Pular para o conteúdo principal

Aves de Rapina: há vida pós-Esquadrão Suicida

Se podemos destacar algum ponto positivo da colcha de retalhos que foi o longa Esquadrão Suicida de David Ayer, foi sem dúvida a presença da louca, perigosa e carismática Arlequina ou Harley Quinn (Margot Robbie). A personagem virou um sucesso instantâneo com o público nerd e passou a ser um forte ícone da cultura pop.

Aves de Rapina: há vida pós-Esquadrão Suicida

Apesar do título, está claro que essa história é muito mais Arlequina que Aves de Rapina


Margot Robbie se afeiçoou à Arlequina, e querendo vivê-la mais uma vez em tela tratou de unir forças para produzir um novo longa, porém com uma abordagem diferente para a personagem. Agora como protagonista, ela queria se desvencilhar da imagem de dependência doentia que tinha com o Coringa, e sua busca agora é por liberdade e, juntamente com um grupo de personagens femininos da DC Comics, criar um grande filme Girl Power. Assim nasceu Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa.

A história começa quando Arlequina e Coringa terminam o seu relacionamento. Livre e sozinha ela passa a ser alvo das pessoas que um dia ela fez mal, e dentre essas pessoas está o perigoso Roman Sionis (Ewan McGregor), também conhecido como Máscara Negra, um perigoso gangster de Gotham que busca aumentar seu império e para isso precisa encontrar um diamante que é a chave da fortuna de uma antiga família de Gotham. 

O vilão está direta e indiretamente ligado às demais protagonistas do longa: A detetive Renne Montoya (Rosie Perez), a pequena ladra Cassandra Cain (Ella Jay Basco), a cantora Dinah Lance (Jurnee Smollett-Bell) também conhecida como Canário Negro, e a assassina Helena Bertinellim conhecida como A Caçadora (Mary Elizabeth Winstead).

Apesar de Aves de Rapina ser o primeiro nome do longa, desde princípio fica claro que o filme é mais do que nunca uma história sob o ponto de vista da Arlequina. Com muito humor, ela narra a história usando constantemente flashbacks para amarrar as linhas narrativas das principais personagens com a dela, o que cadencia um pouco o enredo no primeiro ato. Contudo, o que pode ser visto em comum em todas essas personagens é o desejo de emancipação, seja sair de um relacionamento tóxico, combater o machismo no trabalho, se desvincular de uma família problemática ou superar um passado terrível. Todas tem o desejo de serem reconhecidas pelos seus atos e a união para resolver o conflito principal vem de forma natural.

Mas o grande mérito do longa é o entretenimento, o filme é como um parque de diversões (não estou aqui para comparar com filmes da Marvel ou se é ou não é cinema de acordo com Scorsese). A diretora Cathy Yan conduz a narrativa em ritmo frenético, com inúmeras cenas de ações com uma violência forte e pesada, porém envolto de um tom cartunesco. 

Estamos em uma Gotham mais colorida e exagerada. As paletas de cores e o humor do longa seguem a linha da personalidade da Arlequina com bastante sarcasmo e piadas que as vezes passam do tom. A atuação de Ewan McGregor como Máscara Negra está sempre em overacting, o que se equilibra com a personagem principal e contrasta com as demais protagonistas que encaram aquele mundo de uma forma um pouco mais séria. O terceiro ato é um entretenimento puro. A uma verdadeira química com as cincos personagens que juntas formam uma grande equipe com momentos hilários.

No geral, Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa cumpre o seu papel de entreter muito mais do Esquadrão Suicida, sendo de longe um dos melhores acertos da Warner/DC.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Leonard Nimoy, eterno Spock, morre aos 83 anos

A magia que um personagem nos passa, quando sincera, é algo admirável. Principalmente quando o ator fica anos trabalhando com a mesma figura, cuidando com carinho e respeitando os fãs que tanto o amam também. E, assim foi Leonard Nimoy . O senhor Spock de Jornada nas Estrelas , que faleceu ontem (27/02) por causa de uma doença pulmonar, aos 83 anos. O ator, diretor, escritor, fotógrafo e músico deixou um legado imenso para nós. E isso é algo que ele sempre tratou com muita paixão: a arte. A arte de poder fazer mais arte. E com um primor de ser uma boa pessoa e querida por milhares. E por fim, a vida atrapalhou tal arte. Não o eternizou como o seu personagem. Mas apenas na vida, pois no coração e na memória de todos, o querido Nimoy vai permanecer perpétuo nessa jornada. Um adeus e um obrigado, senhor Leonard Nimoy, de Vulcano. Comece agora, sua nova vida longa e próspera, onde quer que esteja.

Mad Max (1979) | O cinema australiano servindo de influência

Para uma década em que blockbusters precisavam ter muitos efeitos visuais e grandes atros do momento, como em Alien - O Oitavo Passagéiro , Star Wars , Star Trek  etc, George Miller teve sorte e um roteiro preciso ao provar que pode se fazer filme com pouco dinheiro e com um elenco de loucos.   Mad Max , de 1979, filme australiano com uma pegada  exploitation,  western e de filmes B, mas que conseguiu ser a estrada para muitos filmes de ação de Hollywood atualmente.   Miller, dirigiu, escreveu e conseguiu com um orçamento de 400 mil filmar um dos mais rentáveis do planeta. O custo do filme foi curto e assim, tudo foi pensado no roteiro e nos diálogos que o filme ia exibir. Como os textos sobre o futuro, humanidade e seu fim, e o Max do título. O filme é rodado com o Mel Gibson sendo o centro. Seus diálogos curtos demonstram o homem da época, e com uma apologia ao homem do futuro. Uma pessoa deformada pelas perdas e com a vontade de ter aquilo que não pode ter, e que resulta no

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (2014) | Peter Jackson cumpre o que prometeu

    Não vamos negar que a trilogia O Hobbit possui grandes problemas. O que é uma pena, já que a trilogia anterior ( O Senhor dos Anéis ) não tem falha alguma. Contudo, o que tinha de errado em Uma Jornada Inesperada e Desolação de Smaug , o diretor Peter Jackson desfaz nessa última parte. O que é ótimo para os espectadores e crível para os adoradores da saga da terra-média de longa data.     O filme apresenta problemas diversos, por exemplo, um clímax logo na primeira cena (se é que você me entende) e um personagem que não consegue momento algum ser engraçado. Falhas como essas prejudicam o filme como todo. O roteiro, por ser o mais curto dos três, precisava de mais tempo em tela, e dessa forma, cenas e personagens sem carisma são usados repetidas vezes e com uma insistência sem ter porquês. Mas, em contra partida, O Hobbit e a Batalha dos Cinco Exércitos consegue ser mais direto, objetivo e simples que seus antecessores, que são longos e cheios de casos como citei. E o real mo