X-Men: Fênix Negra: Neymar, machismo e o gênero de super-herói
CRÍTICA
Apesar da trama toscamente previsível e cheia de inconsistências,
como as viradas de lado, Fênix Negra
é esperto em enfatizar os problemas de um gênero dominado por homens. Praticamente ele diz: todos
os homens são estúpidos. Todos! Hank/Fera, com o ego ferido, se entrega a
bebida, Erik/Magneto, com uma sede involuntária de vingança, ataca a personagem
de Chastain com dezenas de metralhadoras, impulso de preservação da ordem
masculina do mundo, enquanto que Scott/Ciclope, que sempre foi o maior gado do
gênero, joga na cara algumas promessas que a sua ex-namorada fez. “Você jurou
que voltaria para mim”. Sério, Scott?.
E por último temos Charles, personagem central da família X-Men. Ao contrário de uma homenagem ao herói, Kimberg o problematiza,
tornando-o em um homem que enche o peito e grita para todos que tem um senso de
merecimento maior que os demais. Seu ego em cenas pontuais acaba incomodando, uma vez que nos filmes anteriores ele tinha uma consistência
pré-estabelecida para, de repente, se tornar a figura patriarca e centralizadora
da paz mundial. É uma virada de personagem arriscada, ainda que interessante pelo ponto de vista narrativo, que faz total sentido.
Felizmente, os conceitos aplicados funcionam. Existe um machismo presente que, em tempos de acusações contra o Neymar (figura que serve de herói para milhares de crianças), torna Fênix Negra ainda mais relevante e necessário, dado que está pronto para discutir pautas esquecidas no gênero. X-Men, nesse sentido, entra para desbancar toda estética masculina tão presente nos filmes anteriores.
Uma pena, no entanto, que todo resto seja apressado. As cenas de
ação são absurdamente curtas, a música de Hans Zimmer é esquecível e a
fotografia/3D escura. Mas blá blá blá. O que importa é o contexto social
que, sim, é muito maior que o filme. E esse é o mérito dele, independente de
qualidades e defeitos.
E o longa não está errado: todos os homens são estúpidos, sim. Nossa mutação é essa.
E o longa não está errado: todos os homens são estúpidos, sim. Nossa mutação é essa.
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