Depois de uma estréia tímida na Europa e Estados Unidos, a Aardman, estúdio responsável por clássicos contemporâneos, como A Fuga das Galinhas e Wallace e Gromit: A Batalha dos Vegetais, se viu em uma situação de risco. Shaun, O Carneiro, apesar do sucesso de crítica em 2016, não tinha garantia que sustentasse o público do segundo filme, lançado no fim de 2019. Restou, então, engatar o filme nas estreias da Netflix, como aconteceu em março último.
E não podia ser diferente: o filme tem o espírito do serviço de streaming. Com personagens infantis e história simples, a jornada dessa vez se concentra no grupo de carneiros do primeiro filme fazendo o possível e impossível para que um alien retorne ao seu lar. É como se fosse um episódio de TV. Não existe risco na trama, os personagens eventualmente se misturam em suas tramas paralelas e o fim não engata uma terceira parte, por mais provável que seja a sua possível existência.
Shaun, o Carneiro - O Filme - A Fazenda Contra-Ataca: Star Aardman
CRÍTICA
Mas isso não tira o mérito do filme, que, dessa vez, é concentrado no público infantil. Apesar das inúmeras referências ao gênero de ficção científica, com várias homenagens ao Spielberg, é notório que os heróis animados são mais inocentes que no filme anterior. Eles são gentis, empáticos e altruístas o suficiente para uma criança se deliciar. É inofensivo, mesmo que doutrine os pequenos nas aventuras grotescas do diretor já citado.
A Fazenda Contra-Ataca não pode ser esquecido na Netflix como foi dentro dos cinemas. O estúdio nitidamente apaixonado pelas animações de Ray Harryhausen, profissional da área de stop-motion, é uma pérola animada escondida. Cheio de gags e piadas sem o uso do diálogo, a Aardman, mais uma vez, educa o seu público infantil (e adulto, por que não?) ao uso da comédia inteligente e que não ofende.
Me corrijam se eu estiver errado, mas quem era tão perfeito em criar sequências de humor sem diálogos como Rowan Atkinson em Mr. Bean? Pois então: o nível aqui é o mesmo.
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