Hobbit possui grandes problemas. O que é uma pena, já que a trilogia anterior ( O Senhor dos Anéis ) não tem falha alguma. Contudo, o que tinha de errado em Uma Jornada Inesperada e Desolação de Smaug , o diretor Peter Jackson desfaz nessa última parte. O que é ótimo para os espectadores e crível para os adoradores da saga da terra-média de longa data.     O filme apresenta problemas diversos, por exemplo, um clímax logo na primeira cena (se é que você me entende) e um personagem que não consegue momento algum ser engraçado. Falhas como essas prejudicam o filme como todo. O roteiro, por ser o mais curto dos três, precisava de mais tempo em tela, e dessa forma, cenas e personagens sem carisma são usados repetidas vezes e com uma insistência sem ter porquês. Mas, em contra partida, O Hobbit e a Batalha dos Cinco Exércitos consegue ser mais direto, objetivo e simples que seus antecessores, que são longos e cheios de casos como citei. E o real mo