Cemitério Maldito, segundo filme baseado no livro de Stephen King, conta a história de Louis Creed, que se muda de Boston para o Maine com a sua esposa, seus dois filhos, interpretados brilhantemente por Jeté Laurence e Hugo Lavoie, e o gato Church. O intuito: construir uma vida mais tranquila para todos eles. Diferente da versão de 1989 dirigida por Mary Lambert, o novo longa tem um tom mais sombrio e menos sanguinolento, apesar do humor sádico que se encontra no meio do caminho.
O filme, logo de cara, brinca com os perigos e possibilidades de gerar a
vida após a morte, algo que Mary Shelley já tinha escrito sabiamente há 100
anos em Frankenstein. Com influências claras, King
escreveu o livro para divagar sobre a morte e barreiras que
não deveriam ser ultrapassadas. Apesar disso, o filme não se torna pedante. Ele é
esperto o suficiente para criar horror e só depois discutir os erros do egoísmo do homem perante a ordem natural das coisas.
No intuito de homenagear as obras de horror dos anos 1980, Cemitério Maldito
ainda consegue manter uma energia nostálgica, visto que a floresta do cemitério, por
exemplo, tem fumaça, som de animais e um design assustador em suas árvores, quase como se fosse
a mesma ambientação do Evil Dead original. Dirigido por Kevin Kölsch e Dennis
Widmyer, a obra também desenvolve a importância de superar traumas do passado,
sendo ainda atual sobre questões de estresse pós-traumático e opressão no casamento, algo
que pode servir de discurso e válvula de escape contra as decisões arrogantes dos homens no matrimônio.
E as principais vítimas, obviamente, são as mulheres do filme. Laurence, que interpreta Ellie Creed, nesse caso, surge com uma interpretação destruidora e que funciona tão bem que assusta até mesmo
em cenas consideravelmente bobas, como aquela em que ela dança balé no meio da
sala. Já Amy Seimetz como Rachel, a mãe da família, se mostra como a parceira que o
homem não escuta os conselhos. Ela é recusada constantemente, o que, apenas no seu olhar diante das decisões do marido, consegue gerar pena.
Se mostrando eficaz em sua mixagem de som, que assusta com barulho de raios e dos animais, e com uma fotografia escura, que simula frio constantemente, Cemitério
Maldito ainda consegue fazer aquilo que é regra nos filmes de terror: assustar.
A última cena, por exemplo, tem o corte perfeito para os créditos finais. E a
imaginação complementa o que normalmente seria mostrado. Um trabalho eficaz e
surpreendentemente imprevisível paro gênero neste momento.
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