Não é pra todo mundo. Fato. Mas para qualquer fã de filmes de terror, O Massacre da Serra Elétrica original é quase como um obra de arte irretocável, sendo como um dos mais impactantes filmes de horror já feito na história da linguagem. Lançado em 1974 por Tobe Hooper ainda em início de carreira, a obra não apenas marcou a época como também serviu de ponto de partida para uma nova fase do horror no cinema, decolando em níveis além daqueles imaginados por Alfred Hitchcock e Roman Polanski.
A história aqui, baseada na vida do psicopata real Ed Gein, o assassino cuja carnificina já havia ganhado as telas do cinema através do personagem de Norman Bates em Psicose, desenvolve um grupo perseguido incansavelmente por Leatherface, antagonista cuja máscara é um dos objetos mais reconhecíveis da história do cinema: você pode até não ter visto o filme, mas sabe que ele usa a pele de suas vítimas para esconder o seu rosto.
O Massacre da Serra Elétrica: Salve-se quem puder
CRÍTICA
Contudo, não é a história que nos chama atenção.
Apesar de bastante tensa, Hooper pontua aqui que o caos vale mais que o contexto. Com um orçamento baixíssimo, o filme, com pouco mais de 80 minutos, é um banho de criatividade. Logo de cara temos todo o cenário, que, apesar de ser concentrado grande parte do tempo em uma única casa, é apresentada pelo diretor de forma crua, gráfica e chocante, atiçando a mente de vários espectadores para as mais diversas reações e interpretações da obra.
O que garante, felizmente, pano pra manga para quem entende o filme como uma sátira ao governo dos Estados Unidos, que tem um perigo mascarado realizando atitudes inimagináveis tanto abertamente quanto às escondidas. É um reflexo daquele período que tinha como um lado moderno o seu lado medonho. Durante toda obra, o diretor e seu roteiro exploram e desenvolvem dentro de nós uma visão muito particular e reconhecível da sociedade americana, que tem em sua violência oculta e, principalmente nesse caso, o modo como a mulher se torna alvo favorito desse tipo de atitude, um tipo de prazer sádico a ser compartilhado.
Com uma trilha sonora intrigante, Hooper ainda procurou alternar cenas de horror psicológico, gore e de tortura criando um ambiente visual dinâmico adicionando, como complemento, sons do ambiente, tornando tudo aquilo mais real, quase como se fosse um documentário. São poucos os momentos em que ouvimos a música creep dos filmes de terror. No entanto, quando ela aparece, o diretor faz um serviço de contexto macabro para então dar lugar ao som infernal e assustador da motosserra (não é uma serra elétrica, como diz o título brasileiro).
Tudo isso para garantir vida ao universo sinistro que conhecemos. Mas não é uma visão particular de filme de terror. É uma visão de mundo mesmo. Basta entrar no Google para entender que a obra não é tão fantasiosa assim. Infelizmente.
Confira o podcast sobre o filme: Quarto Ato 1 - O Massacre da Serra Elétrica
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