Ari Aster rapidamente se tornou um dos nomes mais populares do terror contemporâneo. Sendo reconhecido em sua estreia com Hereditário, o diretor retorna, após um ano, para evoluir a sua técnica como contador de histórias e para emocionar e espantar as expectativas de seu público. A diferença, nesse caso, é sua evolução.
Midsommar - O mal não espera a noite: Eclipse Oculto
CRÍTICA
Na jornada, Dani se encontra sozinha após um incidente tirar a vida de toda a sua família. Procurando apoio em seu namorado Christian, a moça logo se vê em uma depressão absurdamente sincera. Florence Pugh entra nessa como uma canalizadora de dores que logo de cara emociona quem a confere. Seus diálogos e risadas são autênticas, mas é no choro e desespero que ela se destaca, colocando Toni Collette, protagonista de Hereditário, em segundo plano.
Quando Pelle, colega sueco do casal, convida os amigos para uma celebração de verão na aldeia em que cresceu, a jovem percebe que a viagem pode ser, finalmente, uma oportunidade de esquecer por alguns dias os problemas e o luto que estão a sua volta. Quando são recebidos pelos habitantes, o grupo (e o público) saca que algo não está certo com aquele lugar.
Mesmo que a história já seja batida em inúmeros filmes de horror, Aster sabe como contar uma história. Midsommar enfatiza muitos detalhes que claramente tiveram um estudo prévio. Os figurinos, as músicas e as pinturas ajudam a narrar a jornada de sobrevivência do grupo, sendo referência clara ao clássico cult O Homem de Palha, que ganha longas homenagens durante toda projeção.
No entanto, o que melhor se sai é o casal principal, que consegue apresentar uma longa e madura aventura sobre um término de relacionamento. Os dramas, as mentiras, inseguranças e trocas de amor funcionam, mesmo que o desconforto ganhe forças do meio pro fim. A dupla funciona como o coração do terror, logo que facilmente torcemos e deixamos de torcer por todos eles de um minuto para o outro. É uma viagem ao caos que vai ganhando contornos de O Bebê de Rosemary, O Massacre da Serra Elétrica e (500) dias com ela. É um drama romântico com terror como recheio. É brilhante.
Apesar do drama, o horror folk também te suga, consequentemente, pela violência presente. Mesmo que demore a acontecer, o diretor substitui os momentos de longos diálogos por uma série inusitada de barbárie, sendo difícil não virar o rosto em duas cenas.
Mas toda bizarrice tem proposito, até mesmo as cenas que misturam desconforto e humor. A sequência do sexo, por exemplo, é longa, incômoda e grotesca. Do nada, o público se pega surpreso com o tipo de comédia que o diretor cria, logo quando as moças começam a cantar, criando um ambiente quente e amoroso, ainda que assustador, remetendo diretamente ao O Homem de Palha, quando as moças cantavam sobre sexo, um dos pilares do horror de todas as eras do gênero.
Midsommar é um filme esteticamente belo, com uma pegada O Mágico de Oz, onde tudo é colorido e tenso. Mesmo com piadas, cores e com um elenco carismático, a sensação que o diretor passa é de tensão. E quando ele corresponde com a brutalidade, facilmente a inquietação cresce a cada minuto, amarrando a histeria barulhenta, crítica e dramática.
É um filme sobre términos. O riso e o choque parecem enganar o público, mas o drama da dor e da superação está lá de bandeja para nós. No meio do caminho, nos surpreendemos com algumas cenas de horror, algo que, no fim das contas, é a mesma coisa que um amor em ruínas.
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